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COP28: CNI aponta caminhos para descarbonização da indústria no Brasil

Estudo da confederação estima que, até 2050, setor terá de investir cerca de R$ 40 bilhões para descarbonizar processos produtivos

CNI / Divulgação
Fotografia colorida de um painel da CNI na COP28
1 de 1 Fotografia colorida de um painel da CNI na COP28 - Foto: CNI / Divulgação

atualizado

O Brasil tem potencial para ser protagonista mundial nos esforços para descarbonizar a economia e consolidar uma economia verde. A indústria tem feito sua parte, mas o caminho para a neutralidade climática exige investimentos em tecnologia, inovação e financiamento para que as empresas consigam ajudar o país a atingir a meta de redução de 53% de suas emissões até 2030, compromisso brasileiro pactuado no Acordo de Paris.

Para apontar caminhos e estratégias para o setor industrial, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou o documento “Oportunidades e riscos da descarbonização da indústria brasileira – roteiro para uma estratégia nacional” na Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O estudo foi divulgado no estande montado pela entidade, que recebeu uma delegação de mais de 100 especialistas, empresários e representantes da indústria e do governo em debates e palestras sobre a agenda verde.

As gravações estão disponíveis no canal do YouTube da CNI. 

De acordo com o estudo, serão necessários investimentos de cerca de R$ 40 bilhões para que os setores com maior consumo de energia alcancem a neutralidade climática em 2050. O custo de cerca de R$ 40 bilhões foi obtido a partir da revisão de estudos feitos nos últimos anos no Brasil e a partir de consultas a especialistas de cada segmento industrial.

A CNI, no entanto, ressalta que alguns setores não consideraram no cálculo os valores de investimentos indiretos para aumentar a oferta de energia renovável e alternativas, como portos, estradas e telecomunicações. Assim, o valor de R$ 40 bilhões poderá ser ainda maior.

“A despeito de contar com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com mais de 80% de fontes renováveis, o Brasil já se encontra na vanguarda da transição energética, com elevada participação de fontes renováveis na matriz energética e segue em uma trajetória sustentável, ampliando e diversificando, cada vez mais, o uso dessas fontes limpas e renováveis”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban. 

“O Brasil tem muito a contribuir para a mitigação das mudanças climáticas do planeta, que são uma realidade no mundo atual e têm exigido cada vez mais capacidade adaptativa da indústria e ações coordenadas e multidisciplinares dos governos. E a indústria brasileira já é parte da solução quando o assunto é sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas.”

Ricardo Alban, presidente da CNI

Ao destacar o potencial da indústria brasileira na agenda climática, Ricardo Cavalcante, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, apontou que o país não pode deixar os projetos e investimentos em energia limpa de lado. “É uma corrida que a gente não pode perder. A gente tem o mais importante: o sol e o vento. Tudo isso, nós temos que agregar valor nas indústrias”, defendeu em debate no estande da CNI na COP28.

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Proposta da CNI

A CNI também elaborou um documento com seu posicionamento em relação às negociações na COP28. Entre os pontos destacados estão o financiamento climático, algumas estratégias para implementação da NDC brasileira e a regulamentação do mercado global de carbono. Essas propostas fazem parte do documento Visão da Indústria.

“As janelas de oportunidade que se abrem para o Brasil com o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono, da energia eólica offshore e dos biocombustíveis, além do empenho do governo federal com a redução do desmatamento, nos colocam de volta no protagonismo das discussões de sustentabilidade.”

Ricardo Alban, presidente da CNI

Os benefícios dos esforços para combater as mudanças climáticas se traduzirão em atração de investimentos, novas plantas industriais e criação de empregos no país. E essa oportunidade não pode ser deixada de lado, como observou, no estande da CNI, o secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Rodrigo Rollemberg, que parabenizou a Confederação pelo documento.

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COP28

O debate da CNI na COP28 se torna ainda mais importante por conta das consequências do aquecimento global e seus efeitos, como o aumento do nível dos oceanos, a alteração dos regimes das chuvas, inundações, a redução da biodiversidade, entre outras.

Outro ponto que demonstra essa urgência é que a Terra já aqueceu cerca de 1,1 °C acima dos níveis pré-industriais, de acordo com o 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). E pode aquecer, em média, 2,7 °C até a virada do século, a depender do avanço das medidas de combate às mudanças climáticas. Reverter esse cenário não é uma ação simples e requer esforços de todos os setores e países. 

Para amparar a construção das estratégias de adaptação dos países, conforme as metas do Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas, na COP28 será apresentado o primeiro Balanço Global (Global Stocktake – GST), que avaliará e divulgará o progresso coletivo das partes em relação ao cumprimento dos objetivos e das metas de longo prazo estabelecidas no Acordo de Paris. 

Além disso, o GST será um parâmetro para a tomada de decisões e investimentos econômicos. 

No Brasil, a chamada contribuição nacional determinada (NDC, na sigla em inglês) prevê a redução em 48% das emissões até 2025 e em 53% até 2050, em comparação com os níveis de 2005. Mas, o índice brasileiro carece de detalhes específicos e medidas concretas para esclarecer como a meta será efetivamente alcançada, assim como quais setores ou segmentos serão priorizados.

Como solução, a CNI destaca a importância de uma comunicação transparente e estratégica do seu compromisso de descarbonização por parte do governo. “A definição de uma estratégia de implementação da NDC é fundamental para viabilizar essa avaliação e garantir que esse monitoramento seja transparente”, explica o presidente da CNI.

Sustentabilidade e indústria 

Seguindo os compromissos do Acordo de Paris, o estudo da CNI  sobre oportunidades e desafios da descarbonização mostra que a maior parte dos segmentos industriais tem potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Como por exemplo os setores de cimento e siderurgia, que podem diminuir 499 milhões de toneladas de CO2 até 2050 com investimentos em energia limpa. 

“A nossa indústria, principalmente aquela intensiva em uso de energia, como a do cimento, por exemplo, já fez esse dever de casa e temos muito para compartilhar com o mundo. As emissões de gases de efeito estufa dos fabricantes de cimento instalados no país são 10% menores do que a média mundial”, ressalta o presidente da CNI, Ricardo Alban. 

Levando em consideração as particularidades de cada área industrial, a CNI listou opções tecnológicas de controle e eficiência para cinco setores.

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira de Oliveira, definiu o documento da CNI como uma “bússola muito valiosa” para a descarbonização da indústria. “[Nós, integrantes do governo federal] contamos com o apoio da CNI, em 2024, para estreitar o diálogo político que será estruturado junto ao trabalho de transição energética do G20 [grupo de lideranças das 20 maiores economias mundiais] e com as discussões do B20 [grupo empresarial do G20], coordenadas pela CNI.” 

Desafio

Contudo, o principal desafio da descarbonização da economia é o elevado custo de capital no país, combinado com o chamado “Custo Brasil”, que torna os investimentos em novas tecnologias e processos de produção mais limpos especialmente elevados.

“Estamos diante de desafios significativos, mas também de oportunidades extraordinárias para moldar um amanhã mais sustentável, justo e inclusivo.”

Alexandre Silveira de Oliveira, ministro de Minas e Energia

“Precisamos batalhar para ampliar e agilizar o acesso a recursos concessionais – com custos bem baixos – para a transição energética”, ponderou Thiago Barral, secretário nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia. Ou seja, são necessárias estratégias para diminuir o custo e aumentar a competitividade.

Conheça o Indústria Verde

O projeto Indústria Verde, da CNI, mostra casos de sucesso da indústria brasileira na busca pela sustentabilidade e pela descarbonização do setor.

Todos esses exemplos que comprovam que a indústria brasileira já é protagonista em soluções sustentáveis podem ser conferidos no site bilíngue (inglês e português).

CNI

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