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Seis sinais de que o perfeccionismo atrapalha a aprovação em concursos

Excesso de autocobrança e atitudes de isolamento afetam a saúde mental e prejudicam quem se prepara para seleções públicas

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1 de 1 mulher óculos desconfiança - Foto: iStock

A competitividade e a alta exigência dos processos seletivos para as carreiras públicas provocam um efeito colateral que pode ser desastroso aos concurseiros: o excesso de autocobrança. Criar um patamar exacerbado de excelência e de perfeccionismo tem levado os candidatos a um estado propício à depressão, às crises de ansiedade e de pânico, além de problemas físicos.

O perfil do estudante sem qualidade de vida e isolado socialmente é considerado comum, mas está longe de ter a chancela de normalidade. A maioria não admite que algo está errado, por considerar que não está “fazendo mais do que a obrigação”; outros entendem que “é assim mesmo” e não veem qualquer necessidade de mudança.

Alguns indícios precisam ser observados tendo em vista que, ao tomar posse, os novos servidores terão consigo essa bagagem altamente negativa para as funções de trabalho. Perdem os profissionais, perde a administração pública, que tem tido custos cada vez maiores com os afastamentos e tratamentos provocados por transtornos relacionados à saúde mental do quadro de funcionários.

Sejam juntos ou em separado, os sinais são um alerta de que é chegada a hora de pedir ajuda. Confira a seguir a lista dos mais comuns preparada pela coluna Vaga Garantida.

1 – Estado constante de estresse

É muito disseminado no universo dos concursos públicos que o sacrifício a qualquer custo é item necessário para a aprovação, tal qual se estivesse descrito como ponto do conteúdo programático. A crença é reforçada na fala de professores e de especialistas, além do depoimento de outros estudantes que reforçam a máxima.

Por isso, abrir mão de atividades físicas e de lazer e se manter isolado até a aprovação se tornou regra. Longe do convívio social da família e dos amigos, o concurseiro tende a reduzir a percepção positiva de si mesmo e se fecha no desgastante trabalho de aprender os conteúdos necessários para ter uma boa nota na prova. Sem válvulas de escape e sem opções de extravasar emoções.

Em situações mais graves, o candidato tem distúrbios do sono, de alimentação, perde ou ganha muito peso em pouco tempo, mantém-se irritadiço e mal-humorado. Pacote completo para ter dificuldades de aprendizado.

2 – Aversão ao erro

Se está abrindo mão de tantas coisas importantes em sua vida, o concurseiro não se permite errar e considera que nunca é bom o suficiente. Torna-se necessário sempre estudar mais horas, acertar mais questões, assistir a mais aulas, sem levar em consideração o treinamento cognitivo para que o esforço seja transformado em realidade.

Há uma insistente apreensão de que falta algo que exige um pouco mais de energia e empenho. É preciso ser perfeito. O certo, o esperado, é fazer cada vez mais, com metas audaciosas, muito além do que se é possível cumprir, por exemplo. Diante do fracasso, o erro e a incompetência estão no candidato, não no equívoco da escolha do plano de ação.

3 – Dificuldade de pedir ou aceitar ajuda

Apesar do exagero, o concurseiro está convicto da sua escolha e entende que é o único caminho e que nada – nem ninguém – sabe melhor do que ele o que fazer. Portanto, conselhos, recomendações e ponderações não são bem-vindos. Pelo contrário, a necessidade de aceitação e aprovação aumenta ainda mais quando se abre mão do trabalho ou de outras atividades produtivas para estudar.

Qualquer sinal de autocompaixão é tido como fraqueza, como falta de empenho ou de motivação. É tudo ou nada! Isso dificulta a percepção clara dos possíveis prejuízos à própria saúde mental e, por consequência, a noção de se buscar ajuda, seja de amigos, parentes ou de profissionais especializados. Quando ocorre, é por uma situação igualmente fora de proporção.

4 – Falta de reconhecimento dos méritos

Só há um mérito capaz de satisfazer o candidato perfeccionista: o nome na lista dos futuros empossados. Em alguns casos, o objetivo só é atingido se estiver nas primeiras colocações. Estabelecer recompensas menores e comemorar pequenas conquistas cotidianas se torna uma grande bobagem – e não um possível mecanismo incentivador durante a jornada, como é indicado.

Deixar de valorizar cada passo dado é como trabalhar um ano inteiro sem salário e sem saber quando ele virá. Um excelente impulsionador de frustração e, nesses casos, de mais cobrança pessoal.

5 – Procrastinação frequente de atividades

Paradoxalmente, o concurseiro perfeccionista adia a conclusão de tarefas por estar em busca do melhor jeito de realizá-las. Um bom exemplo é a resolução de questões, por considerar que só é possível treinar os conteúdos tal qual aparecem nas provas se já tiver estudado uma grande quantidade do edital. Quando se dão conta da escolha equivocada, podem se desesperar ao perceberem que há pouco tempo hábil para o treino.

6 – Crises ansiosas

Crises ansiosas são recorrentes entre pessoas que se cobram muito. As inseguranças e a grande expectativa depositada em cada dia da preparação provocam um acúmulo de tensão capaz de explodir nos piores momentos.

Sinais físicos de taquicardia, respiração profunda, tremores, sensação de fraqueza, náuseas, mãos e pés frios ou suados – apenas para citar alguns – durante os estudos, às vésperas ou no dia da prova demonstram que emocionalmente não há um equilíbrio.

Aos poucos os candidatos têm tomado consciência de que o caminho do aprendizado – e da aprovação – está na contramão da negação de si mesmo e das atitudes ofensivas. É um sinal positivo para todos os que participam da seleção, bem como do perfil de profissionais que estarão à frente das repartições públicas a médio prazo.

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