Senador beneficia própria empresa de biscoitos na reforma tributária
Senador Vanderlan Cardoso (PP-GO) é dono da Cicopal, que produz refrigerantes e biscoitos
atualizado
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Dono de fábrica de biscoitos, o senador Vanderlan Cardoso (PP-GO) articulou com sucesso, durante a votação da reforma tributária, para reduzir impostos sobre o consumo de biscoito e bolachas. Dessa maneira, ele será beneficiado diretamente com a proposta.
O projeto de lei foi votado e aprovado nesta quinta-feira (12/12) no plenário do Senado. O relatório vai encaminhado à Câmara.
O político goiano é sócio e fundador da Cicopal, dona das marcas Micos e Nelita. A empresa tem na sua linha de produtos biscoitos, salgadinhos, petiscos, refrigerante, energéticos e refresco em pó.
“Só queria fazer um esclarecimento para deixar claro aqui para os senadores e senadoras, que é para biscoitos populares: cerca de 95% do consumo da população brasileira, principalmente da classe D e E, consume esses biscoitos populares. O que é o biscoito popular? É o cracker, a água e sal, maisena, Maria, rosquinha”, defendeu Vanderlan, na reunião dessa quarta-feira (11/12) na CCJ do Senado.
A Cicopal produz as rosquinhas Sullper, Nelita e Micos, além de biscoitos waffers.
Senador também atuou por refrigerantes
Aprovado no Senado, o Projeto de Lei Complementar 68/2024 institui o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS), conhecido como imposto do pecado.
A emenda de Vanderlan incluída no texto reduz em 60% a alíquota de IBS e CBS dos biscoitos e bolachas.
Conforme mostrou a coluna Igor Gadelha, o senador também retirou do IS as bebidas açucaradas. A Cicopal, além de biscoitos, produz refrigerantes.
Na reunião de quarta da CCJ, Vanderlan argumentou que poderia haver um aumento de sonegação fiscal caso as bebidas açucaradas fossem incluídas no imposto do pecado. Ele fez uma comparação com a indústria do cigarro.
“Setor de bebida hoje, principalmente de refrigerante, já tem uma carga tributária tão alta que, muitas das vezes, o Fisco acha que é a carga tributária alta que vai arrecadar imposto – e não é. Quanto mais alta a carga tributária é, mais há sonegação”, afirmou.
“Olha o caso dos cigarros, que chega a ter até 82% de imposto. Então cigarros, que chegam a ter até 82% de imposto. Então, ele faz esse trânsito todinho, saindo daqui com tarifa zero, indo para o Paraguai e depois volta pagando em pedágio em tudo quanto é lugar e dá margem de lucro para todo mundo, porque o imposto é alto”, prosseguiu.
O que diz o senador?
A coluna procurou o senador para se posicionar. Em nota, a assessoria de imprensa do parlamentar informou que Vanderlan apresentou o total de 30 emendas ao relator Eduardo Braga. Desse total, apenas dez foram acatadas e que os requerimentos eram de diferentes áreas “como construção civil, turismo, cooperativas, dispositivos médicos, farmácias, alimentos, energia, pessoas com deficiência e o Sindireceita”.
“O senador Vanderlan Cardoso (PSD/GO) apresentou ao todo trinta emendas ao relatório do senador Eduardo Braga (MDB/AM) sobre a reforma tributária. As sugestões de mudanças foram acolhidas em conversas e reuniões, ao longo dos últimos meses, com setores produtivos da economia, sindicatos, organizações, entidades representativas e confederações que atuam em diversos setores.
Do total de emendas apresentadas, dez foram acolhidas pelo relator, em áreas como construção civil, turismo, cooperativas, dispositivos médicos, farmácias, alimentos, energia, pessoas com deficiência e o Sindireceita.
A maioria desses setores é forte gerador de empregos, contribui com o pagamento de impostos, movimenta a economia e realiza enormes investimentos.
O senador Vanderlan Cardoso é extremamente criterioso ao apresentar emendas a qualquer proposição em tramitação nas Comissões e no Plenário do Senado Federal. Ele quer entender o objetivo de cada dispositivo e ter os maiores fundamentos técnicos da necessidade de alteração do texto do projeto ou do parecer a ser alterado pela emenda que irá propor. Os pleitos atendidos pelo senador são públicos, amplamente debatidos nas comissões do Senado Federal e apoiados por parlamentares de diversos partidos, sejam da base ou da oposição”.