A sede de vingança contra Deltan Dallagnol e companhia
Mesmo após conseguirem enterrar a Lava Jato, ex-alvos seguem dispostos a fulminar os investigadores que atuaram na operação
atualizado
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A sede de vingança dos grupos de poder atingidos pela Lava Jato não tem limites.
Recentemente, interlocutores de um ministro do Tribunal de Contas da União e de políticos graduados que foram alvo da operação estavam em campo, em Brasília, empenhados em colher informações sobre o ex-procurador Deltan Dallagnol, que chefiou a força-tarefa de Curitiba.
Em conversas reservadas a cujos registros a coluna teve acesso, esses interlocutores buscavam meios de obter informações sobre como Deltan vinha se mantendo após se desligar do Ministério Público Federal. Queriam saber, em especial, se o ex-procurador passou a prestar consultorias e para quem.
A ideia era levantar esses dados e enviá-los para o TCU, a tempo de serem usados nos processos que envolvem os comandantes da operação.
O plano de vingança segue firme. Nesta semana, o TCU deve retomar o julgamento do processo que mira Deltan e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot por gastos da força-tarefa com passagens aéreas e diárias durante o período em que a operação esteve ativa.
Trata-se, sem disfarce, de mais uma das várias frentes de ataque abertas pelo establishment político contra o time da Lava Jato.
No caso específico, a intenção não declarada, mas explícita, é tentar deixar Deltan e Janot sem condições de disputar as próximas eleições – os dois, como se sabe, têm a intenção de concorrer à Câmara dos Deputados.
O timing da retomada do processo diz tudo: o plano é concluir o julgamento o quanto antes porque o TCU tem até o próximo dia 15 para enviar para a Justiça Eleitoral a lista de pessoas que estarão impedidas de se candidatar por terem sido condenadas por mau uso de dinheiro público.
A turma que acusa a Lava Jato de ter exagerado no passado recente usa agora das mesmas armas e dos mesmos expedientes de que reclama para ir à forra contra seus algozes. É mais uma amostra de que, no Brasil, as circunstâncias valem mais do que os princípios.