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Erotikós: conheça a autora cristã que escreve poesias sexuais

A coluna conversou com a manauara radicada em Brasília, Luciana Fauber. Recentemente, ela lançou a obra com cerca de 40 poesias eróticas

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Um livro puramente brasiliense, com muito sexo e desejo, veio de uma manauara radicada em Brasília, com um desejo ávido por espalhar conhecimento por aí e um amor pela literatura. Assim, nos braços na Universidade de Brasília (UnB), nasceu uma letrista que desbravou o universo da poesia erótica e lançou seu primeiro livro: Erotikós. Luciana Fauber é o nome dela.

“Passei a escrever depois de viver uma fase ruim na vida, percebi que eu podia tentar colocar em palavras aquilo que eu via e sentia”, conta. Para ela, a poesia é libertadora. “Comecei com uns textos aqui e ali no caderno, depois fui pro Wattpad — uma plataforma de autopublicação on-line. À medida que eu publicava meus poemas, sobre a vida, memórias e situações cotidianas vivenciadas por mim ou inventadas, percebi que a escrita tinha se tornado uma parte de mim”.

Zona de conforto e preconceitos

Autora de diversos livros não publicados, a jovem, cansada de escrever sobre cotidiano, pensou em algo que a tirasse da zona de conforto. Foi então que resolveu tentar o erótico.

“A primeira vez que publiquei Erotikós foi por trás de um pseudônimo masculino”.

Por conta do preconceito e com receio de sofrer assédios, ela frisa que tinha medo de usar seu nome, apenas por ser mulher. “Me ‘protegi’ com o pseudônimo. Então o livro chegou a marca de duas mil leituras e o feedback dos leitores da plataforma foi bem bacana”, lembra.

Ela explica que, depois de algum tempo, reuniu coragem e percebeu que não podia deixar o medo falar mais alto. “Publiquei o e-book na Amazon assumindo o meu nome. Foi muito libertador, em todos os sentidos, porque ninguém ao meu redor esperava que eu fosse escrever literatura erótica”, diz

Após alguns meses na Amazon, a Editora Vecchio publicou a versão física do livro. “Acho que a melhor coisa foi ver a editora abrir espaço para esse tipo de literatura”, aponta.

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Eu-lírico masculino

“Minha maior dificuldade foi criar um estilo próprio de poesia usando o pseudônimo. Tive que idealizar um eu-lírico masculino e é um processo complexo, como se fosse eu deixando de ser quem sou para dar espaço para essa voz, imaginar como esse pseudônimo falaria, pensaria ou reagiria”, explica. A publicação, que conta com 82 páginas, possui poesias com a visão masculina e feminina do sexo.

Cristianismo

Cristã protestante, Luciana conta que não vê problema em escrever sobre o assunto. “A gente tem Cantares na Bíblia usando uma linguagem poética para falar sobre sexo, não vejo muito sentido em tratar o tema como tabu, como se não existisse”. Para ela, sexo deveria ser tema de leituras de cristãos e não cristãos, pois é um tema recorrente do dia a dia.

“Acho que as pessoas podem ler o que quiserem. Ler um livro não vai agredir ninguém, pelo contrário, vai apoiar o trabalho do escritor e de todos que atuaram para aquele livro sair.”

Ela, inclusive, busca apoiar os livros do gênero. “Queria conhecer mais autoras, para compartilhar experiências. Acho que é importante levarmos a ideia de que podemos escrever sobre qualquer coisa, que falar sobre sexo é normal e não deve ser motivo para discriminação.”

Sonho realizado

Após o lançamento do livro, Fauber sonha ainda mais alto. “Recebi um feedback positivo até de leitores que nunca tinham lido algo do gênero e realmente gostaram, então quero crescer ainda mais e aprender. Promover conhecimento”. Apesar do sucesso inicial no gênero, ela afirma que não se prenderá ao erótico. “Ultimamente tenho preparado um livro de poesia que fala sobre bullying e outro envolvendo feminicídio. Percebi que posso fazer a diferença dando voz a esses temas tão relevantes na nossa sociedade.”

Com o livro em mãos, tesão à flor da pele e muitas ideias na cabeça, a autora publica diariamente poemas em seu Instagram, num “desafio poético que criou numa tentativa de espalhar a poesia por aí.”

 

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