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Suspeito do caso Porta dos Fundos orientou bomba em grupo contra Lula

Investigação sigilosa aponta que suspeito do ataque a bomba à sede do Porta dos Fundos orientou como fazer Molotov em grupo contra Lula

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Ricardo Stuckert/Secom PR
Suspeito imagem lula discursando com microfone - metrópoles
1 de 1 Suspeito imagem lula discursando com microfone - metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/Secom PR

Principal suspeito de atacar a sede da produtora Porta dos Fundos em 2019, Eduardo Fauzi, solto em março do ano passado, mantém conduta explosiva. Uma investigação sigilosa aponta que, após a vitória eleitoral de Lula, o economista de 45 anos orientou um “grupo extremista violento” a montar um artefato conhecido como coquetel Molotov.

Mensagens interceptadas no Telegram apontam que a bomba caseira seria arremessada acompanhada de um grito específico: “Faz o L”.

A página em questão se chama “Falange da Ordem Nacional” e foi criada em 2 de outubro de 2022, em meio à eleição presidencial. Os organizadores se aproveitaram dos protestos ocorridos após o segundo turno, que contestavam a vitória de Lula, para recrutar novos membros e fazer o grupo ganhar corpo.

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Em uma das mensagens interceptadas obtidas pela coluna, um integrante que se identifica como “Tenente Lisboa” envia uma imagem que indica como preparar um coquetel Molotov. “Rolha”, “pano”, “gasolina” e “óleo de carro” eram alguns dos itens destacados. Um dos organizadores do grupo, que responde pelo nome de “Falange da Ordem Nacional – Chat Membros”, responde: “Não se esqueçam de gritar ao jogar: ‘Faz o L'”.

Eduardo Fauzi, então, interage com a postagem de Tenente Lisboa: “Não precisa de rolha… o pano já veda o líquido o suficiente pra permitir a explosão”. O criador da página, que citou o “Faz o L”, replica: “Seu conhecimento é interessante, meu honorável camarada”.

Fauzi responde: “Qualquer coisa a consultoria é gratuita :)”.

“Já utilizou arma?”

Em posse do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República desde o final do ano passado, o relatório de inteligência pontua: “O grupo extremista violento FON [Falange da Ordem Nacional] demonstra estar se organizando para formar uma unidade paramilitar com a finalidade de atentar contra indivíduos e instituições percebidas como inimigos”.

“As medidas de segurança adotadas pelo grupo dificultam a identificação de seus membros, o que, por sua vez, impossibilita a mensuração da capacidade de mobilização de recursos materiais e humanos para o cometimento de atos violentos”.

A investigação em questão foi remetida ao GSI dias antes da posse de Lula, em 1º de janeiro deste ano. E fez parte do mapeamento de possíveis ameaças ao presidente eleito.

Na ocasião, o evento contou com a maior estrutura de segurança da história das posses, desde a redemocratização. Nenhuma bomba foi arremessada.

Os pré-requisitos para integrar a “Falange da Ordem Nacional” chamaram a atenção dos investigadores: “fazer academia” e ter um “corpo adaptado às dificuldades físicas” são cruciais para a aceitação. Também é necessário ter mais de 16 anos e ser “nacionalista” ou de “terceira posição”, termo usado para movimentos contrários tanto ao comunismo quanto ao capitalismo.

No grupo, não são aceitos quem tenha tido “contato com grupos sociais-marxistas, progressistas, neoliberais ou liberais, socialistas ou de quarta posição política”. A “Falange” instrui seus seguidores a usarem “a força física e intelectual” para “expurgar o câncer do socialismo”.

“Todos os vermelhos, sem nenhuma exceção, são filhos de Satanás”, diz uma mensagem do grupo em alusão ao PT.

Antes de ser aceito, o interessado tem que responder, por vídeo, a uma série de questionamentos. Além do peso, da altura e da religião, o questionário inclui perguntas como: “Possui treinamento militar?”, “Já utilizou uma arma?” e “Possui planos de ingressar no Exército ou na polícia?”.

Ao menos trinta e oito membros chegaram a se inscrever no grupo, segundo dados em posse do GSI da Presidência.

Fauzi assumiu atentado, mas voltou atrás

Principal suspeito do atentado a bomba contra a sede do humorístico Porta dos Fundos em 2019, Eduardo Fauzi ficou preso por dois anos. Parte do período na Rússia, para onde chegou a fugir, e outra parte em Bangu 8, no Rio de Janeiro. Ele assumiu a autoria do crime, mas voltou atrás.

Em setembro do ano passado, ele foi solto por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Na ocasião, disse em entrevista ao repórter Eduardo Barretto que a “falsa confissão” tinha objetivo de despistar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

“Eu nunca estive lá [na sede do Porta dos Fundos]. Tenho dois metros de altura, e a polícia conhece meus dados biométricos, tenho diversas passagens pela polícia. As pessoas que arremessaram os coquetéis Molotov têm cerca de 1,70m. A gente sabia disso desde o início.”

“Se eu assumi posições dúbias, foi parte da nossa estratégia para despistar a polícia e o Ministério Público Federal, sabendo das covardias processuais que estavam cometendo. E a estratégia se provou vitoriosa. Hoje respondo pelo crime de incêndio, relativamente leve. Se for condenado, já terei cumprido a pena”, afirmou Fauzi.

A sede do Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, foi atacada na véspera do Natal de 2019. A produtora havia lançado um filme em que retratava Jesus como homossexual. Cinco dias depois, Fauzi viajou a Moscou, poucas horas antes de sua prisão ser decretada pela Justiça.

Até hoje, o atentado contra a produtora segue sem desfecho na Justiça.

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