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Vera Fischer revê O Clone: “Tirei de dentro de mim a Vera menina”

Prestes a fazer 70 anos, atriz comemora o sucesso da reprise da novela 20 anos depois

atualizado

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Divulgação/Globo
Vera Fischer
1 de 1 Vera Fischer - Foto: Divulgação/Globo
Das novelas que marcaram os anos 2000, certamente O Clone se tornou uma das mais icônicas tanto por tratar de um tema em alta na época de sua estreia, a possibilidade de clonar seres humanos, quanto por retratar com personagens inesquecíveis a riqueza da cultura árabe.
Após ter  sido exibida em mais de 90 países, a novela estreou no Vale a Pena Ver de Novo com o advento das redes sociais. Vera Fischer, que está no elenco da trama, compartilha com o público a ansiedade pela nova repercussão da reprise do folhetim.
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Em O Clone, Vera interpretava a divertida Yvete, feita por ela um ano após ter vivido a dramática protagonista de Laços de Família (2000). Na entrevista, a atriz fala ainda dos bastidores da trama – que envolveram viagens ao Marrocos – diz querer rever a trama e estar curiosa pelos comentários do público. “O planeta todo precisa falar sobre a condição das mulheres. Imposições inaceitáveis e fora do tempo ainda estão acontecendo. Não podemos ignorar os absurdos que vemos todos os dias”, defende ela, que vai completar 70 anos no dia 27 de novembro.
Confira, abaixo, os principais trechos da conversa.
O que sentiu quando soube que O Clone iria ao ar novamente 20 anos após a exibição original?
Eu fiquei super, superfeliz!  O Clone é uma novela que fala sobre milhões de assuntos diferentes e não tem fronteiras, de cultura ou idioma. Ela é sucesso em vários lugares do mundo. Eu amo a novela e as pessoas também, porque nunca pararam de falar sobre ela.
O que você recorda do processo de construção da Yvete?
A personagem foi construída à medida em que as coisas iam acontecendo. Eu fui chamada e logo em seguida a gente já começou a gravar no Marrocos. Eu tinha feito, anteriormente, na novela Laços de Família, uma personagem forte, trágica, dramática e, então, a personagem que me veio em O Clone era alegre, livre, ingênua, infantil e até um pouco sem noção (risos). Eu amei fazer porque acho que tenho esse lado ingênuo, meio bobão e ele aflorou durante a personagem.
Como você descreveria a Yvete e como analisa a trajetória da personagem na trama, sua personalidade e seus conflitos?
A Yvete ama dinheiro e ama o Leãozinho, mas começa a novela ficando com um dos filhos dele na festa, sem saber da coincidência, claro, o que causa problemas… Yvete chega chegando, fazendo o que tem vontade, do jeito que eu gosto. Eu acho que a importância da Yvete nessa novela é a de ser engraçada e apaixonada ao mesmo tempo, contrapondo o drama das outras personagens. Então, isso me deu chance de mostrar, um pouco, a Vera menina, e botar para fora essa coisa de não ter culpa, de ser alegre, de querer ser feliz. Eu tirei de dentro de mim a Vera menina, adolescente. A Vera de hoje ainda é um pouco assim também.
O casal Yvete e Leônidas caiu no gosto do público. Como era a relação deles e sua troca com o Reginaldo Faria?
A Yvete e Leãozinho são um casal que, decididamente, abala estruturas. No mundo inteiro, as pessoas ficam apaixonadas. Na América Latina ou na Rússia, as pessoas amam de paixão. Mas é porque é um amor de verdade. Ele é um homem de negócios, rico e lida com o conflito dos filhos gêmeos. Eu amo o Reginaldo Faria. Depois disso, nós não trabalhamos muito juntos. A não ser em Espelho da Vida, mas quase não tínhamos cenas em parceria. É um casal divertido, gostoso. A gente combina muito bem, e ele é uma pessoa incrível. Um homem gentil, um lorde. Eu amei trabalhar com ele.
De que forma O Clone impactou sua trajetória profissional?
Eu tenho 50 anos de carreira e minha trajetória é construída a partir de muita dedicação e estudo. Cada uma das minhas personagens têm sua parcela nessa construção. Vou fazer 70 anos agora e comemoro com um projeto maravilhoso, onde o grande público conhecerá uma Vera que atua, pinta, escreve, desenha joias, cuida da beleza, canta, dirige filmes trash e conduz a concepção de sua biografia.
Qual a principal lembrança que você tem do período de gravação da trama? Como eram os bastidores?
Eu amava todo mundo do elenco. Era incrível como a gente se dava bem desde o Marrocos, quando começamos com uma equipe um pouco menor. Era tão engraçado, tão gostoso. Eu lembro que tirei muitas fotos do elenco e dei de presente copiadas para as pessoas que, às vezes, diziam que não estavam mais acostumadas a ganhar fotos em papel. “Isso não existe mais”, falavam. E eu insistia: “Sim, existe!”. Era uma comunhão. Eu acho que a direção do Jayme Monjardim e do Marcos Schechtman foi brilhante. Todo mundo era de uma educação, de uma elegância, foi tudo maravilhoso. Atores brilhantes. O Juca de Oliveira; Murilo Benício; Giovana Antonelli, que virou minha amiga; Leticia Sabatella… Enfim, foi gostoso fazer.
Quais as lembranças da viagem para o Marrocos?
As melhores possíveis. Além da experiência incrível com a equipe técnica e elenco, eu sou apaixonada pela cultura árabe. Pelas cores, espaços, monumentos, movimentos, sons… Acho tudo lindo! A gente tinha dias de folga e visitávamos as Medinas, fazíamos contato com uma cultura rica e diversa.
Até hoje o público fala desse trabalho com você? Como são essas abordagens?
A abordagem das pessoas é constante e muito boa. Muita gente ama a Yvete. Ela é diferente, cabeça no vento, apaixonada e passional. Na Rússia, particularmente, Yvete fez um sucesso absurdo e eu fico louca para visitar a Rússia e sentir mais de perto a reação das pessoas. Saber o que elas têm pra falar.
O que mais te atraiu em fazer parte da novela e na personagem?
Definitivamente foi o convite da Gloria Perez. Eu tinha feito a minissérie Desejo, inquestionavelmente maravilhosa, uma personagem fantástica. E eu não iria recusar, jamais, fazer um trabalho da Gloria Perez. Eu fiz sorrindo. Eu nem sabia muito da personagem quando aceitei. Depois que eu vi que ela era engraçada e um pouco avoada, e apaixonada, e botava os sentimentos para fora, batendo nas portas, quebrando as coisas, falando alto, eu fiquei apaixonada, e pensei que era tão diferente do que eu tinha acabado de fazer… Amei fazer essa personagem. E foi assim até o final da novela. Foi maravilhoso!
Você é muito autocrítica ao rever um trabalho antigo?
Eu sou autocrítica sim, em relação a muitas coisas. Eu lembro da Yvete, lembro de todas as cenas e não tenho crítica nenhuma a fazer. Eu acho que eu fiz tudo bem-feito. Eu gosto do resultado, gosto da Yvete, gosto de como eu, Vera, consegui ser a Yvete. Sem tirar nem pôr. Eu não censurava a Yvete, não me interessava se ela estava certa ou errada, aliás, eu não costumo fazer isso porque a gente tem que acreditar sempre na personagem.
Você guarda alguma recordação desse trabalho? Alguma peça do figurino da personagem ou objeto comprado no Marrocos, por exemplo?
Eu comprei muita coisa no Marrocos. Colares, aqueles que depois viraram moda, kaftas e Djellabas. Agora, eu sou menos consumista, mas naquela época eu era mais. E chegando no Marrocos, não tem como não querer comprar aquelas coisas maravilhosas, que tem uma apresentação fantástica, de milhares de anos de história.
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