Hora de petistas e bolsonaristas pedirem desculpas aos militares
O que fica cada vez mais claro é que as Forças Armadas nunca foram golpistas e que tentaram enredar os militares na trama do golpe da minuta
atualizado
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Boa notícia para os militares: o depoimento do general Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, à Polícia Federal é visto como determinante para a prisão de Jair Bolsonaro sob a denúncia de ter tentado perpetrar um golpe de Estado.
Parêntese. Quiserámos nós que todo golpe fosse como esse atribuído ao ex-presidente da República: uma minuta de decretação de estado de sítio, que requer a aprovação do Congresso. Fim do parêntese.
O general Antonio Freire Gomes, ao que indicam os vazamentos para a imprensa, forneceu elementos suficientes para que a PF acuse Jair Bolsonaro de ser o autor intelectual da minuta, não apenas o autor material, para usar a terminologia empregada pelo decano desencanado do STF, que costuma antecipar juízo fora dos autos.
Está tudo muito ruim, está tudo muito pesado para o lado de Jair Bolsonaro, mas também está na hora de bolsonaristas e petistas pedirem desculpas às Forças Armadas. Sim, desculpas. Elas não podem ser acusadas do que lhes fizeram e do que não fizeram — o que não as exime da responsabilidade pelo encantamento inicial com o capitão da reserva que chegou ao Palácio do Planalto pelo voto.
O que fica cada vez mais claro é que, a despeito de alguns integrantes seus terem aderido às alopragens de Jair Bolsonaro, e apesar da antipatia do generalato em geral a Lula e ao PT, a maioria dos militares era contra participar de qualquer aventura golpista. De acordo com o jornalista Marcelo Godoy, “11 dos 16 generais do Alto Comando do Exército não admitiam a hipótese de uma ruptura constitucional para impedir a posse de Lula”.
O general Antonio Freire Gomes, repita-se, ameaçou dar ordem de prisão a Jair Bolsonaro se ele seguisse adiante no seu propósito golpista. Se não denunciou as intenções do ex-presidente, foi porque julgou que ele ainda não havia extrapolado as suas atribuições com a tal minuta e achou por bem respeitar a hierarquia.
Quanto aos acampamentos em frente aos quartéis, o general disse que não os desmontou à força justamente para evitar que Jair Bolsonaro usasse isso para tentar um golpe.
Os bolsonaristas tentaram colocar o general Antonio Freire Gomes como protagonista da trama golpista. Uma forma covarde de enredar as Forças Armadas e colocá-las contra a PF. Os petistas, por sua vez, atacaram os militares que podem colocar Jair Bolsonaro na cadeia, como se estivéssemos em 1964. Peçam desculpas.