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Aluno é vítima de ato antissemita em escola de elite de São Paulo

A Beacon School foi palco de um ato antissemita intolerável. Mas os agressores receberam apenas uma suspensão de dois dias. Uma folga

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Bandeiras do Brasil e de Israel, em montagem -- Metrópoles
1 de 1 Bandeiras do Brasil e de Israel, em montagem -- Metrópoles - Foto: GettyImages

A Beacon School é uma das escolas bilíngues nas quais estudam os filhos dos ricos em São Paulo. Comparada a instituições similares, como a Graded, a Avenues e o St. Paul’s, a mensalidade pelo período integral é mais barata, cerca de 8 mil reais, ainda assim uma quantia assombrosa para os bolsos da classe média. Essa escola de elite foi palco de um ato antissemita que deveria ser intolerável, não importa qual seja o público pagante.

Um aluno judeu, de 15 anos, recém-ingresso na Beacon, viu-se agredido moral e psicologicamente. O bullying antissemita de seis colegas seus consistiu em fazer desenhos de suásticas para marcar a presença de um judeu na classe e reproduzir o hino da Juventude Hitlerista, para além da derrisão com a saudação nazista.

A vítima do ato antissemita, profundamente traumatizada, comunicou o que havia ocorrido aos pais, que exigiram explicações e providências da direção da escola. A Beacon, então, suspendeu os alunos agressores por dois dias.

Dois dias de suspensão não configuram punição, mas folga bem-vinda. É como se fosse um prêmio. Um ato antissemita de tal virulência teria de levar à expulsão sumária dos seus perpetradores.

Como, obviamente, o caso repercutiu muito mal entre as famílias que mantêm os filhos na escola, a Beacon decidiu emitir uma nota aos pais, afirmando que “ao tomarmos conhecimento de um caso de manifestações de apologia nazista no ambiente escolar, a direção da da Beacon imediatamente deu início a um processo responsável e cuidadoso de apuração dos fatos. De posse das informações apuradas, consequências foram aplicadas, contemplando sanções e propostas de trabalhos educativos e reparadores”.

Enquanto a Beacon faz o seu “processo responsável e cuidadoso de apuração dos fatos”, o aluno judeu não quer mais voltar a frequentar a escola. Ele tem razão. Relatos dão conta de que não foi um ato isolado, que manifestações racistas e antissemitas são comuns na Beacon.

Alunos judeus contaram que são recebidos com saudações nazistas por colegas, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Não há punição para os nazistinhas. No máximo, ocorrem advertências brandas. 

Os pais do aluno traumatizado cogitam tomar medidas legais contra os adolescentes que agrediram o filho dele. Se a escola não os pune com a expulsão, quem sabe a Justiça os faça pagar pelo crime.

A Beacon não é exceção. Alunos judeus de outras escolas de São Paulo passam também por constrangimentos. Os antissemitas se sentem livres porque estão amparados pelo discurso governamental que compara Israel a Hitler, uma infâmia, e pela imprensa que lhe faz eco, martelando mentirosamente que um “genocídio” está em andamento em Gaza. Tudo isso é uma vergonha.

PS: Depois da publicação do artigo, a Beacon Scholl enviou a seguinte nota à coluna:

NOTA DE POSICIONAMENTO

São Paulo, 11 de março de 2024

Tão logo tomou conhecimento sobre o episódio de antissemitismo na escola, a Beacon School adotou, imediatamente, uma série de medidas, incluindo o afastamento dos alunos agressores e acolhimento à família afetada.

A Beacon School reitera que repudia veemente toda e qualquer manifestação de ódio e destaca a sua firme posição contra qualquer forma de discriminação, tanto dentro, quanto fora do ambiente escolar, seja ela relacionada à nacionalidade, etnia, religião, raça, gênero ou quaisquer outros aspectos.

A Beacon está investigando cuidadosamente os fatos, para que as sanções sejam aplicadas de forma responsável. Além disso, a escola ampliará o foco, já presente em seu projeto pedagógico, de formação contra qualquer ação discriminatória, envolvendo também as famílias da comunidade escolar e convidando-as a compor um Grupo de Trabalho (GT) com foco em formação de combate ao antissemitismo, a exemplo do que já realiza com o GT antirracista.

A Beacon reitera o compromisso de atuar com celeridade diante de qualquer situação discriminatória, apurando os fatos em detalhe e com firmeza, aplicando as sanções cabíveis, incentivando sempre a reflexão para estimular a aprendizagem com o objetivo de formar cidadãos éticos, conscientes e comprometidos com a construção de uma sociedade mais pacífica e igualitária.

Beacon School

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