metropoles.com

O design do futuro é democrático

Não importa onde esteja, o receptor deve ser capaz de entender a mensagem. É o que aborda Mariana Aguiar, fundadora da Desygner

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/Assessoria
Mariana Aguiar
1 de 1 Mariana Aguiar - Foto: Divulgação/Assessoria

Muito mais do que a identidade visual da marca, o design precisa ser pensado como uma ferramenta capaz de imprimir a personalidade daquilo que busca representar. O “M” amarelo, do McDonald’s, talvez seja o exemplo mais claro sobre o que é, de fato, o papel do design. Não importa se você esteja em Nova York, nos EUA, em Jacarta ou na Indonésia, ainda assim, o receptor da mensagem será capaz de entender que trata-se de uma filial da rede, pois, além de ser facilmente reconhecida, também possui cores associadas à sensação de fome. Ou seja, é uma peça objetiva, alinhada aos princípios do negócio.

O exemplo acima também remete a outra lição importante sobre a aplicação do retorno sobre investimento de cada peça que está sendo criada. É importante determinar como o design pode ser repensado para vários outros formatos, a fim de que outras pessoas possam usufruir também dos benefícios da identidade visual bem constituída. Mas sem a necessidade de estar atrelada à marca para espalhar a mensagem que deve ser comunicada. De acordo com um levantamento realizado em 2019 pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a indústria criativa nacional responde por 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo estimada em R$ 171,5 bilhões.

O Brasil é uma potência criativa e, neste sentido, um template. Ou seja, uma estrutura inicial que pode ser editada por pessoas diferentes. A partir da mensagem que se deseja comunicar é capaz de gerar uma resposta mais efetiva do que peças criadas de forma independentes. Isso porque o modelo pode ser replicado e trabalhado por outras pessoas com outros objetivos.

A democratização do design não passa necessariamente pelo envolvimento de um profissional ou de uma ferramenta cara para conseguir criar produtos que tenham uma boa qualidade. Isso não tira nenhum mérito do profissional, que sempre terá espaço no mercado, por ser essencial na cadeia de inovação e para trazer um pouco de estratégia para o setor. Neste sentido, a adoção de plataforma de fácil manuseio viabiliza a democratização do design. Pois permite que pequenas empresas criem as suas próprias peças de maneira customizada para o seu negócio, sem depender do trabalho de terceiros, ou da burocracia que muitas vezes permeia a relação entre o prestador de serviço e o consumidor final.

Deste modo, os layouts – que são os modelos com espaços pré-definidos para a inserção de texto – se tornarão uma espécie de commodity, já que seu mecanismo não se difere independente de quem seja o seu destinatário. Por outro lado, os templates trabalham em prol do fácil acesso, pois são adaptáveis e podem ser alterados conforme sejam adotados por pessoas com propósitos, idiomas e objetivos diferentes. Este processo de transição entre os formatos estabelecidos trata-se de uma tendência já iniciada, mas que deve ser intensificada nos próximos anos.

Se antes o design era visto como uma ferramenta visual, hoje, as peças são uma extensão do negócio. Por este motivo, o fácil acesso às fases mais simples do processo de edição, permite que o profissional se foque na criação de estratégias, deixando livre o caminho para a adoção de elementos que tragam emoção e traduzam de forma visual o discurso e a emoção que as artes coesas devem atingir.

A busca pela criação de artes mais objetivas é o cerne do “design para resultado”, que importam os conceitos de negócios, estratégias e tendências para que possam ser aplicados no processo de criação. Além disso, essa mudança de paradigma torna o público o representante de sua própria marca.

Nas redes sociais, existe uma gama imensa de pessoas que estão interagindo e comentando posts dos grandes anunciantes, como sugere a pesquisa realizada pela Accenture, que aponta que 94% dos consumidores utilizam pelo menos um canal on-line para se informar sobre produtos e serviços no Brasil. Inclusive em plataformas como YouTube e TikTok há usuários que produzem review sobre determinada marca, fazendo com que um grupo, que antes era seleto, adquira uma nova dimensão.

Se para o marketing um ponto-chave é a experiência do usuário, para nós, existe o “design da experiência”, que visa entender maneiras de implementar de forma prática a adoção de elementos visuais que estreitam a relação entre a marca e o cliente.

À medida que este cenário se intensifique, a função do designer profissional não será mais sobre criar peças, mas, sim, encontrar uma forma de explicar visualmente os ideais da marca, sem a necessidade de muita atenção. Os trabalhos que tragam uma proposta autoexplicativa são os que valem ser investidos e será a nova prova de fogo para que os profissionais se destaquem no mercado.

Mariana Aguiar é fundadora e diretora de produtos da Desygner, plataforma global de design criativo com mais de 20 milhões de usuários.

Compartilhar notícia