Como engajar sua audiência em 5 passos
Especialista em marketing, Jackson Moura mostra os desafios de captar a atenção do interlocutor em meio aos ruídos da hiperconectividade
atualizado
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Dos novos hábitos trazidos pela pandemia, a participação remota em aulas, treinamentos e reuniões desponta como um dos mais significativos. Não há dúvida quanto às vantagens na economia de tempo e dinheiro, porém uma ressalva impacta principalmente o trabalho dos gestores e educadores: a atenção das pessoas envolvidas nas dinâmicas à distância.
Diariamente estamos expostos a incontáveis notificações de mensagens, áudios, e-mails e interações. De acordo com o estudo Digital Trends 2023 do Data Reportal, 98,9% dos brasileiros têm ao menos um smartphone, passam em média 9h32min na internet por dia (3h46min dedicadas às redes sociais) e têm, em média, 8.4 plataformas sociais instaladas nos celulares.
Esta hiperconectividade, somada à distância física, torna a atenção humana cada vez mais escassa e disputada. Mas, se não podemos controlar a forma como as interações sociais acontecem, nos restam algumas alternativas para promover o engajamento em apresentações remotas.
1 – Conheça seu público
Conhecer as ocupações, motivações e anseios da sua audiência te ajudará a direcionar as ações ao longo da conversa, aula ou treinamento e possibilitará uma maior aproximação.
Conhecer seu público é também saber lidar com o gap geracional e abraçar as diferenças comportamentais. Neste sentido, a Geração Z ainda é uma incógnita para muitos e a forma como quebram paradigmas pode ainda ser desconfortável.
Suas atitudes foram moldadas pela experiência de terem “crescido on-line” e muitos atingiram a maioridade e entraram para o mercado de trabalho remotamente, em meio à pandemia, assim, para eles não existe outra realidade. Compreender as nuances de como se comunicam é uma boa forma de se aproximar e estabelecer uma relação genuína.
2 – Atualize o storytelling
A arte da narrativa permeia toda nossa comunicação: ela dá contexto, une as informações, dá uma forma ao que queremos contar. Este é um recurso essencial para captar a atenção do interlocutor e criar conexão emocional.
Porém, a forma como o colocamos em prática não segue uma fórmula mágica: há que se entender o contexto, o cenário, os participantes. O estudo Think Forward 2023: Fragmented Futures, da We Are Social, apresenta o conceito de collapsing narratives: a narrativa já não é mais linear e fundamentada em longos arcos. Formatos modernos e excessivamente curtos de narrativas (vide Twitter e TikTok) moldam expectativas para conteúdos semelhantes, indicando capacidade de atenção cada vez mais frágil.
3 – Contextualize com exemplos
A dificuldade de compreensão de um assunto está ligada à falta de interesse, assim, garantir que o tema seja entendido significa engajar seu ouvinte, pois tendemos a nos conectar mais facilmente a informações quando elas são contextualizadas.
Conhecer sua audiência ajudará a identificar quais exemplos terão melhor engajamento: memes, séries, notícias podem ser a ancoragem para a realidade tangível da sua audiência. Esta contextualização ajuda ainda a quebrar a linearidade narrativa, evitando o erro de ter uma apresentação monótona.
4 – Interaja
Em qualquer comunicação o objetivo do emissor é manter contato com o receptor, evitando ruídos. Aqui, a interação faz o papel da função fática, aquela em que testamos o canal em que a comunicação ocorre.
Novamente, quanto mais souber sobre os participantes, mais eficaz será a interação com eles. Promova a participação ativa, abrindo espaço para dúvidas, troca de experiências e opiniões, faça interações constantes, use os participantes como exemplo, faça perguntas.
A gamificação é ainda um ótimo recurso para aumentar a concentração e o interesse dos participantes ao alternar o protagonismo da apresentação. Diversos aplicativos nos permitem esse dinamismo.
5 – Surpreenda
Se o intuito é quebrar a narrativa e promover a interação, pense em situações que captem a atenção de forma surpreendente. O inesperado tem o efeito de romper com a monotonia e despertar a atenção dos participantes.
Exemplos disso são a interlocução direta com um participante, a mudança de tom, a alteração no formato (gráfico, textual, visual), ou a inserção de exercícios práticos.
Saber lidar com a imprevisibilidade das tendências que vão ditar o comportamento das pessoas é também uma forma de buscar alternativas que visem engajar sua audiência. Para isso, conhecê-la – e compreender que ela é mutável – é um fator decisivo no sucesso da comunicação, assim como também é a importância de histórias bem contadas e a interação de qualidade.
Jackson Moura é jornalista com especialização em marketing; há 15 anos trabalha com marketing digital e há três tem auxiliado executivos a se posicionarem no ambiente digital. Atualmente é diretor de Estratégias Digitais na NR7.