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Ana Brum: “comunidades podem ser mais efetivas que faculdades”

Empreendedora descobriu o valor da nova formação profissional se cansando do mundo corporativo e compartilhando seus dilemas na internet

atualizado

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Gramado Summit/Divulgação
Ana Brum
1 de 1 Ana Brum - Foto: Gramado Summit/Divulgação

É até difícil de definir a mineira de 28 anos, Ana Brum, em relação à carreira. Uma primeira palavra pode ser comunidade. Uma segunda, criatividade. E uma terceira, certamente, pode ser independência. Ela é criadora da Antisobrinho, head de aprendizagem em comunidade da Share, e gestora de marca do Verso.

A Antisobrinho é uma plataforma que se propõe a ajudar profissionais independentes criativos como freelancers, empreendedores, autônomos, donos de agências, “eugências”, prestadores de serviços, pejotas em geral, a dividirem dilemas do mercado da economia criativa e, claro, procurar soluções.

A Share é uma edtech de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, que, há 9 anos, conecta oportunidades através da educação no mercado criativo. Entre as marcas que já ensinaram por ela, estão, Azul, Bradesco, Nubank, 99 e Red Bull.

Já o Verso é um hub de inovações, em Gramado, também no estado gaúcho. Eles se definem como “muito além de um coworking”. São uma rede de negócios criativos que buscam impactar o mercado com conexão, educação e recursos, “para além da vida corporativa”.

Foi na cidade serrana que ocorreu, entre 6 e 8 de abril, a Gramado Summit, um dos maiores eventos de brainstorming da América Latina e o Metrópoles esteve lá cobrindo, acompanhando os painéis, mostrando as atrações e entrevistando diversas vozes influenciadoras, que compartilharam as suas experiências.

A Ana Brum é uma delas. Confira o bate-papo com a jornalista Natália André:

Ana, o que é a Antisobrinho?

Ela nasceu, no final de 2019, na esteira de toda a minha trajetória como profissional criativa no mercado. Eu trabalhei no universo corporativo por 6 anos passando, por exemplo, pela Fiat e Chilli Beans. Acabamos abrindo uma agência, eu e meu irmão, e passamos por vários perrengues porque é tudo muito pra ontem, as pessoas não valorizem muito o trabalho que tem o repertório de experiência, enfim, e a gente, então, resolveu falar sobre os nosso dilemas na internet.

Eu não era uma produtora de conteúdo. Então, no início, não foi nada muito bem estruturado. Criamos uma página no Instagram e todo dia eu pensava em alguma coisa que tinha acontecido na minha rotina e compartilhava. Meu irmão fazia a arte. Mas a identidade, mesmo, foi sendo desenvolvida depois.

Mesmo assim, fomos chamando a atenção e criando a comunidade. Foi com a Anti que a Share me descobriu.

Quem forma a comunidade Antisobrinho?

Profissionais independentes criativos que fazem parte da economia criativa. Lá você encontra de educadores a artistas, músicos, a profissionais de comunicação e marketing. Todos compartilham dilemas profissionais, principalmente, de pessoas jurídicas, que trabalham, por exemplo, em agências com jornadas duplas e até triplas.

Há espaço para o profissional CLT também?

Sim, a pessoa física também se sente acolhida porque, no caso das agências, os dilemas são bem parecidos como, por exemplo, desvalorização do mercado e abuso no ambiente de trabalho.

A Anti é uma empresa de internet. Então, quais são as redes sociais que vocês usam?

Ótima pergunta! Usamos Instagram, que é onde está a nossa audiência; e o Telegram, que é onde criamos senso de comunidade. É pelo Telegram que há conexão e troca. Mais um exemplo: um gestor de tráfego que precise de um contrato. Ele entra lá e pede ajuda. Rapidamente, as pessoas acham o que estão precisando.

É por lá também que criamos um canal conectado a um chat. Ou seja, não enviamos só conteúdo, mas as pessoas conversam, trocam.

Bom, trabalho é o que não falta para você. Imaginava isso tudo quando estava na faculdade?

Acabo fazendo várias coisas legais ao mesmo tempo. Tudo que envolve educação e economia criativa. Faço parte desse ecossistema e sou muito feliz. Mas, lá atrás, nunca poderia imaginar.

Minha formação acadêmica é em publicidade e propaganda, em design, e também sou especialista em branding pela ESPM. Tudo isso, claro, me deu um repertório muito bom, mas, infelizmente, saí muito despreparada para o mercado.

Acho que o mais importante para o âmbito profissional, de carreira, é a gente ter experiência. E os ensinos tradicionais falham muito nisso e também na troca e no desenvolvimento de oportunidades.

Por isso a importância da criação de comunidades profissionais?

É nisso que acredito. E é assim que me desenvolvo como profissional. É nesse modelo de aprendizagem que as pessoas se conectam a oportunidades e outros profissionais, que, por sua vez, agregam experiências para a vida profissional delas.

O que mais a sua comunidade criativa te proporcionou?

Palestrar aqui na Gramado Summit, fazer parte do time de creators do Pinterest… Enfim, me conectei a várias comunidades. A internet também me deu muita visibilidade pra que eu fosse voz de outras mulheres e profissionais independentes que passam pelos mesmos dilemas que eu passei.

Mesmo já tendo conquistado tanto, aos 28 anos, ainda dá para fazer muita coisa, né? Quais são os planos para o futuro?

Acredito que os próximos passos, principalmente, pra Antisobrinho, são transformá-la num portal e trazer outros profissionais para poder colaborar com o conteúdo e falar sobre o cenário em determinadas áreas de atuação que ainda não falamos. E também, claro, melhorar o cenário profissional dos criativos. O maior sonho é disseminar essa mensagem para o maior número de pessoas possível.

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