Não é de hoje que a tão famosa sigla ESG (Environmental, social and corporate governance) tem circulado pelos mais diversos setores da economia. Não à toa, o tema tem sido destaque nos principais encontros da mais alta autarquia da economia mundial, como o Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro. No evento, além da preocupação com uma possível recessão global e um quadro de inflação mais elevada, muito se falou sobre o hiato nas medidas para conter as mudanças climáticas, por exemplo.

E, engana-se quem pensa que temas como o citado acima dizem respeito apenas à lideranças públicas ou aos CEOs de empresas. Temas sociais, ambientais e de diversidade devem estar cada vez mais atrelados ao posicionamento das marcas, mas de uma forma efetiva e com um propósito claro. A sociedade tem evoluído cada vez mais em discussões como essas, e ignorar essa transformação, além de ir contra o bem-estar do planeta e da população, colocará sua marca em maus lençóis.

Se a geração millennial já se preocupava com experiências e propósitos, para a geração Z, os nascidos entre 1995 e 2010, que já faz parte de uma fatia relevante do poder de compra global, isso é essencial. A conta é simples: para comprar e ser fiel a uma marca, essa geração olha desde os produtos até como a empresa tem se posicionado com a questão do clima, consciência ecológica, diversidade e etc.

Tendências de marketing

A relevância da publicidade verde está, também, entre as tendências de marketing para 2023. Um estudo feito pela G4 Educação, que levantou os principais destaques da categoria para o ano, demonstrou que a construção e fortalecimento de comunidades, bem como um marketing inclusivo em sua essência estão entre dois dos 9 principais pilares. Além disso, a marca precisa, cada vez mais, deixar seu propósito claro e como tem trabalhado para alcançá-lo e/ou mantê-lo.

Por isso, ter sempre claro maneiras de como melhorar seu posicionamento de marca e incluir questões tão essenciais para a comunidade e planeta devem fazer parte do seu planejamento de marketing. A seguir, listo cinvo motivos pelos quais sua marca deve investir, também, em estratégias que englobem o tão falado marketing verde.

Impacta diretamente a sociedade

Assim como o discutido no Fórum Econômico Mundial, quando as empresas atuam em prol de reduzir a desigualdade, emissão de CO2 e a promover a diversidade e inclusão, o impacto é visto na sociedade como um todo. E promover medidas como essa contribuem, também, para melhorar os negócios da empresa e sua lucratividade. Companhias que colocam mulheres em cargos de liderança, por exemplo, podem elevar o lucro em até 15% e gerar mais riqueza para o acionista.

Fomenta o propósito da empresa e seus valores

Ter uma comunicação alinhada aos valores e missão da empresa é essencial para que os consumidores tenham clareza do posicionamento da marca. E se sua companhia tem entre os valores um papel claro de responsabilidade social e de governança, é preciso que o marketing também esteja atrelado a isso – e consiga transmitir essa mensagem por meio de ações como conteúdo proprietário, campanhas no digital e etc.

Como consequência, fideliza clientes

Com esse direcionamento, os consumidores terão cada vez mais certeza de onde comprar e como suas escolhas estão impactando a comunidade onde vivem. O estudo “A nova dinâmica de influência”, da Edelman, mostra que 63% da geração Z espera que a posição de uma marca sobre assuntos importantes esteja visível na hora da compra – e 59% dos entrevistados afirmam que deixariam de comprar um produto se não confiarem na empresa por trás da marca. Ou seja: mais que um discurso, precisamos de ações. E a consequência disso é ter uma marca fortalecida e com clientes fidelizados.

Fortalece a credibilidade da marca

Como citado acima, as ações geram confiança e isso fará com que a marca tenha cada vez mais credibilidade e seja top of mind dentro do seu segmento — e entre seus concorrentes.

Engaja a comunidade como um todo

Por fim, as ações positivas colocadas em práticas engajarão a comunidade como um todo. No relatório da G4, eles avaliam que a comunidade tem um poder tão grande, pois cria parcerias exclusivas e tarefas criativas, o que acaba ocasionando a promoção de embaixadores da marca e transmitindo uma corrente positiva e eficaz para gerar a sensação de pertencimento — e, como consequência, impulsiona as vendas.

Paula Bezerra é sócia e co-CEO na VCRP Brasil. Jornalista, teve passagens como editora-executiva do CNN Business, além de ter sido repórter na Exame e IstoÉ Dinheiro e líder de conteúdo na Creditas.