Mourão: Não vejo risco nenhum de Bolsonaro não aceitar derrota
À coluna vice-presidente da República avaliou que cenários nos Estados Unidos e no Brasil são totalmente distintos
atualizado
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Em meio à preocupação de lideranças do Legislativo e do Judiciário sobre possível ruptura democrática, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) disse à coluna não vislumbrar qualquer risco de Jair Bolsonaro não aceitar eventual derrota nas eleições presidenciais deste ano.
“Não vejo risco nenhum. Aqui existe a turma da análise pré-estabelecida e que fica torcendo os fatos para que caibam no pacote que criaram: o de que teremos algo similar ao que ocorreu nos EUA (onde o então presidente Donald Trump resistiu a reconhecer a derrota para Joe Biden, em 2020). São processos totalmente distintos”, afirmou Mourão, que será candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul.

A relação de Hamilton Mourão e Bolsonaro sempre foi conturbada. O general, na verdade, não foi a primeira, segunda ou terceira opção do mandatário para vice-presidente. Ele foi, na verdade, o quinto nome “escolhido” após pressão política Igo Estrela/Metrópoles

Pressão essa que, por sinal, explica o motivo pelo qual o "casamento" dos dois nunca andou bem. Prova disso é o fato de o presidente não cogitar continuar com o atual vice para a próxima corrida eleitoral Rafaela Felicciano/Metrópoles

Por ter posicionamentos muitas vezes divergentes dos de Bolsonaro, Mourão já foi chamado pelo presidente como "cunhado que ele tem que aturar” Igo Estrela/Metrópoles

Indo para o quarto ano do mandato presidencial, a distância entre o presidente e o vice está cada vez maior. Bolsonaro, inclusive, chegou a dizer que Mourão “atrapalha um pouco” o governo e que “vice bom é aquele que não aparece” Isac Nóbrega/PR

Jair Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão Hugo Barreto/Metrópoles

Entre diversas provocações feitas a Mourão, Carlos Bolsonaro, filho número 2 do presidente, chegou a insinuar em um twitter postado em 2020 que o vice-presidente conspira para derrubar o pai dele Caio César/Câmara Municipal do Rio de Janeiro

No fim de 2020, Bolsonaro alfinetou Mourão afirmando que demitiria quem propusesse expropriação de terras como pena por crimes ambientais. O interessante é que a proposta era do Conselho da Amazônia, presidido pelo vice-presidente Rafaela Felicciano/Metrópoles

Apesar das investidas negativas, Hamilton diz que “sente falta” de dialogar e de se reunir com o mandatário do país Igo Estrela/Metrópoles

“Não há conversas seguidas entre nós. As conversas são bem esporádicas. Faz falta até para eu entender o que eu preciso fazer”, disse o vice-presidente Rafaela Felicciano/Metrópoles

De acordo com especialistas, Mourão poderia ajudar Bolsonaro a manter o convívio com os poderes, mas o presidente insiste em deixar o vice distante Alan Santos/PR
Nas últimas semanas, Bolsonaro vem dando declarações questionando a segurança e a legalidade das eleições no Brasil. As falas têm sido vistas como uma tentativa do presidente de construir um discurso para não aceitar eventual derrota para o ex-presidente Lula, líder das pesquisas até agora.
Em entrevista à coluna no início de março, Mourão, que é general da reserva, já tinha avaliado como “totalmente desproposital” a tese levantada por alguns setores da sociedade de que as Forças Armadas não aceitarão eventual vitória de Lula nas eleições deste ano.