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“No governo Bolsonaro não há esperança”, diz Vanderlei Luxemburgo

Em entrevista, Vanderlei Luxemburgo, ex-técnico de futebol e pré-candidato ao Senado, comparou Lula e Alckmin a dois atacantes do mesmo time

atualizado

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Eduardo Barretto/Metrópoles
Vanderlei Luxemburgo
1 de 1 Vanderlei Luxemburgo - Foto: Eduardo Barretto/Metrópoles

Aos 70 anos, Vanderlei Luxemburgo tenta trocar os estádios pelo plenário do Senado em uma temporada vitoriosa pelo PSB do Tocantins. No partido de Geraldo Alckmin, vice na chapa de Lula, Luxemburgo atacou Jair Bolsonaro e avisou aos petistas que o jogo eleitoral não está ganho.

Em conversa com a coluna em Brasília, o ex-técnico pentacampeão brasileiro lembrou que seu sobrenome é uma homenagem a uma líder marxista, comparou Lula-Alckmin a Gabigol e Pedro no ataque do Flamengo e contou o que diria a Neymar para que o Brasil vença a Copa do Mundo no fim do ano.

Leia os principais trechos da entrevista.

Por que tentar uma cadeira no Senado pelo Tocantins?
Nasci no Rio de Janeiro, mas estou há 18 anos no Tocantins. No mundo globalizado, posso nascer em um estado e trabalhar em outro. Não existe isso de forasteiro. Eu poderia estar trabalhando no futebol. Sempre que um treinador cai, o meu nome é o que mais surge para substituí-lo. Acho que o estado tem muito potencial. O Tocantins é muito mal gerido, faz política de um modo equivocado. Os investidores estão afastados porque a política lá é feita com pedágio. Quatro governadores foram depostos. Nas notícias, só sai que a Polícia Federal está indo à casa de alguém. Quando o pessoal vê aqueles carros da PF, começa a sair correndo (risos). Vamos fazer um grande time e vencer.

O que pesou para se filiar ao PSB?
O PSB foi o único partido que fez uma autorreforma. Um estatuto de 60 anos precisa ser revisto. Todos os partidos antigos precisam fazer o mesmo, para entender a inclusão social e outras realidades. Essa vinda do Geraldo Alckmin para a chapa do Lula deu uma química que vai mudar muito a política. O ódio que existe na política no Brasil é um negócio de doido. A política precisa ser como num jogo de futebol: “Acabou o campeonato, parabéns, você foi o campeão”. Pessoas que foram antagônicas, como Lula e Alckmin, podem se juntar e fazer coisas boas para o país. O técnico precisa juntar os bons. É como no Flamengo, o clube do meu coração: tem o Pedro e o Gabigol que fazem gols. Como você vai deixar um de fora? Tem que juntar os dois para beneficiar o time, que na política é a população.

O senhor apoiará Lula e Alckmin, certo?
Claro, não tem como não ser. Eu sou amigo do Lula há muito tempo. Lula é carismático, sabe falar o que o povo quer ouvir. E criou na população brasileira a esperança de que as coisas podem mudar. No governo atual, não existe esperança. Conheci o Geraldo Alckmin na filiação ao PSB. A eleição tem uma tendência pró-Lula, mas o jogo não está ganho até o juiz apitar. Senão aparece no finalzinho um gol de barriga igual ao que o Renato [Gaúcho] fez contra mim em 1995 [na final do Campeonato Carioca, quando o Fluminense venceu o Flamengo por 3 a 2 no Maracanã].

Vanderlei Luxemburgo
Técnico Vanderlei Luxemburgo comandou o Vasco da Gama

Que tal o governo Bolsonaro? 
Um trabalhador que ganha o salário mínimo hoje gasta uma hora de trabalho para comprar um litro de leite. Isso está bom? É surreal. Fora a possibilidade citada, a todo momento, de que nós vamos ter um retrocesso no Brasil. É muito grave. Não dá para ficar fomentando isso, colocando medo na população. O brasileiro não quer viver isso novamente. Já houve uma briga para que a ditadura mudasse para a democracia.

No futebol, o senhor já se identificava com ideais à esquerda?
Sim. Na universidade de educação física, fui presidente de diretório acadêmico. Meu avô era torneiro mecânico, presidente do sindicato dos ferroviários. Era foragido da ditadura. Foi para o mato, apossou-se de uma terra e fez uma agricultura familiar. A gente comia o que plantava e também vendia na feira de Tinguá, em Nova Iguaçu (RJ). Meu avô leu um livro da polonesa marxista Rosa Luxemburgo, que foi morta na Alemanha, e colocou na minha mãe o nome Rosa Luxemburgo. O sobrenome não existia na família, foi uma homenagem. E passou para mim. Eu achei que eu deveria entender e seguir aquilo. Alguma razão tinha. Fui estudar, mas sem radicalizar, com uma tendência à esquerda moderada.

O senhor já ganhou uma Copa América treinando a seleção brasileira. O que podemos esperar da Copa do Mundo, no fim deste ano?
O Brasil é um dos candidatos ao título, mas acho que a França está um ou dois degraus acima. O Brasil vai depender muito de como o Neymar vai encarar o campeonato. O Neymar tem que entender que esta é a Copa do Mundo dele, como foi a do Pelé em 1970, como foi a do Romário em 1994. Vai ter que repetir Romário, que disse aos jogadores: “Eu vou ganhar a Copa do Mundo para vocês”. E carregou nas costas. Tem que chamar o Neymar, o pai dele, e dizer: “Esta é a sua Copa do Mundo”.

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