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Ex-diretor da Saúde defendeu interesse de fornecedora do ministério

Mensagens em posse da CPI indicam que Roberto Dias atuou em negócios entre White Martins e VTCLog

atualizado

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Roberto Ferreira dias cpi
1 de 1 Roberto Ferreira dias cpi - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, atuou em negócios entre a White Martins, fornecedora de oxigênio medicinal e gelo seco, e a VTCLog, que armazena vacinas, indicam mensagens em posse da CPI da Pandemia. As duas empresas têm contratos com o ministério.

A troca de mensagens aconteceu entre Roberto Dias e Orlando Amorim, diretor da White Martins. Em 8 de março deste ano, uma segunda-feira, às 22h40, Amorim enviou uma mensagem para o então diretor do ministério com uma reclamação:

“Desde dez/20 nós estávamos trabalhando com o Alexandre da VTC-Guarulhos sobre a necessidade de gelo seco para o transporte das vacinas, inclusive fizemos algumas reuniões e levamos equipamentos para testes. No entanto, para nossa surpresa, apesar de haver um acordo comercial para venda do gelo seco, verificamos que o volume de compras caiu bastante e, após visita, descobrimos que a VTC está comprando de uma empresa de SP chamada Special Gases”.

O texto sugere que trata-se de Alexandre Toledo, diretor da VTCLog, que tem uma filial em Guarulhos (SP). A Special Gases fica na mesma cidade. O gelo seco, citado na mensagem, é usado no armazenamento de vacinas, cuja conservação costuma demandar temperaturas baixas.

O executivo da White Martins seguiu: “O que mais me incomodou foi o fato de todo o trabalho que fizemos, explicações, colocar nossa estrutura em todo o país à disposição para fornecimento de gelo seco e receber este tratamento”. Dois dias depois, ainda sem resposta, Amorim mandou outra mensagem a Dias no fim da tarde: “Boa tarde! Vc pode nos ajudar com o assunto acima?”.

O diretor de Logística da pasta respondeu depois de dois minutos, em três mensagens: “Oi, Orlando desculpe”; “Já estou tratando”; e “Te dou um feedback depois”, ao que Amorim agradeceu. Após seis dias, no início da tarde de 16 de março, terça-feira, Roberto Dias retomou a conversa com um áudio, de conteúdo desconhecido, e disse em seguida: “Resolvido, amigo!”. De pronto, o diretor da White Martins agradeceu: “Muito obrigado!” e enviou uma figurinha, também com teor desconhecido. Dias mandou outra figurinha, e afirmou, rindo: “Para descontrair… kkkkk Abraço”. Orlando Amorim respondeu: “Gostei! Kkkkk”.

Procurada, a VTCLog afirmou que adquire suprimentos e insumos “de acordo com oferta e demanda de mercado” e que desconhece dados da CPI sobre os quais não foi cobrada a se manifestar. A companhia declarou ainda que atua com “governança corporativa e plena legalidade em suas relações privadas e governamentais”, e que está à disposição das autoridades.

Procurada, a White Martins afirmou que, em material que enviou à CPI, o diretor Orlando Amorim consultou Roberto Dias informalmente e por iniciativa própria sobre a “redução dos pedidos de gelo seco por parte da VTCLog, já que a White Martins havia disponibilizado equipamentos para armazenamento do produto em todo o país”. A empresa disse que vende gelo seco à VTCLog desde novembro de 2019, antes da pandemia, por preços em linha com o mercado, e que em 2021 o valor médio dessas vendas foi de R$ 12 mil por mês.

VTCLog é alvo da CPI
Além de Roberto Dias, que foi preso por mentir à CPI em depoimento no último dia 7, os senadores miram em contratos da VTCLog com o Ministério da Saúde. O colegiado convocou a CEO da firma, Andreia Lima, a dar explicações.

A companhia de logística é responsável por controlar a distribuição de vacinas, medicamentos e insumos. Até 2018, quando o ministério era chefiado por Ricardo Barros, atual líder do governo Bolsonaro na Câmara, esse serviço era prestado pela própria pasta. Na semana passada, o Jornal Nacional mostrou que Roberto Dias, então diretor do ministério, autorizou um contrato com a VTCLog por 18 vezes o valor recomendado por técnicos da pasta.

A White Martins teve seu diretor-executivo, Paulo Baraúna, convocado pela CPI em maio, mas o depoimento ainda não aconteceu.

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