Na metodologia, a principal diferença é no modo de realização da pesquisa: presencial ou por telefone. O preço sobe à medida que aumenta o número de entrevistas e tem grande variação: pode ir de R$ 40 mil a R$ 400 mil. As pesquisas presenciais são mais caras.
Segundo dados da Justiça Eleitoral, são presenciais as entrevistas das pesquisas MDA, Quaest e Datafolha. A do MDA custa R$ 197,4 mil e entrevista 2002 pessoas. O levantamento da Quaest ouve 2 mil pessoas, ao custo de R$ 269 mil. O Datafolha ainda não registrou pesquisas neste ano, mas em 2018, nas últimas eleições gerais, uma pesquisa do instituto com 4.260 entrevistados custou R$ 398 mil.
Por outro lado, Ipespe, Poderdata e Futura fazem o trabalho por telefone. A pesquisa do Ipespe custa R$ 42 mil e ouve mil entrevistados. A Futura, por seu turno, paga R$ 93 mil para fazer 2 mil entrevistas telefônicas. Essas entrevistas são conduzidas por pessoas. Já o Poderdata faz ligações por robô, ao custo de R$ 103,7 mil para entrevistar 3 mil pessoas.
Em todos os casos, as pessoas entrevistadas são selecionadas aleatoriamente a partir de certas premissas. Entre elas estão o gênero, a idade e a renda. Os levantamentos costumam ser feitos em todas as regiões do Brasil.
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Em época de eleição, as pesquisas eleitorais são, quase sempre, termômetros importantes para acompanhar o cenário político. No entanto, não é raro observar resultados divergentes entre pesquisas que foram realizadas durante o mesmo período. Isso, na verdade, não aponta erro, mas explica como certas metodologias adotadas por empresas podem influenciar resultados
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Quando não se entende como os estudos são feitos, é comum achar que institutos podem estar tentando manipular resultados. Afinal, por qual motivo as pesquisas eleitorais são tão diferentes e erram tanto, não é mesmo? A resposta é simples: dependendo do local, da escolha de abordagem e até do momento em que as pesquisas são feitas, os resultados podem divergir
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As pesquisas eleitorais são um retrato do momento que os dados foram coletados. Elas não funcionam em tempo real. Por exemplo, se a intenção de voto para um candidato A é alta, mas no dia seguinte as coisas mudam pois ele se envolveu em polêmicas, a pesquisa estará desatualizada e não corresponderá mais à intenção do público
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A metodologia utilizada também pode ser uma variante. As perguntas feitas pelas empresas e até mesmo a abordagem utilizada influenciam na resposta do público
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Por exemplo, levemos em consideração que a empresa B escolheu realizar a pesquisa eleitoral entregando uma lista com nome dos candidatos para que a pessoa possa circular. A empresa C optou por abordar verbalmente pessoas na rua para descobrir a intenção de voto delas. A chance da empresa A conseguir mais participantes na pesquisa é superior às chances da empresa C, e isso já influencia no resultado de uma para a outra
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Além disso, apresentar estímulos que podem afetar a resposta do eleitor, fazer a entrevista pessoalmente, por e-mail ou por telefone e até a ordem das palavras pode desestimular ou estimular a participação. Levando em consideração que várias empresas realizam enquetes, obviamente os resultados serão conflitantes
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O local onde as pesquisas são feitas também pode fazer diferença. Geralmente, áreas onde a renda dos habitantes é baixa, determinados partidos tendem a ganhar, assim como locais onde a renda dos habitantes é mais alta, a preferência por outro determinado partido é nítida. Se um instituto conseguir entrevistar mais pessoas em um local e não no outro, o resultado também será influenciado
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Ou seja, em termos práticos, as empresas, muitas vezes, não estão erradas. As diferenças metodológicas das pesquisas é que definem o resultado
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Apesar de o que possa parecer, as diferenças entre as pesquisas não são mal vistas. Elas, na verdade, ajudam os institutos a compararem os resultados e melhorarem a abordagem para obter resultados mais exatos no futuro
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O MDA tem 47% dos entrevistados do sexo masculino e 53% do feminino, mesmos percentuais da Quaest. O Poder está próximo, com 47,1% de homens e 52,9% de mulheres. Já o Ipespe tem 48% de homens e 52% de mulheres. Variações como essa existem também nos outros recortes dos entrevistados.
A ordem das perguntas e até o questionamento sobre o voto na última eleição podem ser fatores decisivos para o rumo de uma pesquisa eleitoral. Em janeiro, a coluna mostrou que uma pesquisa da Futura, encomendada pelo banco Modal, foi questionada por apresentar diferença de cerca de 15% nas intenções de voto, em comparação com os outros institutos.
A segunda hipótese aventada por Lavareda também se refere à pergunta sobre o voto em 2018. De acordo com o professor, a Futura fugiu da regra e perguntou como os entrevistados votaram em 2018 antes de questionar a intenção de voto para 2022. Procurada, a Futura negou qualquer inconsistência e declarou seguir as normas técnicas.
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