O delegado da Polícia Civil Marcos Cipriano, preso ontem no Rio de Janeiro acusado de acobertar figurões dos jogos de azar, era badalado entre políticos do estado e chegou a ser homenageado com as mais altas honrarias concedidas pela Assembleia Legislativa e pela Câmara Municipal.

Os personagens que propuseram as homenagens falam por si. Um foi o ex-vereador Nadinho de Rio das Pedras, indiciado pela CPI das Milícias na Alerj e executado em 2007. Um ano antes, ele propôs a Medalha Pedro Ernesto a Marcos Cipriano na Câmara.

O outro foi o ex-deputado estadual Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, que chegou a ser afastado do cargo em 2017 por suposto recebimento de propina. Brazão também foi apontado pela Procuradoria-Geral da República como suspeito de ter sido o mentor da morte de Marielle Franco, o que nunca ficou provado. Ele propôs a concessão da Medalha Tiradentes a Cipriano em 2009.

O conselheiro retomou o posto no TCE em 2021 após decisão de Nunes Marques, ministro do Supremo indicado por Jair Bolsonaro à mais alta corte do país. O magistrado justificou que houve demora excessiva por parte dos investigadores e que o prazo de mais de quatro anos de afastamento não era razoável.