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Alvo da PF, empresa de Recife lucrou 30 vezes mais na pandemia

Companhia de material hospitalar foi criada apenas para negociar com prefeitura, diz Tribunal de Contas

atualizado

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Aline Massuca/Metrópoles
Hospital Ronaldo Gazolla, referência no tratamento de Covid no Rio de janeiro pacientes uti
1 de 1 Hospital Ronaldo Gazolla, referência no tratamento de Covid no Rio de janeiro pacientes uti - Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Alvo da PF por contratos com a Prefeitura de Recife na pandemia, a empresa FBS Saúde Brasil aumentou seu lucro líquido em 31 vezes de 2019 para 2020. Segundo o Tribunal de Contas de Pernambuco, a companhia foi criada apenas para negociar com a Secretaria de Saúde de Recife.

Em 2019, o lucro líquido da empresa foi de R$ 103,6 mil. No ano seguinte, em meio às contratações durante a pandemia, o montante passou para R$ 3,23 milhões. A FBS assinou contratos de pelo menos R$ 25,8 milhões com a Prefeitura de Recife para vender materiais hospitalares. As compras investigadas aconteceram em 2020, isto é, na gestão do prefeito Geraldo Júlio (PSB), sucedido pelo correligionário João Campos no ano seguinte.

Em um relatório, técnicos do Tribunal de Contas de Pernambuco escreveram que a empresa mantinha a Secretaria de Saúde como cliente exclusiva, desde a primeira nota fiscal, em 2017.

“A empresa foi constituída visando apenas ao fornecimento para a Secretaria de Saúde do Recife, apresentando, ainda, indícios de incapacidade operacional”, afirmou o documento enviado ao relator do caso, conselheiro Carlos Neves. O caso ainda não foi julgado.

Em junho do ano passado, a coluna mostrou que a FBS era investigada pelo Ministério Público Federal por ter apenas um funcionário, apesar das vendas milionárias à prefeitura recifense. Duas semanas depois, a companhia foi alvo da Operação Antídoto, da PF. A investigação foi aberta após uma denúncia da deputada estadual Priscila Krause, do DEM, e de um ofício da Controladoria-Geral da União.

No relatório do Tribunal de Contas, os auditores afirmaram que a empresa passou a ter dois funcionários registrados, o que manteve a suspeita de irregularidades.

Procurada, a Prefeitura de Recife declarou que todas as contratações da pandemia aconteceram “dentro da legalidade”, e que enviou todos os processos ao Tribunal de Contas estadual.

A FBS Saúde não respondeu.

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