metropoles.com

Gilmar Mendes sugere “ombudsman jurídico” para evitar “imbecilidades”

Ministro do STF recomenda edição de lei para evitar vazamentos indevidos à imprensa. Declaração foi dada durante seminário em SP

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Metrópoles
Ministro do STF Gilmar Mendes
1 de 1 Ministro do STF Gilmar Mendes - Foto: Michael Melo/Metrópoles

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse, na tarde desta segunda-feira (19/2), que o único legado do governo de Dilma Rousseff foi a Lei de Acesso à Informação. Mendes citou a ex-presidente da República durante seminário de jornalismo promovido pela Folha de S.Paulo no teatro Unibes, na capital paulista. O tema proposto para o debate da mesa que Gilmar compunha era “Direitos e deveres: o que é correto na relação fonte-jornalismo”.

“Demos um passo institucional muito importante, que foi a Lei de [Acesso à] Informação. Se no futuro alguém pudesse lembrar alguma coisa boa feita no governo Dilma, seria esta lei de prestar informação, pelo menos é a única coisa que eu me lembro”, disse Gilmar.

O magistrado fez duras críticas ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e sua equipe, a respeito dos vazamentos de informações sigilosas: “Tem-se a necessidade de se fazer uma lei de abuso de autoridade [para coibi-lo], em que só se divulgue o que é divulgável. Mas não [se deve] escolher amigo para indicar o que vai ser divulgado. Isso é um flagrante abuso. Uma pessoa bem próxima da atual procuradora [geral da República, Raquel Dodge] me contou que o dr. Janot tinha 11 jornalistas para vazar informação”.

Gilmar Mendes citou três casos nos quais ele considera que a imprensa, subsidiada com dados repassados pelo Ministério Público, errou. O primeiro deles envolve Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência da República na gestão de Fernando Henrique Cardoso.

“Os senhores da Folha [de S.Paulo] se lembram – não falam mais, mas se lembram – daquela figura estanha: o procurador Luiz Francisco [de Souza]. Era uma figura engraçada, que inventava processo, fazia publicar e depois investigava. Ele engendrou o processo do caso Eduardo Jorge e deu ensejo, talvez, a um dos mais sistemáticos massacres feitos contra uma autoridade pública”.

Ele ainda se lembrou da Operação Satiagraha, conduzida pelo ex-delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que acabou anulada pela Justiça por uso de provas ilegais. “Acho, inclusive, que era a oportunidade de os jornais fazerem um mea-culpa: ‘aqui, nós éramos todos cativos deste tipo de cooptação’. Como a mídia se deixou dominar por um personagem tão rastaquera?”, provocou o ministro.

Gilmar Mendes ainda referiu-se à prisão de André Esteves como um erro, desta vez atribuído à Justiça, mas cometido graças à “narrativa da equipe de Janot, amplamente divulgada em prosa e verso pela imprensa”, segundo o ministro.

Contra “imbecilidades”
Para evitar o que chamou de “clássicos da má informação”, Gilmar Mendes propôs a criação da figura do “ombudsman jurídico” – quem, de acordo com o ministro, analisaria as “imbecilidades” passadas aos jornalistas.

No momento aberto a perguntas da plateia – as quais foram intermediadas pela jornalista Maria Cristina Frias –, Gilmar Mendes foi questionado sobre qual o mecanismo para a correção dos erros do Judiciário, já que a imprensa tem seus meios e métodos para retificações. O ministro admitiu que, no “Supremo, a gente erra por último”, mas afirmou que as próprias discussões nessa instância são um mecanismo para a correção de equívocos.

No ponto alto do debate, quando Gilmar Mendes dizia que alguém lesado por um artigo teria de esperar no mínimo 5 anos até ter acesso a um direito de resposta, o ministro foi interpelado pela mediadora: “E o que o senhor acha de um ministro ficar 5 anos para devolver um pedido de vista?” A plateia aplaudiu, e Gilmar Mandes disse que faltavam às pessoas informações de como funciona o Supremo.

“Quem perguntou está querendo saber sobre o caso de Jucá. Não se trata de má-fé dos presidentes [do STF] não ter colocado o caso em pauta, é preciso conhecer a realidade dos tribunais. Nós temos mais de mil processos para entrar na pauta, eram mais de 10 mil antes da Repercussão Geral”, justificou. E deu mais uma beliscada no Ministério Público: “Este processo ficou um ano na Procuradoria, poderiam oferecer denúncia. E vejam que a Procuradoria nem sempre é tão crítica para fazer denúncia. Não ofereceram porque não havia elemento mínimo”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?