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DF: trabalhadores de hospitais de campanha denunciam atraso de salário

Problema ocorre em quatro locais administrados pela Associação Saúde em Movimento (ASM), que alega atraso nos repasses

atualizado

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Divulgação
Hospital de Campanha PMDF
1 de 1 Hospital de Campanha PMDF - Foto: Divulgação

Centenas de trabalhadores contratados para atuar em hospitais de campanha de combate à Covid-19 na rede pública do DF estão com salários atrasados. Profissionais de saúde reclamam que a Associação Saúde em Movimento (ASM), responsável por administrar mais de 200 leitos, não pagou salários de maio e, em alguns casos, de abril. As reclamações referem-se aos atendimentos nos hospitais de campanha da Polícia Militar e de Santa Maria.

Uma enfermeira, que preferiu não se identificar, presta serviços no Hospital de Campanha da Polícia Militar do DF, e conta que o problema é geral. “Isso nunca tinha acontecido, mas, agora, está um problema grande. Não estamos conseguindo respostas. A empresa é baiana, e a maioria dos funcionários do alto escalão não mora aqui, o que dificulta o contato”, relata.

Segundo a funcionária da unidade hospitalar, há um grupo de WhatsApp com alguns membros da ASM que não forneciam respostas diretas sobre o pagamento que deveria ter ocorrido no início do mês. Nesta terça-feira (8/6), uma nota foi encaminhada e gerou mais dúvidas. “Ficou parecendo que só vão nos pagar se o contrato for renovado. Tenho filho para criar, aluguel para pagar… A gente não pode se matar de trabalhar para acontecer algo assim”, reclamou a colaboradora.

A nota, obtida pela coluna Grande Angular, diz que as tratativas para a assinatura de novo contrato causaram o “atraso do repasse financeiro estipulado no contrato, firmado com o Distrito Federal, nº 104/2020, o que, de fato, impactou diretamente na situação econômica e financeira da ASM, culminando assim, de forma imprevisível, inevitável e alheia à vontade desta instituição, no atraso salarial dos seus empregados referente à competência de maio de 2021”.

Confira:

A reportagem conversou com uma técnica de enfermagem que trabalha nos leitos de Santa Maria, que confirmou o mesmo problema por lá. “No nosso caso, está uma dúvida muito grande, pois paramos de receber pacientes em um determinado ponto. Vimos muito maquinário sendo retirado, e ninguém fala nada”, disse.

O contrato dela acaba no fim do mês, mas a profissional teme atraso no pagamento das obrigações trabalhistas. “Eles falam que estão aguardando a renovação do contrato… Se não renovar, vão fazer como? Todo mundo está numa situação difícil, sem salário, e estamos aguardando”, comenta.

Relatos de atrasos também foram passados à reportagem no Hospital de Base e em Ceilândia, todos geridos pela AMS.

Situação dos médicos

Terceirizados, os médicos recebem os salários de outra forma, mas enfrentam o mesmo problema de atraso. Enquanto as outras categorias são contratadas com carteira assinada, eles recebem por intermédio de outra empresa, que faz a distribuição dos salários.

Por causa desta intermediação, o pagamento desses profissionais sempre ocorre entre os dias 20 e 30 do mês seguinte ao trabalhado. Desse jeito, eles deveriam ter recebido o salário de abril no fim de maio, o que não ocorreu. “Nós não temos vínculo, estamos bem vulneráveis. A empresa que faz essa intermediação disse que ainda não recebeu o dinheiro e está aguardando o repasse”, explica um médico do hospital de campanha da PMDF.

A reportagem teve acesso a uma nota da empresa Sanos Med enviada aos médicos explicando a situação. No documento, é dito que “o único motivo informado [para os atrasos], repise-se, é o atraso no repasse governamental”.

Veja:

O que dizem os envolvidos

Procurada, a Secretaria de Saúde informou que “os repasses para a empresa ASM estão em dia. O pagamento do último mês está em fase de instrução, dentro do prazo previsto em contrato”.

Contatada pela coluna, a superintendente da ASM, Ana Paula Marques Pereira Silva, afirmou que o contrato da empresa com o GDF se encerrou em 22 de maio por “término de saldo contratual”.

“Ele (o contrato com a SES) iria até 30 de junho, mas não tinha mais saldo de diária. Prestamos conta, e estamos esperando a quitação para fazer o pagamento de colaboradores e credores. A SES recebeu ofício, e aguardamos a decisão deles. Por sermos uma organização social, não temos como arcar com as despesas, uma vez que a gente depende do repasse mensal para fazer isso”, justificou.

A reportagem tentou contato com a Sanos Med, que distribui o dinheiro pago aos médicos, mas não obteve resposta.

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