A Seleção Brasileira de futebol feminino fez esses dias mais um amistoso na Austrália, com transmissão da Globo, e os números da audiência comprovam que as mulheres estão cada vez mais chamando a atenção do telespectador e, consequentemente, dos anunciantes. Os dados do Ibope apontam para uma média de 6 pontos e 39% de participação, entre 5h45 às 7h40.
Já havia sido mais ou menos assim nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A eliminação dramática da Seleção para o Canadá (foi derrotada nos pênaltis, dia 30/07) aumentou a audiência da Globo em 29% na faixa das 4h48 às 7h54. No mercado nacional, 50 de cada 100 televisores ligados ficaram sintonizados na Globo.
Desde 2019, na tentativa de incentivar a modalidade, a CBF e a Conmebol obrigaram os clubes a formarem um departamento feminino nos times nacionais. Ou seja, foi “a fórceps”, mas acabou dando resultados. Essa obrigatoriedade impactou os clubes no desenvolvimento de suas equipes femininas.
Hoje a CBF tem um Ranking Nacional de Clubes de Futebol Feminino que conta com 88 times. O Corinthians está na liderança, seguido de Ferroviária de Araraquara, Flamengo e Santos.
O Brasil teve o privilégio de revelar a rainha Marta, a única jogadora a ganhar seis bolas de ouro, sendo a maior vencedora do prêmio da Fifa – ela foi eleita em 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018.
Outro dia ela recebeu um afago de ninguém menos que o Rei Pelé, que escreveu em suas redes sociais: “Marta, muito mais que uma jogadora, você é uma inspiração”.
Por tudo isso, é natural que possamos acreditar que o futebol feminino tem muito futuro no Brasil. Novas estrelas estão surgindo, como Giovana (18 anos), que atua no Barcelona, e fez a sua base no Atlético de Madrid, Angelina (21), Júlia Bianchi (23), Geyse (23) e Ludmila (25), dentre outras.
Porém, as herdeiras de Marta terão que pagar um preço bem mais alto e serão certamente muito mais cobradas do que a “rainha”. Sim, porque, na medida em que o futebol feminino vai ganhando projeção e mais profissionalismo, chegará o momento em que o torcedor e os patrocinadores (sempre eles!) exigirão resultados e principalmente a conquista de títulos.
Elas só serão realmente grandes quando não for preciso conformar-se, por exemplo, com derrotas como a dos Jogos de Tóquio. Elas só vão poder brigar por melhores salários quando colocarem um fim em manchetes do tipo “valeu, guerreiras!”, para justificar eventuais frustrações.