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Caso Felipe Prior: advogada de defesa da vítima é ameaçada

Fãs do ex-BBB enviaram mensagens e fizeram ligações anônimas para Maira Pinheiro, que atua no processo em defesa da jovem atacada

atualizado

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Instagram/Reprodução
Felipe Prior no novo apartamento
1 de 1 Felipe Prior no novo apartamento - Foto: Instagram/Reprodução

A criminalista Maira Pinheiro, que atua no processo em defesa da jovem estuprada por Felipe Prior, vem sendo ameaçada por fãs do ex-BBB tanto pelas redes sociais como por telefone. Em conversa com o G1, a advogada da vítima deu detalhes das mensagens e contou que, em apenas uma madrugada, recebeu 20 ligações anônimas. O caso ganhou ainda mais repercussão depois que a Justiça condenou, em primeira instância, o arquiteto a 6 anos de prisão em regime semiaberto.

“Os fãs dele [Felipe Prior] são muito virulentos. Minhas redes sociais chegavam a ter mais de 100 mensagens, todas de ataque, de ódio, me xingando com palavras machistas, me atacando no exercício da profissão. A minha imagem foi muito explorada. Mas isso faz parte do jogo né? A gente não tem medo de fanático”, afirmou ela.

Ainda na entrevista ao postal, Maira detalhou algumas da ofensas recebidas: “Vagabunda, vadia. Esse tipo de palavra. Porque é isso que nós mulheres somos quando desagradamos o patriarcado. E como a gente estava indo para cima de um criminoso em série, que tem um padrão de predação de mulheres, a gente desagrada o patriarcado. Mas não é algo que nos intimide”, declarou.

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A especialista ainda revelou que seus colegas de profissão que atuaram no caso nunca foram vítimas: “Para as mulheres, ser atacada e ameaçada no exercício da profissão é mais comum do que para os homens”.

De acordo com o relato ao G1, a conversa de Maira com o homem misterioso que ligou para ela na madrugada aconteceu da seguinte forma: ele afirmou que queria conversar com ela, afirmou que sabia onde Themis morava e a ameaçou dizendo que tinha muitas fontes. Maíra, por sua vez, revelou que só atendeu porque as chamadas eram constantes e queria descansar.

A denúncia da jovem, identificada como Themis, foi registrada em 2020. Depois, disso, ela passou a receber ataques diários. Maira compartilhou com o G1 alguns prints. Em conversa com o Fantástico, no último domingo, a vítima deu alguns detalhes: “Muitas mensagens de ódio, perseguições, pessoas ameaçando não só a mim, mas as outras meninas também, falando que a gente estava atrás de fama. Eu estou em anonimato porque eu não quero ser marcada por essa história”, disse.

E continuou seu desabafo: “Foi muito doloroso ver as pessoas comentando sobre o processo e tudo o que aconteceu de uma forma muito agressiva. Em cima de nós. Ser desconsiderada dessa forma e sem ao menos saber a minha história e considerar a nossa dor. Foi muito doloroso”.

Além de Themis, outras três mulheres acusam Felipe Prior de estupro. Todas receberam codinomes inspirados em divindades femininas para resguardar suas identidades, como Freya, Ísis e Diana.

Prior se pronunciou sobre a condenação

Depois de a condenação de Felipe Prior virar notícia, na semana passada, os advogados do ex-BBB resolveram emitir um comunicado sobre o caso. No texto, postado nas redes sociais do arquiteto, a assessoria jurídica afirma que tem certeza da inocência do cliente e fala sobre condenação sem julgamento. Os comentários foram bloqueados na publicação.

“Através do presente comunicado, com pesar, mas profundo respeito, a defesa de Felipe Antoniazzi Prior recebeu informações pelos meios de comunicação da sentença de procedência da ação penal. A qual, inclusive, sequer foi publicada e se encontra em segredo de Justiça”, começou a nota.

E continuou: “A sentença será objeto de Apelação, face a irresignação de Felipe Antoniazzi Prior e de sua defesa, que nele acredita integralmente, depositando-se crédito irrestrito em sua inocência e de que, em sede recursal, lograr-se-á sua reforma, em prestígio à Justiça, reconhecendo-se sua legítima e verdadeira inocência, que restou patentemente demonstrada durante a instrução processual”.

No fim, os advogados de Pior falam sobre condenar uma pessoas sem que o julgamento tenha acontecido: “Reafirmando-se a plena inocência de Felipe Antoniazzi Prior, repisa-se ser esse seu status cívico e processual, à luz da presunção de inocência, impondo-se a ele, como aos demais cidadãos em um Estado Democrático de Direito, como o pátrio, respeito, em primazia ao inciso LVII, do artigo 5º, da Constituição Federal brasileira que preconiza que ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatório’, para que não se incorra em injustiças, como muitas já assistidas, infelizmente, em nosso país”, encerrou.

Comportamento com a vítima

O nome de Felipe Prior foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter após ele ser condenado, em primeira instância, a seis anos de prisão, em regime semiaberto, por um caso de estupro ocorrido em 2014 e denunciado em 2020. Além da decisão em si, o que chamou a atenção foi a descrição que o processo fez da forma com que o ex-BBB teria se comportado com a vítima, chamada de Themis. A notícia foi revelada pela coluna Universa, do UOL.

Na decisão, a juíza Eliana Cassales Tosi Bastos, da 7ª Vara Criminal de São Paulo, afirmou não ter dúvidas de que houve crime e detalhou o abuso, afirmando que ele usou força física “segurando-a pelos braços e pela cintura, além de puxar-lhe os cabelos, ocasião em que Themis pediu para ele parar, dizendo que ‘não queria manter relações sexuais’”.

A condenação foi definida no último sábado (8/7), mas Felipe Prior pode recorrer ao processo, que corre em segredo de Justiça, em liberdade. Os autos citam o prontuário da vítima emitido na unidade de saúde onde ela foi atendida. O documento constatou que laceração na região genital.

O processo ainda traz como prova prints de mensagens entre Themis e o réu. Além disso, há os depoimentos dela e do ex-BBB, além de relatos de testemunhas, tanto da defesa quando da acusação.

Ao site, Maira Pinheiro, advogada das vítimas, afirma receber “com muito alívio [a sentença] após três anos e meio de muita luta”: “Nossa cliente foi achacada, nós, advogadas, fomos muito atacadas durante esse processo, e essa condenação vem como reconhecimento de que tínhamos razão desde o início”, afirmou ela.

Ela contou, ainda, que vai recorrer da decisão pelo regime semiaberto, pois considera a punição leve “dada a brutalidade do crime”. Além disso, ela contesta o fato de ele recorrer em liberdade, já que são três denúncias do mesmo crime: “Esperamos que, nas instâncias superiores, a pena seja aumentada, e o regime seja o fechado”, comentou ela.

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