Pioneira, Mercedes Urquiza fala da construção de Brasília em evento
Para celebrar os 63 anos da capital federal, a escritora relembrou momentos marcantes da história em bate-papo no shopping Liberty Mall
atualizado
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Em 21 de abril de 1960, Brasília foi inaugurada e tornou-se oficialmente a capital do Brasil. De lá para cá, a cidade, que antes nem constava no mapa, transformou-se no principal ponto político e onde são tomadas as decisões mais importante do país.
Para que o sonho de “50 anos em cinco” de Juscelino Kubitschek se realizasse, foi necessário que muitas mãos trabalhassem para tirar do papel o plano ambicioso. Uma dessas pioneiras é a argentina naturalizada brasileira Mercedes Urquiza.
Em 1957, a escritora e seu marido, Hugo Maschwitz, decidiram sair de Buenos Aires para começar a maior aventura de suas vidas. Colocaram um baú com poucos pertences dentro de um Jeep e viajaram por 48 dias para se juntar aos candangos na construção de Brasília.
“Nos impressionou bastante que a capital deixaria de ser o Rio de Janeiro para ser um lugar desconhecido. Veio esse desejo de fazer algo completamente radical, de mudar de vida. Deixamos nossas famílias tradicionais na Argentina para começar tudo do zero. Quando cheguei ninguém acreditava que Brasília seria inaugurada em 1960, mas eu acreditava”, revela Urquiza à Coluna Claudia Meireles.
Sem dinheiro e sem conhecer ninguém, o casal foi viver na Cidade Livre, onde hoje é o Núcleo Bandeirante, em um barraco de madeira, sem água quente, luz e telefone. Participando ativamente da criação, Mercedes trabalhou como corretora da Novacap e revendedora de material de construção para os primeiros prédios da cidade.
A paixão e a solidariedade das pessoas fez com que Hugo e Mercedes ficassem de vez em terras brasilienses. Diante de tantas lembranças, ela lançou, em 2018, o livro A Trilha do Jaguar: na Alvorada de Brasília.
Na autobiografia, a pioneira conta a história do quadradinho pelo olhar de quem esteve presente desde o início até a inauguração — dia que ficou gravado em sua memória.
“Foram dois dias que o coração ficou aos pulos, a gente chorava de emoção. Hoje em dia, fico muito feliz de ver que a capital continua crescendo e sendo referência de qualidade de vida no país. É uma cidade tão maravilhosa, que eu acredito desde 1957, que Brasília é a terra prometida”, afirma.
A obra literária foi traduzida em inglês e espanhol e já foi apresentada pelo Brasil na Feira do Livro de Gotemburgo, na Feria Internacional del Libro, em Buenos Aires, na Feira do Livro de Lisboa e na sede da embaixada do Brasil em Roma.
Exposição
Para celebrar os 63 anos de Brasília e ressaltar a importância de pessoas que fizeram parte da história, o Liberty Mall promoveu um bate-papo com Urquiza, na noite de quarta-feira (19/4).
Na ocasião, a escritora autografou seus exemplares e aproveitou para anunciar o lançamento do segundo livro. Nomeado de A trilha no Jaguar: Brasília, minhas memórias, a obra deve ser disponibilizada ainda no primeiro semestre do ano e traz relatos sobre o que aconteceu após a inauguração da capital.
Além disso, o shopping terá uma exposição com fotos do acervo de Mercedes Urquiza. As imagens, tiradas pelo premiado fotógrafo sueco Ake Borglund, mostram a vida dos candangos que trabalharam na época. “Com isso, consegui divulgar Brasília pelo mundo”, relembra.
A mostra, realizada junto com o Museu Vivo da Memória Candanga, fica aberta ao público até dia 30 de abril.
Confira os cliques da noite:
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