metropoles.com

Entenda por que é tão difícil manter o ritmo de estudos para concursos

Trocar grandes metas por “microresoluções” ajuda – e muito – a criar hábitos produtivos

atualizado

Compartilhar notícia

iStock/Foto ilustrativa
cansaço estudo
1 de 1 cansaço estudo - Foto: iStock/Foto ilustrativa

Nenhum maratonista começou seus treinos correndo os 42km de uma prova. Porém, ainda existe uma parcela enorme de concurseiros que acredita que, se não estudar uma grande quantidade de horas por dia desde o início, não terá chance de aprovação. A lógica de estabelecer um hábito viável e de menor dedicação para só então aumentar o ritmo parece não fazer sentido quando se trata de concurso público. O resultado muitos conhecem: o cansaço e a frustração se sobressaem e a desistência é um caminho inevitável.

Com tantos concursos previstos e editais sendo publicados, a corrida para conquistar uma vaga se torna mais acirrada e a ansiedade de estar preparado a qualquer custo faz com que os candidatos atropelem etapas essenciais. A frase popular “sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho” é verdadeira, entretanto, entre vislumbrar uma posição estável e bem-remunerada de trabalho e ter um plano de ação sustentável para conquistá-la, há uma lista de requisitos a serem atendidos.

Falta de prática
Quem não tem o costume de sentar e estudar nem sequer por duas horas diárias dificilmente conseguirá se comprometer com seis horas de um dia para o outro. Aqueles que tentam esbarram em um custo de esforço alto demais para fazer com que a tarefa seja realizada com a consistência necessária até a aprovação e ficam pelo caminho.

O cenário se agrava ainda mais quando não há preparação da atual rotina – com todas as responsabilidades e papéis já exercidos – para permitir que a jornada de estudante seja parte integrante, e não um intruso indesejado. Minimizar os impactos negativos significa melhorar o uso de recursos escassos: tempo, dinheiro e energia (física e emocional).

Lições de Wall Street
Em Pequenas Atitudes, Grandes Mudanças (Editora Sextante), a norte-americana Caroline Arnold sugere que as grandes decisões do dia a dia sejam transformadas em microresoluções até se automatizarem.

Frustrada com sua incapacidade de cumprir suas resoluções de Ano-Novo – como 88% das pessoas, segundo pesquisa que apresenta –, a executiva de Wall Street usou suas próprias experiências e a de amigos para propor uma nova maneira de criar hábitos e promover transformações que levassem todos a um contexto mais produtivo e satisfatório diante das rotinas.

Apesar de parecer muito diferente à primeira vista, o ambiente de alta exigência por resultado do mercado financeiro tem diversas similaridades com o mundo dos concursos. Alguns pontos comuns são as incertezas, a pressão contra o tempo, as oscilações das decisões externas, um perfil de profissionais com valores de excelência bastante rígidos e autocobrança nas alturas.

As consequências de comportamentos tão desgastantes também são parecidas: estresse constante, alimentação ruim, baixas qualidade e quantidade de sono e de descanso, relações sociais conflitantes, dores e doenças físicas, além de altos índices de transtornos psicológicos, como síndrome do pânico, crises de ansiedade e depressão.

Pequenos hábitos poderosos
Todas as atitudes seguem um padrão, até mesmo quando elas são aleatórias. Ou seja, produtivos ou não, os seres humanos são movidos a partir de hábitos. Alterá-los exige não só uma dose maior de energia quanto uma estratégia para funcionar.

A decisão de não querer mais uma atitude na rotina é o primeiro passo, seguido da definição de como fazer com que o novo jeito de agir seja viável, em pequenos passos, como sugere a autora de Pequenas Atitudes, Grandes Mudanças.

Assim, se a intenção é se comprometer com a preparação para as provas de concurso, definir uma microresolução de uma hora de estudo diária inegociável é muito mais eficiente do que começar fixando seis horas sem ter uma prévia ambientalização.

O mesmo pode ser feito para outras situações mais difíceis de se habituar, como o horário de dormir e acordar, hábitos de alimentação ou de atividades físicas. Define-se o menor passo, criam-se os métodos e os mecanismos para driblar qualquer empecilho ou distração e parte para ação contínua com a frequência necessária para se tornar automático.

Um passo de cada vez
Para aumentar a eficiência da proposta, é indicado fazer uma lista detalhada do modo de agir que levará ao comportamento desejado e testá-lo, fazendo as adaptações nos primeiros dias. Afinal, é possível que sejam necessários alguns ajustes preliminares – como escolher um bom ambiente de estudo – para, só então, começar a prática de um novo hábito.

O período para que uma nova rotina produtiva se estabeleça varia de acordo com a complexidade da tarefa, a resistência à mudança e a importância que se dá à persistência. Como referência, estudos científicos estabelecem prazos de 28 a 66 dias.

Outro cuidado importante é não se sobrecarregar. A recomendação de Caroline é não ultrapassar duas microresoluções simultâneas. Automatizada uma nova atitude, o espaço está liberado para escolher outra.

Aderir a uma proposta de desafios pessoais constantes estimula a motivação e a criatividade, habilidades muito proveitosas aos concurseiros. A primeiro delas é, sem dúvida, o autoconhecimento.

Compartilhar notícia