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Sexo explícito e Síndrome de Estocolmo: entenda polêmica do filme 365 Dias

Longa da Netflix divide opiniões quanto à temática e é considerado o novo 50 Tons de Cinza. A coluna opina e traz a visão de um especialista

atualizado

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Cena do filme 365 Dias
1 de 1 Cena do filme 365 Dias - Foto: Foto: Reprodução

Nesta semana, um dos mais recentes lançamentos da Netflix chamou a atenção do público por suas cenas de muito (muito) sexo e temática polêmica.

O drama erótico 365 Dias, estrelado por Anna Maria Sieckluka e Michele Morrone, conta a história de um mafioso italiano que sequestra uma mulher e dá a ela o prazo de 365 dias para se apaixonar por ele. Caso contrário, ele a libertaria.

Por conta da carga erótica, o longa chegou a ser chamado pelo público de o novo 50 Tons de Cinza. Contudo, os títulos diferem tanto na intensidade das cenas de sexo (que em 365 Dias são, sem dúvidas, mais explícitas), quanto na questão BDSM, que só é abordada no filme polonês em uma das cenas – ainda que todo o sexo contido nele tenha uma pegada mais agressiva.

Mesmo que as transas sejam bonitas de se ver, elas são, além de frequentes, bastante longas. Isso pode ser positivo ou negativo – a depender das preferências de quem assiste.

Romantização disfuncional

Mas o que causa mais polêmica é o contexto em que tudo acontece, já que a paixão em questão é vivida por um sequestrador e sua vítima. Na internet há críticas à clara romantização de uma relação abusiva, na qual a mulher está visivelmente com Síndrome de Estocolmo.

“Síndrome de Estocolmo é quando uma pessoa, dadas as condições de cárcere, começa a desenvolver afeto pelo agressor. Neste caso, o cárcere não necessariamente seja a prisão em si, mas também um relacionamento em que é constantemente intimidada”, explica o psicólogo e terapeuta sexual André Almeida.

Esse laço afetivo, ainda que controverso, acontece com frequência e, segundo o especialista, podem ser justificados ou por experiências anteriores, em que o afeto e a intimidação ficavam confusas, ou por mecanismos de defesa.

“Na cabeça da pessoa, se ela desenvolve uma relação com o agressor, fica mais fácil negociar e ter respostas menos violentas vindo dele”, diz.

Sobre colocar situações disfuncionais – como um sequestro – em moldes de “paixão avassaladora” e “amor improvável”, André argumenta que, mesmo em forma de entretenimento, pode ser danoso.

“Filmes assim podem fazer a pessoa idealizar que um relacionamento abusivo, que nós lutamos tanto contra, é um romance. A violência é vista como normal, o que faz com que muita gente não enxergue ou não consiga sair dessas situações”, garante.

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