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As pessoas estão traindo mais na quarentena? Entenda os motivos

Especialista explica possíveis motivações para procurar relacionamentos extraconjugais e aponta como a pandemia contribui

atualizado

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Foto: Peter Cade/Getty Images
Homem olhando o celular enquanto a mulher dorme
1 de 1 Homem olhando o celular enquanto a mulher dorme - Foto: Foto: Peter Cade/Getty Images

Com o período de quarentena, o número de divórcios aumentou exponencialmente. Por outro lado, aparentemente cresceu também o número de buscas por novidades fora dos relacionamentos. É o que aponta um levantamento feito pela Ashley Madison, plataforma especializada em relacionamentos extraconjugais.

Para entender o aumento e os motivos pelos quais as pessoas traíam mesmo sem poder sair de casa, a empresa fez uma pesquisa com os usuários e, entre as motivações, foram listados: ter alguém para esperar (34%); ter uma distração (23%); ter alguém com quem conversar (14%); manter o senso de normalidade (13%) e manter a libido (10%).

Para Mariana*, de 37 anos, os matches e encontros servem para compensar o desgaste e monotonia do casamento, além de levantar a autoestima.

“Com o isolamento não consegui marcar encontro físicos, mas conheci várias pessoas interessantes. No site recebo vários pedidos e isso mexe com meu ego. Troco mensagens, nudes…”, conta.

Para o terapeuta sexual André Almeida, é importante ressaltar que as “puladas de cerca” muito se dão por conta do padrão de monogamia e amor romântico que é imposto às pessoas e fazem com que elas não levem desejos e vontades para a parceria.

“Nós, enquanto seres humanos, sentimos atração sexual por outros indivíduos, mesmo estando em um relacionamento. Dado o amor romântico, essa atração não é colocada em pauta nos relacionamentos, não se conversa sobre. Isso, muitas vezes, leva as pessoas a terem relações extraconjugais”, explica.

Além disso, a pandemia tem sido um fator de peso nessa questão. Já que, segundo o especialista, possíveis problemas que já existiam ficaram piores com a hiperconvivência, porque as pessoas não conversam. “Começam a procurar reforçadores do lado de fora, porque dentro está incômodo”, diz.

Porém, ainda que existam diversos possíveis “motivos” mais profundos para uma traição, André afirma que pode ocorrer apenas pela curiosidade, uma vontade de ter outra experiência – mesmo estando tudo bem entre o casal.

Trato é trato

Independente da modalidade de relacionamento, há regras. E que o pior, segundo o sexólogo, não é o desejo de ter novas experiências, mas sim a falta de diálogo e o rompimento desse “contrato” pré estabelecido entre as partes.

“Pode ser uma monogamia, um swing ou um relacionamento aberto. Existem um monte de regras que fazem com que aquelas pessoas consigam se relacionar de forma harmônica. Se você as quebra, quebra também confiança, lealdade e motivação de estar junto”, explica.

Sem contar que, ao se relacionar com pessoas fora do relacionamento “às escuras”, a parceria acaba sendo colocada em risco no que diz respeito a possíveis doenças sexualmente transmissíveis.

Por que não terminar?

Mesmo que a traição nem sempre ocorra porque o relacionamento está ruim, André explica que alguns fatores fazem as pessoas preferirem procurar uma experiência extraconjugal e insistir em uma relação falida do que terminar tudo.

“Às vezes existe envolvimento familiar, mesmo ciclo de amizades e outras coisas que deixam tudo muito sinérgico para simplesmente terminar. Sem contar com dependência financeira, filhos, ou simplesmente não querer perder a pessoa por ter apreço por ela”, diz.

Sobre a crença de algumas pessoas de que uma traição pode “ajudar” um relacionamento, André garante: isso não existe. “Nada substitui diálogo, respeito e renovação de repertório”, indica.

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