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Maternidade é feita de rotinas. Como é a sua?

Apesar de diversos possíveis imprevistos, é importante para a criança ter a segurança do que virá em seguida

atualizado

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1 de 1 1256 - Foto: Unsplash/ Alexander Dummer

Todo mundo que tem filho pequeno deve ter ouvido, em algum momento, aquela dica amiga de outras mães (ou do pediatra, da avó, da tia): criança precisa de rotina. Para elas, é importante fazer as mesmas coisas mais ou menos nos mesmos horários todos os dias, pois dá segurança em relação ao que vem em seguida.

Confesso que, no começo, eu demorei para incorporar o conselho. Não entendia muito bem como podia haver rotina, sendo que o bebê dormia várias vezes, em horários picados. Quando parecia ter engrenado um modus operandi, pum, lá vinha um salto de desenvolvimento, um dente ou uma doença para bagunçar tudo. A única rotina possível e imutável era o banho (sagrado), em algum momento depois do anoitecer.

Mas aí ele foi crescendo, veio o segundo filho e eu precisei me apegar à rotina e aos rituais. Eu costumava ficar sozinha em casa com eles à noite, então, era criar um protocolo de ação ou sucumbir. Rotina com filhos virou um mantra e a chave da minha sanidade mental.

Por exemplo, depois da escola, temos nossos combinados. Chegar em casa, guardar os calçados na sapateira (às vezes, só depois de uns três berros meus), lavar as mãos, jantar e tomar banho. Depois de tudo isso, alimentados e cheirosos, eles podem ver desenho e/ou comer doce (se for sexta-feira).

Essa rotina faz com que a hora seguinte à minha chegada em casa seja como uma maratona. Eu vou correndo, inspecionando as mochilas, eventualmente preparando o jantar (se o Lourenço já não tiver se encarregado) e dando ordens: já para o banho, leve a roupa suja para o balde, recolha os brinquedos!

Quando eu termino de pentear o último a sair do banho, solto um suspiro de alívio. Venci a primeira fase da corrida!

Mas o problema mesmo é a fase seguinte: a hora de dormir. Basicamente, porque eles sempre tentam corromper a rotina de ir para a cama (e parece que têm ficado cada vez melhores nessa missão). Primeiro, a gente lia um livro a pedido de cada um. Mas somos moles e fãs de literatura e eles, espertos, sacaram o rolê. Agora, exigem dois livros cada. Quando a obra é fina, tentam empurrar a terceira.

Vencida a etapa leitura, tem início a fase “tá com pulga na cueca”. Parece que, de tão exaustos, eles não conseguem ficar parados. Balançam braços e pernas, puxam a cortina, estalam os lábios e começam a implicar um com o outro. “Mãe, o Solano me encostou!” Meu Deus do Céu, menino, quem tem corpo encosta!

O pequeno, por sua vez, fica literalmente jogando o peso em cima de mim e do irmão e, por vezes, nos dando cabeçadas, para encher o saco mesmo e causar. Só é fácil quando ele assume: “Mãe, tô ‘cansativo’. E pede para ir deitar. Eu acho uma fofura e explodo de alegria, porque a ocasião é rara.

Depois de muito sufoco, eles dormem e eu agradeço pela paz alcançada. Desligo as luzes, ligo o ventilador. E aí cumpro a rotina mais gostosa de todas: aquele beijo na bochecha molenga de cada um deles, sentindo o cheirinho de criança e olhando para as pernas em cima da cama: como vocês cresceram!

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