Por que a decoração da casa pode influenciar nossas vidas?

A gente sabe que ama nossa casa quando chega de uma viagem maravilhosa e, em vez de se sentir triste com o fim das férias, fica imensamente feliz ao abrir a porta e reencontrar o lar todo ajeitadinho, com tudo o que a gente gosta. Quando um domingo inteiro sem compromissos significa 24 horas pra curtir a própria casa. Quando você está sentado no sofá com a televisão ligada e, em vez de olhar pra tela, fica observando o espaço, completamente apaixonado com o que vê. Quando não se importa com o que os outros vão pensar das suas escolhas decorativas mas, sim, em como elas fazem você se sentir.

Lembro quando conheci La Sebastiana, a casa do escritor e poeta chileno Pablo Neruda em Valparaíso, no Chile, hoje um museu aberto para visitação. Naquele pandemônio de objetos de todas as sortes, cores, tamanhos e origens, lembro do quão emocionada fiquei em constatar como, de fato, o lar pode ser nosso templo — essa frase, inclusive tem origem oriental. Os chineses consideram o lar um dos mais sagrados templos. A casa de Neruda refletia sua mente inquieta e brilhante e, mesmo sem respeitar nenhuma das caretas regras da decoração, era uma das casas mais lindas que eu já tinha conhecido. Transbordava sentimento ali. E é aí que mora a beleza. Quando a gente reconhece veracidade na intenção.

Nessa realidade em que a gente recebe todo tipo de estímulo, com todos os tipos de responsabilidades e compromissos, nosso espaço no mundo deve ser oásis de paz e bem-estar. Um lugar de calma e acolhimento. Chegar em casa desviando de bagunça, de coisa fora do lugar… Chegar do caos da rua e se deparar com um novo caos visual e funcional… Não dá. Você pode até achar que é ok viver assim, mas experimente organizar e ajeitar o lar. Tudo muda pra melhor.

Nenhuma dessas sensações depende do quanto você investiu dinheiro na decoração da sua casa. Tem gente que monta apartamentos suntuosos, com cara de revista e, mesmo assim, não consegue sentir-se abraçada pelo próprio lar. Tudo isso depende, na verdade, do carinho e do cuidado que você dedica ao espaço. E, especialmente, do quanto ele reflete sua personalidade, seus amores, sua história e suas preferências.

Mas uma casa precisa de um pouco mais do que identidade. Precisa de conforto, ergonomia, funcionalidade, organização e, pra quem gosta (acredite, tem muita gente que não dá a mínima), de um pouco de beleza. Transformar a casa em um lugar muito mais aconchegante — e, por que não, bonito — transforma também a vida.

Paixão
Trabalho com essas transformações e sei como muitas das reformas e projetos que tive a sorte de fazer mudaram completamente a forma como os donos dessas casas passaram a se relacionar com o lar. Não tem sensação melhor do que ouvir de um cliente que ele está apaixonado pela própria casa. É uma mudança que não tem fim. Neruda dizia que a casa cresce como as pessoas, como as árvores. O fato é que um lar tem vida e está em constate transformação.

E você não precisa, necessariamente, de um profissional para fazer essas mudanças acontecerem. Para lhe dar aquela forcinha e incentivo, começa aqui na coluna, pelas próximas semanas, uma série com dicas de como melhorar a cara e a disposição dos cômodos da sua casa. Quem tiver dúvidas, ideias ou sugestões de rumo para essa série pode mandar um e-mail para o estudioferdi@gmail.com ou comentar aqui na matéria. Responderemos essas dúvidas durante a publicação da série. A primeira parte, na próxima segunda, será sobre cozinhas. Até lá!