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“Vocês foram beneficiados”, disse fiscal preso a executivo da BRF

Escutas realizadas pela operação Carne Fraca revelaram conversa entre Daniel Gonçalves e Roney Nogueira. O servidor cobrava um favor

atualizado

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BRF
1 de 1 BRF - Foto: Reprodução/Facebook

O material coletado pelos investigadores da operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira (17/3) e considerada a maior já realizada pela Polícia Federal, revela como funcionava o esquema de pagamento de propina entre servidores do Ministério da Agricultura (Mapa) e representantes de grandes empresas de alimentação, entre elas a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas.

O Metrópoles teve acesso ao conteúdo das gravações. Em uma das conversas entre o ex-superintendente regional do Mapa, Daniel Gonçalves Filho, e o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, o servidor pede ajuda do executivo para livrar a colega de trabalho Maria do Rocio Nascimento de uma investigação realizada pela PF.

A chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) de Curitiba (PR) foi indiciada pela PF por ter viajado à Europa com as despesas pagas pela BRF. Ela precisava de “recibos falsos” que seriam usados para comprovar o ressarcimento do dinheiro. Assim, Maria do Rocio se livraria da denúncia.

Daniel pressiona Roney indicando que a BRF foi favorecida pelo esquema: “Você não brinca. Por quê? Porque vocês foram beneficiados. Tá bom?”

Confira o diálogo:

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Trecho transcrito retirado da decisão judicial

 

Em outro trecho captado pelas escutas da Polícia Federal, Roney fala com Péricles Salazar, presidente do SindiCarnes, sobre a pressão de Daniel e Maria do Rocio pelo recibos falsos. O executivo da BRF avalia que a empresa pode ter problemas caso atenda ao pleito da dupla.

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Segundo as investigações, fiscais do Mapa estariam envolvidos em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular das empresas. Em troca, receberiam propina. Certificados sanitários teriam sido emitidos para alimentos que não passaram por qualquer tipo de inspeção, colocando a saúde dos consumidores em risco.

Daniel, Maria do Rocio, Roney e Péricles foram presos preventivamente nesta manhã pela Polícia Federal.

 

 

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