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Veja como “Don Juan” usou mulheres para aplicar golpes Brasil afora

Capixaba conhecido como “Don Juan”, “Berlim” e “Alemão”, cruzou país fingindo ser outras pessoas; ele cometeu estelionatos no Entorno do DF

atualizado

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homem se passava por analista da receita federal para aplicar golpes no entorno do distrito federal
1 de 1 homem se passava por analista da receita federal para aplicar golpes no entorno do distrito federal - Foto: Reprodução

Goiânia – Alto, branco e de olhos azuis. Com essas características, David Alves Bezerra, o “Don Juan”, de 30 anos, se aproximava de mulheres pelas redes sociais e por aplicativos. O relacionamento amoroso com uma vítima se concretizava e esse era só o início do golpe, que deixou muita gente no prejuízo. Também conhecido como “Berlim” e “Alemão”, ele usava a boa fé das mulheres para que o ajudassem a cometer crimes sem que elas soubessem.

Preso em Caucaia (CE), ele teve pedido de prisão preventiva também pedido pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) por crimes praticados desde o ano passado no Entorno do Distrito Federal. Conforme a corporação, o criminoso praticou sete crimes de estelionato contra vítimas de Valparaíso de Goiás, onde se passava por funcionário da Receita Federal.

O estelionatário já fez mais de 90 vítimas pelo país desde 2014, quando foi preso pela primeira vez em Roraima. O estado da região Norte do Brasil foi o cenário onde ele aplicou mais da metade dos golpes.

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Mas também houve vítimas em Santa Catarina, Mato Grosso e Paraná, segundo o delegado da polícia goiana, Leonilson Pereira. Os últimos alvos do golpista foram moradores de Goiás, Distrito Federal e por fim, Ceará, onde ele está preso desde junho deste ano.

A última determinação de prisão preventiva contra “Don Juan” veio de Goiás, na semana passada, após investigação da Polícia Civil de Valparaíso. O inquérito da polícia goiana dá uma noção do modus operandi do golpista.

Ele agia rápido e usando relacionamentos afetivos como intermediários no esquema e para conseguir migrar de um lugar para o outro.

Mulheres vulneráveis

David foi parar no Centro-Oeste através de uma mulher de 50 anos, moradora do DF, que trabalha com marketing político. Ele conheceu a vítima pelas redes sociais, mas acabaram se vendo pessoalmente quando ela foi fazer um trabalho em Boa Vista (RR), no ano passado.

Essa mulher de 50 anos contou em depoimento para a polícia que quando chegou em Roraima, ficou sabendo do passado criminoso de “Berlim”. Ele tinha acabado de sair da prisão, mas garantiu que ia mudar de vida.

Por fim, o casal decidiu morar junto em Vicente Pires (DF), mas a namorada alugou uma casa só para David, pois não confiava que ele ficasse junto de seus filhos. Após alguns dias, os vizinhos começaram a reclamar que “Don Juan” pedia contas bancárias emprestadas. A relação foi rompida.

“Acredito que ele se aproveita da vulnerabilidade de mulheres para aplicar golpes”, declarou a mulher em depoimento para a Polícia Civil de Goiás.

Próxima vítima

Depois de se separar da mulher que trabalhava com marketing político, o “Don Juan” partiu para uma nova aventura amorosa. Ele conheceu uma professora de 34 anos pelo Facebook e começou um relacionamento.

Essa professora passava uma temporada em Brasília e acabou emprestando sua conta para “Berlim”, porque ele disse que estaria com problemas. Essa foi uma das contas que o golpista usou para receber dinheiro de vítimas para pagar celulares, televisores, computadores e perfumes importados que não existiam.

A partir daí, “Don Juan” já usava uma “nova identidade”. Ele dizia ser servidor da Receita Federal e que estava em Brasília para vender um lote de produtos apreendidos de um leilão fracassado, por conta da Covid-19. Para ludibriar as vítimas, usava fotos com uniforme do emprego e em suposta vida de luxo.

Loja de lingeries

David passou então a viver em um condomínio de Valparaíso de Goiás, no Entorno do DF. Na hora de instalar uma luminária e móveis na casa nova, convenceu o instalador a lhe emprestar a conta bancária, pois estava com problemas na sua.

Mais tarde, ao aplicar os golpes, “Don Juan” dizia que as contas da ex-namorada de 50 anos e do instalador de móveis eram de seus chefes na Receita Federal.

Como não conhecia ninguém na cidade, David se aproximou da dona de uma loja de lingeries, de 38 anos, pelo aplicativo de relacionamentos Badoo. O tino de vendedora da comerciante foi usado para atrair mais vítimas do golpista.

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Sem saber que o companheiro não era da Receita Federal, a dona de loja de lingeries enganou vários colegas, dizendo que “Don Juan” era seu amigo de confiança da época da escola. Em troca, ela ganharia um IPhone, um computador e uma televisão.

Em menos de um mês, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, sete pessoas foram vítimas do golpe através da comerciante. Uma das vítimas chegou a transferir R$ 9 mil para a conta indicada pelo golpista. Os valores eram imediatamente repassados para a conta de David.

Desmascarado

No dia 10 de janeiro, a comerciante percebeu os crimes e criou um grupo no WhatsApp chamado “Vítimas de um golpe”, onde adicionou todas as pessoas que tinham perdido o dinheiro. Todos procuraram a polícia.

“Don Juan” desapareceu de Valparaíso e estava fora do radar da polícia, até ser preso em flagrante em Fortaleza (CE), em junho.

David voltou a seduzir mulheres no Ceará e uma das vítimas chegou a repassar R$ 80 mil ao estelionatário. O “Don Juan”, que é natural do Espírito Santo e ainda tem parentes em Roraima, continua preso no Presídio de Caucaia, região metropolitana de Fortaleza.

Procurado pelo Metrópoles, o advogado de David, Roberto Castelo Branco, informou que o cliente colabora com as investigações e que será demonstrada a sua boa conduta durante o processo.

Castelo Branco defende que David nunca agrediu fisicamente ou ameaçou alguém e que, por isso, tem todas as condições e requisitos para responder ao processo em liberdade.

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