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Vaticano investiga acusação de abuso sexual contra arcebispo de Belém

Quatro jovens formalizaram denúncia acusando dom Alberto Taveira Corrêa de usar suposta terapia para “curar” homossexualidade

atualizado

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Dom Alberto
1 de 1 Dom Alberto - Foto: Reprodução

Quatro ex-estudantes do Seminário São Pio X, em Ananindeua, região metropolitana de Belém, formalizaram no Ministério Público acusações de assédio e abuso sexual contra o arcebispo dom Alberto Taveira Corrêa.

O inquérito, que corre sob segredo de justiça, aponta que os crimes teriam ocorrido há pelo menos seis anos, em 2014, quando os jovens tinham entre 15 e 20 anos de idade e estudavam para se tornarem padres ou durante o processo de desligamento do seminário.

O vaticano enviou a Belém uma comissão de investigação prevista dentro do Direito Canônico para ouvir todos os envolvidos na história, mas, até o momento, nenhuma conclusão foi tornada pública. As informações são do El País.

Uma das vítimas, que não quis se identificar, contou que começou a ser assediada pelo arcebispo com 15 anos, antes mesmo de entrar para o seminário, e teria sido abusada sexualmente aos 18. Outro rapaz, com 28 anos atualmente, disse que começou a ser assediado pelo padre com 20 anos, mas conseguiu afastar-se dele antes de sofrer abusos físicos.

Um dos quatro jovens teria sofrido as piores violências. Ele ficou traumatizado e chegou a tentar suicídio após deixar o seminário. As histórias descrevem suposto comportamento típico de dom Alberto, que identificava os rapazes como homossexuais (com ou sem razão), ganhava a confiança deles, os atraía para casa com o intuito de ajudá-los e, por fim, cometia os abusos.

“Deus me deu coragem para furar o olho do escândalo, o escândalo que estava sendo montado e Deus nos deu a graça de passar na frente. Se alguém porventura, por ação do demônio, pensasse em acabar com a Igreja Católica e a Igreja de Belém, enganou-se radicalmente”, disse o arcebispo durante uma missa no início de dezembro, quando tornou o caso público.

O religioso ainda afirmou que tem clara consciência da improcedência das acusações que são feitas. “Asseguro-lhe a minha tranquilidade quanto a tudo isso, estou nas mãos de Deus, como todos devemos estar sempre, na certeza de que nele está a solução para esta situação, que eu nunca poderia imaginar de passar”, ressaltou.

Abusos

Dom Alberto teria chantageado um dos jovens após descobrir o envolvimento dele com um colega de seminário. “Ele disse que ia contar o meu caso para minha família”, relembrou.

O jovem relata que dom Alberto teria prometido reintegrá-lo. Ele se reunia a sós com o religioso em um quarto e, durante a orientação espiritual, era obrigado a ficar pelado junto com o arcebispo, como forma de “resistir às tentações”.

“Outra coisa comum era a reza junto ao corpo. Ele chegava junto de você, se roçando, e fazia uma reza em algum lugar do seu corpo nu… houve vez que era no rosto, e achei que ele ia me beijar. Tive que pegar nele e masturbá-lo, ele pegava no meu pênis e tentava fazer com que eu tivesse uma ereção… Outra coisa é que ele ficava nervoso quando você não conseguia, brigava, dava bronca, mas sempre com esse papo do tratamento, do estamos tentando te salvar… A cada sessão, ele ficava mais agressivo e violento, dizia coisas horríveis, lembrava de fatos passados para te humilhar, dizia que você não estava progredindo, dizia coisas horrorosas para você, que você era uma pessoa horrível, era aterrorizante”, contou a vítima.

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