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Sindicatos atacam abertura de capital na Caixa revelada por Pedro Guimarães

Representantes dos servidores da CEF se mobilizam após presidente do banco prever datas para vender parte de seguradora e loterias

atualizado

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As declarações do presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Guimarães, de que o governo pretende abrir o capital de cinco subsidiárias do banco público até o ano que vem mobilizaram entidades que representam os funcionários a protestar. Os sindicalistas alegam que a “privatização disfarçada” vai tirar a capacidade da instituição sobre ações como o auxílio emergencial de R$ 600 contra o coronavírus, pois o interesse dos acionistas prevalecerá sobre o interesse público.

Guimarães revelou, em entrevista exclusiva ao Metrópoles, publicada nessa quinta-feira (23/7), que o plano é abrir o capital, sem vender o controle, da Caixa Seguradora em outubro de 2020 e do setor de cartões e loterias até o início de 2021. A gestão de ativos e o banco digital criado para pagar o auxílio emergencial viriam em seguida.

Uma crise no segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2009, é invocada pelo presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sérgio Takemoto, para justificar a manutenção do caráter 100% público da Caixa.

Na época, Lula lutava para baixar os juros dos bancos públicos como parte de um esforço para recuperar a economia após a crise mundial de 2008. Como relutou, o então presidente da instituição, Antônio Lima Neto, acabou demitido.

“Ele estava defendendo o interesse dos acionistas do banco. É isso que prevalece quando há o IPO [abertura de capital]. E o interesse público fica em segundo plano. Se vender as subsidiárias, que são os setores mais lucrativos da Caixa, o papel social do banco está comprometido”, prevê Takemoto.

O sindicalista afirma que 40% da arrecadação das loterias vai para programas sociais, de incentivo à cultura e ao esporte, e para a manutenção do sistema prisional. “Será que acionistas vão querer financiar essas áreas ou vão querer aumentar o lucro?”, questiona ele.

Privatização ou não?
Em entrevista ao Metrópoles, Guimarães disse que não está nos planos, inclusive por determinação do presidente Jair Bolsonaro, a privatização do banco. E que a intenção, por enquanto, é vender fatias das subsidiárias, mas não do “miolo” do banco. Ele apontou, porém, que a reação a essa primeira abertura de capital pode guiar um debate futuro sobre isso.

A justificativa de Guimarães para a abertura é, além de ajudar o governo a fechar suas contas, trazer uma melhor governança ao banco. “A gente aqui faz tudo transparente, mas prefiro que tenhamos mais 200 mil sócios, porque assim a sua explicação tem que vir todo trimestre, são maiores as exigências, a cobrança por um bom trabalho. Acho que é mais eficiente”, disse o presidente da Caixa.

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Para Takemoto, representante sindical dos servidores, o discurso de Guimarães é falacioso ao vender a ideia de que a gestão privada é livre de corrupção. “O velho discurso de que toda empresa estatal é corrupta e que empresa que está na bolsa tem boa gestão. Mas corrupção não é pública ou privada, depende da idoneidade dos gestores”, afirma ele.

Reação digital
Para tentar atrapalhar os planos do governo e barrar a abertura de capital das subsidiárias da Caixa, as entidades sindicais que representam os servidores fizeram dessa quinta-feira (23/7) um dia de luta virtual, em que buscaram divulgar nas redes sociais o papel do banco na manutenção de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, que não interessam aos bancos privados.

A mobilização foi feita por meio de uma hashtag, a #MexeuComACaixaMexeuComOBrasil.

Os servidores usaram muito, nessa mobilização, o exemplo do auxílio emergencial, que está sendo operado apenas pela CEF. “Nenhum banco privado participou. Qual é o interesse deles em atender aos pobres?”, questionou o presidente da Fenae.

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