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Segunda hidrelétrica atinge 0% da capacidade do volume útil

Barragem Três Irmãos, no interior de São Paulo, faz parte do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da geração hídrica

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Transmissor de energia elétrica em usina hidrelétrica
1 de 1 Transmissor de energia elétrica em usina hidrelétrica - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A falta de chuvas tem castigado drasticamente o volume dos reservatórios das hidrelétricas. Agora, a Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) registra a segunda usina com 0% da capacidade do volume útil.

A barragem Três Irmãos, localizada no município de Pereira Barreto, no interior do estado de São Paulo, zerou o volume. Ela faz parte do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da geração hídrica de energia no país.

Essa é o segundo aquífero a atingir essa marca. Na semana passada, a usina de Ilha Solteira, também em São Paulo, registrou 0% do volume considerado útil. Essa é a maior usina hidrelétrica do estado.

Segundo estimativas de especialistas, a crise hídrica não deve dar trégua. Com isso, o risco de apagões ou de racionamento, devido à geração insuficiente de energia, está cada vez maior. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste, de acordo com medição do ONS, está com apenas 17,63% da capacidade total.

Em junho, o ONS alertou que ao menos oito reservatórios de algumas das principais hidrelétricas do país, na bacia do rio Paraná, poderiam chegar ao fim do período seco deste ano, no segundo semestre, com os volumes de armazenamento no zero ou perto do índice.

Na tentativa de atenuar os problemas, o governo federal tem autorizado o aumento de geração por termelétrica — modo mais caro para o consumidor.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a operação da segunda maior térmica do país. O funcionamento ocorreu cinco meses antes da data prevista.

Previsões pessimistas

Em entrevista ao Metrópoles, o consultor Eduardo Menezes, que atuou em empresas de fornecimento estaduais, analisou as previsões meteorológicas para traçar uma estimativa para as próximas semanas.

A conclusão é: o trimestre de setembro a novembro será caracterizado pela escassez de chuva e temperaturas acima da média para o período.

As chuvas ficarão abaixo da média histórica nos estados da região Nordeste, parte de Mato Grosso do Sul, São Paulo, sul de Minas Gerais, oeste do Paraná e de Santa Catarina.

Além disso, o fenômeno La Niña, que provoca o resfriamento da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental e gera uma série de mudanças nos padrões de chuvas, poderá impactar as precipitações no Sul do Brasil.

“O grande problema é que precisamos de chuvas nos locais corretos, ou seja, nas bacias hidrográficas. Não é chover perto da nossa casa. É ter pancadas nas cabeceiras dos rios. Porém o país atravessa uma estiagem prolongada, de forma que os reservatórios não conseguem se recuperar”, explica o consultor.

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