Goiânia – Um dos quatro presos pela morte do dono de cartório em Rubiataba, na região central de Goiás, a 210 km de Goiânia, o suspeito de ser o atirador disse à polícia que é ligado a criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado. Segundo a investigação, o crime foi praticado a mando da viúva do cartorário, morto com 17 tiros após ter as mãos algemadas.
As informações constam do inquérito da Polícia Civil de Goiás, ao qual o Metrópoles teve acesso com exclusividade e que apura o crime praticado contra Luiz Fernando Alves Chaves, de 40 anos. O corpo dele foi encontrado em um canavial, na madrugada da última quarta-feira (29/12), por volta das 4h30, na zona rural de Rubiataba. Os suspeitos foram presos, em flagrante, e tiveram a prisão convertida em preventiva.

Esposa é suspeita de encomendar morte do maridoReprodução/Facebook

Mulher mandou matar marido e foi para a igreja com os filhosReprodução/Facebook

Polícia suspeita que esposa mandou matar Luiz Fernando, em Rubiataba (GO)Reprodução/Instagram

Luiz Fernando foi sequestrado e morto em Rubiataba (GO)Reprodução/Facebook

Esposa foi presa por suspeita de encomendar morte do maridoReprodução

Polícia procura por suspeito de envolvimento na morte de dono de cartório em GoiásPCGO

Equipe da Polícia Civil trabalha em local onde carro da vítima foi encontradoPCGO

Corpo de dono de cartório foi encontrado em matagal na zona ruralPCGO

Caminhonete de vítima fazia parte do pagamento pelo homicídio, segundo a PCGOPCGO

Arma utilizada no crime foi achada em caminhonetePCGO
Os presos
A seguir, veja a relação dos presos investigados por envolvimento na associação criminosa que resultou na morte do cartorário.
- Alyssa Martins de Carvalho, de 32 anos: viúva do dono do cartório, é investigada por ser mandante do crime. Tem três filhos com Luiz Fernando, com quem se casou em 22 de julho de 2013. Ela trabalhava no cartório como escrevente substituta. A família vivia em Rubiataba.
- André Luiz Silva, de 30 anos: dono de garagens de veículos em Anápolis e Campo Limpo de Goiás, onde mora há sete meses, é agiota e investigado por recrutar comparsas para roubar a camionete Toyota SW-4 branca do dono do cartório e matá-lo.
- Edvan Batista Pereira, de 23 anos: ligado a criminosos do PCC em Goiás, é investigado por ser autor dos 17 disparos contra o cartorário. Ele, que mora em Pirenópolis (GO), disse à polícia que conheceu André no presídio de Anápolis e que aceitou a proposta dele para quitar uma dívida de R$ 2,5 mil, além de receber mais R$ 2,5 mil. Outros R$ 5 mil deveriam ser repassados a outro comparsa.
- Laurindo Lucas Gouveia dos Santos, de 21 anos: Também é morador de Pirenópolis (GO) e disse à polícia que se envolveu no crime após receber mensagem por WhatsApp e ligação de Edvan para levá-lo de carro até Rubiataba e deixá-lo na cidade. No entanto, afirmou que, no percurso, foi surpreendido pela informação de que teria de participar do roubo e do assassinato.
“Chefe”
A equipe de investigação ainda procura Luzimar Francisco Neves, que é citado pelos presos como “Chefe” e investigado por supostamente iniciar a rede de contatos da associação criminosa, a mando da viúva. Ele tem mandado de prisão temporária em aberto.
O suposto atirador, de acordo com o inquérito policial, disse que “comete crimes na companhia de criminosos ligados ao ADE (Amigos do Estado) e ao PCC na cidade de Anápolis, onde esteve preso neste ano. No interrogatório, ele afirmou ter sido detido por roubo, receptação e porte ilegal de arma de fogo.
Edivan confirmou ter conhecido André no presídio de Anápolis, onde fez vários empréstimos de dinheiro que, no total, somaram R$ 2,5 mil. O suposto atirador disse que, no dia 28 de dezembro, por volta das 10h, recebeu telefonema do garageiro, com quem combinou o roubo de um veículo, para quitar a dívida com ele, de quem, conforme acrescentou, ganhou uma pistola para matar o cartorário.
Após sair de Pirenópolis com Laurindo Lucas em um carro Fiat Uno, de acordo com o inquérito, Edivan passou na casa de André, em Campo Limpo de Goiás. Segundo o interrogatório, o garageiro também transferiu o valor do combustível por PIX.
Encontro
Em sua casa, André disse aos dois comparsas que deveriam se encontrar com o “Chefe”, que tinha contato direto com a mulher do cartorário, na cidade de Rubiataba, onde chegaram por volta das 17h30. No encontro, realizado na rua principal da cidade, o interlocutor da viúva contou à dupla que não se tratava de roubo de veículo, mas de homicídio, segundo informações colhidas pela polícia.
De acordo com o interrogatório, durante o encontro, o “Chefe” explicou aos comparsas que o crime havia sido encomendado pela esposa do dono do cartório, que, conforme acrescentaram, forneceu todas as informações necessárias sobre a rotina dele e o horário em que deveriam invadir a residência.
No momento em que Edvan e Laurindo invadiram a residência, por volta das 19h30, a escrevente de cartório estava com os três filhos na igreja. Na delegacia, os dois disseram ter se deparado com o cartorário sozinho no local e o algemaram, assim que anunciaram o assalto, mesmo ele pedindo, desesperadamente, para não ser morto. A algema de plástico teria sido comprada pelo “Chefe”.
17 tiros
Em seguida, de acordo com o inquérito, Laurindo dirigiu a camionete roubada, com Edvan e o dono do cartório no banco traseiro, e seguiu até um canavial na zona rural de Rubiataba, onde o atirador efetuou os 17 disparos de arma de fogo contra a vítima. A informação sobre a quantidade de tiros também consta de relato colhido pela investigação.
Depois, Edvan e Laurindo retornaram para o veículo roubado e se deslocaram rumo à cidade de Ceres, onde encontrariam o “Chefe”, a 44 km de Rubiataba. No entanto, eles passaram a ser perseguidos pela polícia e foram presos na vizinha Uruana.
Edvan, Laurindo e André estão presos na unidade prisional de Rubiataba. A viúva do dono do cartório está no presídio de Barro Alto de Goiás.
O valor do seguro de vida do cartorário, o que teria motivado o crime, conforme uma das linhas de investigação, não foi divulgado no inquérito do caso.
O Metrópoles não encontrou o contato das defesas dos suspeitos, mas o espaço segue aberto para manifestações.