Rio de Janeiro – No último sábado (28/5), um tucano-de-bico-preto bateu em um vidro espelhado em uma fachada da Casacor e morreu. O evento de decoração ocorre pelo segundo ano consecutivo no Jardim Botânico, zona sul do Rio, e traz como mote a sustentabilidade.
O animal acabou jogado no lixo, como mostram as fotos abaixo. “Assim que o bicho morreu, recebemos imagens no nosso grupo do WhatsApp, o que gerou uma comoção muito grande. Alguns queriam chamar os bombeiros, mas mandaram descartar”, relatou ao Metrópoles um funcionário que preferiu não se identificar.

Um tucano morreu ao bater em um vidro do casarão. O animal foi jogado no lixo, com restos de comidaReprodução/ Redes Sociais

A direção do evento alega que não soube da morte do animal e nem do descarteReprodução/ Redes Sociais

A edição de 2022 do CASACOR, no Rio de Janeiro, é repleta de espelhos na área externaReprodução/ Redes Sociais

O CASACOR tem mais de 30 anos e é a maior mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das AméricasReprodução/ Redes Sociais

O evento ocorre em diversos estadosReprodução/ Redes Sociais
Em nota, a organização da mostra afirmou que desconhecia o episódio: “Nós não estávamos sabendo disso até o Metrópoles nos procurar. Não tínhamos sido comunicados. Ficamos todos chocados. Já estamos planejando palestras para orientar todas as pessoas envolvidas no evento sobre como lidar com questões ambientais como essa”.
A Casacor é uma badalada mostra de decoração, que reúne arquitetos de renome e está presente em 27 locais, dentro e fora do Brasil.
Descarte incorreto
Professor do departamento de engenharia sanitária e de meio ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Júlio César da Silva explicou os riscos de existirem espelhos próximos a áreas de flora e fauna.
“Alguns animais podem tentar interagir com a imagem, com o espelho. A construção não é adequada para o ambiente onde ela está. Não faz sentido aquele espelho na parte externa, sem nenhuma proteção”, explicou.
Sobre o descarte do animal no lixo, Júlio César explica que a atitude se mostrou incorreta. “Eles deveriam ter ligado para o Ibama ou a Secretaria de Meio Ambiente, para se computar a morte daquela espécie. Não se joga um animal fora. De repente, esses órgãos já até monitoravam aquela espécie”, explica o especialista.
O profissional pondera que o fato do tucano ter morrido após bater em um vidro não caracteriza crime ambiental, já que se tratou de algo indireto, não intencional. Porém, cita a necessidade de modificações no projeto. “Faltou uma consulta dos arquitetos a algum ecologista que conheça a fauna e a flora do Jardim Botânico”, disse.
O que diz a Casacor
Em nota, a direção do evento falou a respeito do ocorrido: “Sobre o tucano, realmente houve um incidente. Um dos muitos tucanos que habitam nosso jardim bateu no vidro e não resistiu. É triste, mas infelizmente é algo relativamente comum em cidades como o Rio, onde há muita mata no entorno. Sempre que há um elemento construído, como espelho, vidro ou janela, o pássaro não identifica e isso pode acontecer”.
“Até por isso, a implantação feita na casa, mantém todas as portas e janelas – são 48 – sempre abertas, o que também propicia ventilação cruzada”, continuou. “No momento em que isso aconteceu, no sábado, o evento já estava aberto ao público. Como não havia ninguém da organização próximo ao local no momento, alguém – que ainda não identificamos quem foi – pegou o tucano e jogou no lixo. Havia, pelo menos, 150 pessoas trabalhando aqui, nesse momento.”
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