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Pré-candidato em SP, Weintraub descarta aliança com Centrão

Pré-candidato ao governo de SP diz que vai “desmontar linha de produção do crime” e que Bolsonaro entregou governo ao Centrão

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Abraham Weintraub, pré-candidato ao governo de SP
1 de 1 Abraham Weintraub, pré-candidato ao governo de SP - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

São Paulo – Ex-ministro da Educação e pré-candidato a governador de São Paulo Abraham Weintraub (PMB) diz que, se eleito, pretende “desmontar a linha de produção” do crime organizado e criticou o combate à Cracolândia “na gritaria”.

Em entrevista ao Metrópoles, ele ainda defendeu a ampliação de escolas cívico-militares no estado com prioridade “para quem quer”, criticou Jair Bolsonaro (PL) – de quem era aliado, mas hoje é rompido – que, em sua visão, entregou o governo ao centrão, e disse que bancará a própria campanha, sem usar recursos do Fundo Eleitoral.

Atualmente, Weintraub mora nos Estados Unidos com a família, pois alega que sofreu ameaças. Mas ele tem residência em São Paulo e deve voltar ao país mais próximo do período de campanha eleitoral. Sua família, porém, deve seguir no exterior.

Questionado se pretende fazer alianças com outros partidos para o pleito, ele diz achar difícil. “A gente está sempre conversando com partidos, mas dificilmente a gente vai fazer uma aliança. Dificilmente a gente fará qualquer tipo de aliança com partido do centrão. Primeiro porque eles não vão querer, porque não tem acordo. ‘Me entrega secretaria de porteira fechada’ não vai ter. Talvez partidos pequenos”, afirmou.

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Ele ainda diz que Bolsonaro “entregou o governo para o centrão, e o resultado tá aí, um monte de suspeitas de corrupção”. O ex-ministro diz que, caso assuma o Palácio dos Bandeirantes, irá negociar com os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas “dentro da lei”.

“Capacidade de articulação. eu tenho. Negociar, compor, conversar, mesmo com gente que não presta. Como você negocia com gente que não presta? Do balcão pra fora, você não traz ele para trabalhar na sua equipe, não põe ele do seu lado, chama de ‘meu irmão’ e fala que ‘essa é a alma do meu governo’. Você senta com ele, acerta o que tem que ser feito dentro da lei, e faz”, pontua.

Alma do governo

Em julho do ano passado, Bolsonaro disse, ao anunciar Ciro Nogueira (PP-PI) como novo ministro-chefe da Casa Civil, que estava lhe entregando a “alma do governo”.

Weintraub ainda diz que pretende diminuir impostos, em especial o ICMS para pequenos produtores dentro de setores com grande concentração de mercado.

“Qualquer lugar que tenha uma concentração de mercado acima de 70% na mão de uma única empresa, ou 90% na mão de três, qualquer setor, zero de ICMS se você quiser entrar neste setor para produzir até 1% do total produzido. Porque não vai cair a arrecadação, minha arrecadação tá vindo do monopolista. Ele vai subir a produção dele, vai aumentar a contratação, emprego, tudo de bom, e não vai afetar o ICMS. Se você quiser abrir uma microcervejaria, uma cervejaria artesanal, zero de ICMS. Chocolate, zero de ICMS. Uma pequena fábrica de embutidos, zero de ICMS”, explica.

Escola cívico-militar

Weintraub relembrou sua gestão no MEC e diz que São Paulo não aderiu a dois programas que ele considera importantes para melhorar a qualidade da educação, como a escola cívico-militar e a Política Nacional de Alfabetização (PNA).

Uma de suas ideias, caso eleito, é fazer dois exames de avaliação de aprendizado por ano na rede estadual. “Se o aluno começar a ficar para trás, eu não vou esperar quatro, cinco, dez anos para identificar que ele é um analfabeto. Eu tenho que corrigir rapidamente a deficiência deste aluno. Se a classe inteira foi mal, o problema não é o aluno, é o professor que precisa ser resgatado, retreinado e, se não corrigir, tem que ser afastado. E se o município inteiro vai mal, é o secretário”, explica.

Para ele, o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), que é realizado anualmente no estado, não é suficiente porque não individualiza os resultados.

Famílias melhores e piores

O pré-candidato aposta nas escolas cívico-militares, mas para os municípios e vizinhanças que quiserem. Em sua visão, há “famílias melhores e famílias piores” nos mais diversos bairros, e a qualidade das escolas refletem isso.

“Existe família melhor e existe família pior. A família do Champinha, ela não mora perto de gente que vai ter bom desempenho escolar, você não aceita a família do Champinha como vizinho, eu não aceitaria. Então tem locais onde os valores daquelas famílias que estão ali são piores do que outros locais onde famílias têm valores melhores. E isso se reflete na escola, na depredação da escola”, avalia.

“Escola cívico-militar é para quem quer. Tem fila. Eu não vou conseguir fazer 100% das escolas no estado serem cívico-militares. Os primeiros 10% como a gente faz? Primeiro, o prefeito tem que querer, a vizinhança tem que querer. A escola tem que pedir. Agora a gente vai com critérios objetivo. E os critérios são índice de desenvolvimento humano da região, quantidade de violência. Então primeiro escola cívico-militar vai para quem quer e, de quem quer, primeiro as que mais precisam do resgate”, diz.

Segundo ele, escolas que querem ser “mais bagunçadas”, serão deixadas para depois. “Mas e se tiver uma família correta lá no meio da bagunça? Ele se muda e vai para outra vizinhança. Tem escolas privadas onde é uma imundice, é sujo, se passam valores errados. E tem escola privada que é séria. Você tem que dar essa liberdade para a escola pública também”, afirma.

E continua: “O que não dá é pro cara ser de uma família que gosta de fumar maconha abertamente, fazer funk, depredar escola e querer viver numa vizinhança que tá tudo bem. Aí, naturalmente, numa escola que tem mais disciplina, essa criança vai acabar sendo expulsa e colocada em outra escola”.

Narcoestado

Para Weintraub, o Brasil é um “narcoestado” e as operações policiais feitas na Cracolândia, na região central de São Paulo, não trazem resultados. “Se a gente fizer a mesma coisa, do mesmo jeito, com as mesmas pessoas, o resultado vai ser igual. O narcoestado é gigantesco. O nosso problema não é um bando de favelado que tá lá na boca de fumo fazendo tráfico e por isso que tem uma epidemia de drogas no Brasil todo”, afirma.

Ele cita o Primeiro Comando da Capital (PCC) como “a maior máfia de cocaína do mundo” e diz que sua existência é possível porque há “banqueiro envolvido, contador, vários escritórios de advocacia”, com organização semelhante a uma empresa privada. Por isso, sugere “desmontar a linha de produção do crime”, caso eleito.

“Se a gente fizer o combate na bravata e na gritaria, ir matando o cara na ponta, vai ter policial morrendo, vai ter o bandido – que tem que ser reprimido, é bandido –, mas nunca vai ter fim. Você tem que desmontar a linha de produção do crime”, diz.

“O chefe não é o Fernandinho Beira Mar, o chefe é quem solta. O Brasil já é conhecido como um narcoestado, e o nosso movimento é criar a linha de atuação que foi utilizada na Itália, na França, e na Colômbia. A Colômbia ganhou a guerra do tráfico. Agora tá perdendo de novo, vai caminhar para um lugar sinistro, mas eles conseguiram melhorar muito em vários aspectos.”

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