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Vídeo: ex-mulher de Bolsonaro nega ter sido ameaçada de morte por ele

Documentos arquivados no Itamaraty relatam que Ana Cristina afirmou, em 2011, ter saído do Brasil em função das ameaças do presidenciável

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Solenidade de Filiac?a?o do Deputado Jair Bolsonaro ao PSL
1 de 1 Solenidade de Filiac?a?o do Deputado Jair Bolsonaro ao PSL - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em vídeo divulgado na noite dessa terça-feira (25/9) nas redes sociais, a advogada e ex-mulher do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Ana Cristina Siqueira Valle, negou ter sofrido ameaça. “Nunca (me ameaçou de morte). Pai do meu filho, meu ex-marido. Ele é muito querido por mim e por todos. Ele não tem essa índole para poder fazer tal coisa”, disse. Ela afirmou ainda que Bolsonaro será eleito presidente da República “se depender” dela.

A declaração de Ana Cristina, que é candidata a deputada federal no Rio de Janeiro (RJ) pelo Podemos e usa o sobrenome Bolsonaro no material de campanha, ocorreu horas depois de o jornal Folha de S.Paulo divulgar documentos arquivados no Itamaraty que relatam que a ex-mulher do presidenciável afirmou, em 2011, que foi ameaçada de morte por ele.

No vídeo, entretanto, Ana Cristina não esclareceu se deu as declarações ao vice-consulado do Brasil na Noruega e atacou a mídia: “Então, fica aqui meu recado, mídia suja, não adianta, nada vai fazer com que ele caia. Ele está em pé, depois de tudo o que aconteceu e vai continuar, e vai chegar à Presidência, se depender de mim”.

Assista ao vídeo:

 

De acordo com a Folha, o episódio se passou em julho de 2011, quando Ana Cristina Valle, mãe e com a guarda de Jair Renan, à época com cerca de 12 anos de idade, embarcou com o menino para Oslo, Noruega. Inconformado com a viagem, que teria ocorrido à sua revelia, Bolsonaro abriu uma ação judicial no Rio de Janeiro e procurou o Itamaraty para interceder a seu favor.

O relato foi registrado em um telegrama interno do Itamaraty. O episódio foi confirmado pelo então embaixador em Oslo, Carlos Henrique Cardim. Ele informou que, na última semana de julho daquele ano, recebeu um telefonema do deputado Jair Bolsonaro pedindo ajuda para lidar com uma situação familiar. “Ele foi muito educado”, contou o diplomata.

O parlamentar disse que sua ex-mulher havia viajado para a Noruega com o filho do casal, Jair Renan, acompanhada de seu então companheiro. “Ele queria saber a situação do filho menor”, disse. Segundo informação publicada pelo jornal O Globo na época, Bolsonaro teria também acionado a Polícia Federal. Ele acusava a ex-mulher de haver viajado sem autorização e sequestrado a criança.

À época, o telefonema ao embaixador ocorreu no fim de semana. Na segunda ou na terça-feira, Cardim recebeu um telegrama da sede do Itamaraty pedindo atenção para o mesmo caso. Ele incumbiu o então vice-cônsul, Mateus Henrique Zoqui, de procurar Ana Cristina para saber notícias do menino. O funcionário da embaixada entrou em contato e foi informado que a criança estava com ela e passava bem.

Como de praxe nesses casos, Zoqui informou a Ana Cristina que o pai poderia solicitar o retorno do menor ao Brasil, com base na Convenção de Haia, uma vez que a residência habitual do menino era com o pai.

Ana Cristina disse então a Zoqui que havia saído do Brasil por ter sido “ameaçada de morte” por Bolsonaro. E que, por isso, poderia pedir asilo político naquele país. Um relato da conversa foi enviado por telegrama ao Itamaraty em Brasília.

​“A senhora Ana Cristina Siqueira Valle disse ter deixado o Brasil há dois anos [em 2009] ‘por ter sido ameaçada de morte’ pelo pai do menor [Bolsonaro]. Aduziu ela que tal acusação poderia motivar pedido de asilo político neste país [Noruega]”, diz trecho do documento arquivado.

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