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Segundo delatores, fraude na licitação do TSE beneficiou Via e OAS

Camargo Corrêa falou a procuradores sobre “clube de empreiteiras” que dominava a construção de prédios de tribunais em Brasília

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
TSE
1 de 1 TSE - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A construtora Camargo Corrêa contou à Procuradoria-Geral da República (PGR) bastidores de um “clube de empreiteiras” que dominava a construção de prédios de tribunais em Brasília. A licitação da sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entregue há oito anos, estaria definida antes mesmo de seu lançamento, em 2006. As informações são da revista Crusoé.

De acordo com a reportagem, três altos executivos – entre eles o ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Marcelo Sturlini Sidordi – confirmaram que as construtoras OAS e Via Engenharia já eram as escolhidas para erguer o imponente prédio que sedia o TSE. No mesmo esquema, entraram a construção da nova sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), segundo os delatores. 

Ainda de acordo com a publicação, o escritório de Oscar Niemeyer, responsável pelos dois projetos mencionados, participava do direcionamento das licitações. O escritório nega.  

Em 2017, o Metrópoles revelou que algumas das práticas ilegais do chamado “clube das empreiteiras” – grupo formado pelas maiores construtoras do país e que teve a atuação investigada pela Operação Lava Jato – foram replicadas pelas companhias que tocaram importantes obras no DF.

Com base em depoimentos concedidos ao Ministério Público Federal (MPF), a reportagem mostrou que, para garantir que seus interesses fossem atendidos, a Odebrecht se associou a concorrentes: Via Engenharia, OAS e Manchester.

Em algumas ocasiões, foi procurada para “colaborar” com as demais empresas; em outras, orquestrou a operação. Os delatores explicaram que o objetivo do clube local das empreiteiras era manter a política da boa vizinhança e assegurar uma possível recompensa futura, com a retribuição do gesto.

Segundo os ex-integrantes do Grupo Odebrecht João Pacífico, Ricardo Ferraz e Alexandre Barradas, as empreiteiras com atuação local teriam pactuado uma troca de favores para a execução do Estádio Nacional Mané Garrincha, o BRT Sul e o Centro Administrativo do Governo do Distrito Federal, o Centrad.

Delação da Odebrecht
Ex-executivos da Odebrecht também falaram, em depoimentos ao Ministério Público Federal (MPF) no ano de 2017, sobre o clube de empreiteiras que atuava no Distrito Federal.

Elas teriam pactuado uma troca de favores para a execução do Estádio Nacional Mané Garrincha, o BRT Sul e o Centro Administrativo do Governo do Distrito Federal, o Centrad.

Lava Jato
Investigações anteriores no âmbito da Lava Jato revelaram a existência de um grupo nacional de construtoras, apelidado de “Clube VIP”, que comandava fraudes em licitações da Petrobras.

De acordo com delatores, o grupo tinha regras escritas para organizar as escolhas e preferências das obras que seriam licitadas pelo país. Segundo Marcos Pereira Berti, diretor da Toyo Setal, a Via Engenharia seria integrante de um grupo intermediário, uma espécie de “segunda divisão”.

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