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Relator de processo contra Cunha condena pressão sobre Tia Eron

O deputado Marcos Rogério (DEM-RO) criticou as pressões sobre a deputada, atribuídas ao PRB e ao Palácio do Planalto

atualizado

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Deputado Marcos Rogério
1 de 1 Deputado Marcos Rogério - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu nesta quarta-feira (8/6) que a punição do peemedebista se dê pelo conjunto das provas e condenou as pressões, atribuídas ao PRB e ao Palácio do Planalto, para que a deputada Tia Eron (PRB-BA) vote de maneira favorável ao representado.

“Não dá para compreender que o governo queira se meter numa briga que é da Casa. Não acredito que o presidente (em exercício) Michel Temer tenha qualquer tipo de envolvimento nessa matéria. Ele tem problemas maiores, acho que não se daria ao trabalho de se envolver”, afirmou.

Rogério considerou desrespeitosa a postura de Tia Eron de sequer comparecer à sessão do Conselho de Ética ontem para votar o parecer. Ele cobrou da colega coerência no voto, mas disse que não cabe a ele procurá-la para saber sua posição.

O relator não vai alterar seu parecer e manterá a recomendação de perda de mandato, rejeitando assim a proposta do deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) para suspender Cunha por três meses. Nas alegações finais, que já estão prontas e serão apresentadas ao colegiado, Rogério diz que tanto ele quanto Bacelar concordam que houve quebra de decoro. Ele lembra que Bacelar afirma categoricamente em seu voto que Cunha “deteriorou” o decoro da Casa.

Rogério alega que as provas demonstram que houve depósitos nas contas dos trustes e que Cunha omitiu informação relevante da Câmara para ocultar as contas na Suíça. “A pena aplicável para este tipo de comportamento é a perda de mandato. Não é o relator que escolhe a pena, é o Código de Ética”, explicou.

O relator disse que apesar de respeitar a posição política de quem defende Cunha, negar as evidências das provas e a quebra do decoro é “ignorância aos fatos”, que seriam, segundo ele, contundentes. “Não poderia sugerir uma pena mais branda diante de uma gravidade demonstrada como essa ao longo da instrução”, justificou.

Manobras
O relator refutou a acusação de Cunha de que, ao adiar a votação do parecer, houve “manobra espúria”. “Ouvir isso da equipe do Eduardo que o conselho está manobrando para prejudicá-lo, é algo que espanta qualquer um aqui. Se tem alguém que manobrou o tempo todo nesse processo foi o Eduardo e sua equipe. O especialista em manobras aqui, eu penso que não é o presidente do conselho, nem o relator”, rebateu.

Rogério disse que não vai para o enfrentamento das manobras de Cunha – inclusive na Comissão de Constituição e Justiça – porque precisa se manter isento. Para o deputado, em algum momento a Justiça poderá interferir para não deixar a Casa “desprotegida”. Ele afirmou que compreende o direto de “esperneio” do peemedebista. “Querer atribuir o rótulo de ‘manobrador’ geral do Conselho de Ética ao presidente do conselho ou ao relator, acho que não combina com o conjunto dos comportamentos. É só olhar para trás, o histórico deixa claro quem manobrou no Conselho de Ética”, destacou.

O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), disse que o adiamento da votação foi um ato previsto no Regimento Interno da Casa. “Foi uma manobra do bem”, brincou.

Sob pressão do grupo de Cunha, que ameaçava coletar um terço das assinaturas dos membros do colegiado para forçar a marcação da sessão de votação do parecer de Rogério, Araújo marcou a próxima reunião para terça-feira (14/6). A sessão só será remarcada para o dia seguinte se o advogado Marcelo Nobre, defensor de Cunha, não conseguir desmarcar seu compromisso de terça-feira e solicitar, por e-mail, o reagendamento da reunião.

Araújo disse que não procurou a deputada Tia Eron para não ser acusado de pressioná-la. “Estou dando um tempo para Tia Eron repensar. Que ela vote com sua consciência e não com a consciência do governo”, afirmou.

Reunião
Nesta quarta (8), o líder do PRB na Câmara, deputado Márcio Marinho (BA), rejeitou o pedido do deputado e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB-SP), para fazer uma reunião de bancada com o objetivo de discutir o voto da deputada Tia Eron (PRB-BA) no Conselho de Ética.

Marinho negou pressão da sigla sobre a parlamentar e disse que ela está livre para definir seu voto. “A decisão será de foro íntimo da deputada Tia Eron. O partido a liberou para votar como ela quiser”, afirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Ele também criticou a pressão da imprensa sobre a deputada.

“Vocês estão fazendo a interpretação errada dos fatos”, declarou Marinho disse que se o voto no colegiado fosse dele, já teria anunciado sua posição. Mais cedo, Russomanno pediu uma reunião com a cúpula do seu partido e com a bancada da Câmara para discutir o desgaste da situação envolvendo a colega.

De acordo com fontes, o objetivo era pressionar a direção da sigla para que a deputada não desse o voto favorável à Cunha. Tanto Russomanno quanto o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) temem que o desgaste do partido em salvar Cunha da cassação atrapalhe a candidatura deles. “O Celso está desesperado”, contou um parlamentar.

Russomanno também procurou o primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), para pedir seu apoio na convocação da reunião. Mansur o aconselhou a se posicionar publicamente sobre o pedido de cassação de Cunha. O primeiro-secretário respondeu ao colega que uma reunião da bancada poderia gerar mais desgastes ao pré-candidato se a maioria dos deputados do PRB fechassem questão em apoio ao peemedebista, isolando Russomanno.

“E se ele perder na reunião da bancada? Tem de se posicionar individualmente”, defendeu Mansur. O deputado admitiu que se o voto da deputada Tia Eron salvar Cunha do pedido de cassação no conselho poderá ter consequências na campanha eleitoral de Russomanno.

Assim, Mansur acredita que ao tomar uma posição pessoal sobre o caso, Russomanno se blindaria do desgaste. Mansur considerou constrangedor a bancada se posicionar sobre o voto da colega. No entanto, ele recomendou que Russomanno diga publicamente que se ele fosse o titular do conselho, que votaria pela cassação do peemedebista.

Na avaliação de parlamentares, ao se ausentar da sessão de ontem no Conselho de Ética, a deputada sinalizou a mudança de posição à favor do pedido de cassação e deu esperanças ao grupo de Cunha de que votaria favorável ao peemedebista. “Acho que os votos no conselho estão consolidados. Na minha leitura, ela votava (contra o parecer de Marcos Rogério) ontem”, disse o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), autor do voto em separado no conselho que sugeriu uma punição mais branda a Cunha.

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