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Parlamentares denunciam à CPI da Covid extorsão contra Yanomamis

Denúncia consta em relatório da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas enviado ao colegiado

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
mortes tribos indigenas maranhao covid-19 coronavirus 7
1 de 1 mortes tribos indigenas maranhao covid-19 coronavirus 7 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em relatório encaminhado à CPI da Covid, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas (FPMDDPI) denunciou que povos Yanomamis foram extorquidos a trocar remédios e vacinas contra Covid-19 por ouro.

A denúncia foi recebida pela deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) e encaminhada aos ministros da Justiça, Anderson Torres, e da Saúde, Marcelo Queiroga.

De acordo com a parlamentar, as extorsões teriam sido promovidas por “milhares de garimpeiros”. A deputada foi comunicada, também, que uma técnica de enfermagem do polo base de Homoxi estaria desviando materiais do estabelecimento de saúde, incluindo um gerador de energia e gasolina, em troca do ouro extraído ilegalmente no garimpo.

Na mesma ocasião, o gabinete foi comunicado de que a funcionária do Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y) estaria aplicando vacinas nos garimpeiros, também em troca de ouro. A informação teria sido passada para funcionários do Dsei-Y em Boa Vista (RR) para que fossem tomadas providências.

Ainda conforme o relatório, mais recentemente, em reunião oficial que contou com a presença do secretário da Sesai e coordenador do Dsei-Y, foi publicamente denunciado por uma liderança indígena situação similar que estaria ocorrendo em Uxiu.

“Uma funcionária estaria desviando medicamentos para garimpeiros e de noite atenderia os garimpeiros em seus acampamentos próximos à comunidade, em troca de pagamento em ouro”, denunciou a entidade no relatório.

Relatório da FPMDDPI by Metropoles on Scribd

Kit Covid

Nas 154 páginas do documento, os autores fazem uma série de relatos sobre a utilização do chamado Kit Covid no tratamento precoce e de pacientes do novo coronavírus.

Segundo as entidades, eram distribuídas, em aldeias indígenas, medicamentos como azitromicina e ivermectina, que não possuem comprovação de eficácia na recuperação do infectado.

Os medicamentos, conforme o texto, eram usados “para todos os casos sintomáticos” entre os integrantes das comunidades indígenas.

O relatório aponta que, até 24 de maio, 54.438 indígenas foram infectados pela Covid-19, tendo 1.072 evoluído para óbito. A estimativa é de que a doença tenha chegado a 163 povos indígenas.

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