metropoles.com

Inexperiente, filho do senador Izalci vira diretor em ministério

“Sergio Izalci”, como é conhecido, também comanda o escritório da família de contabilidade, e recebe um salário mensal de R$ 13.623,39

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução/Instagram
IZALCI-SERGIO
1 de 1 IZALCI-SERGIO - Foto: Reprodução/Instagram

Dois dias antes de ter a Secretaria de Cultura transferida para o Ministério do Turismo, o titular da pasta da Cidadania, Osmar Terra, nomeou Sérgio Fernandes Ferreira, filho do senador federal e vice-líder do governo no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF), para diretor do Departamento de Empreendedorismo Cultural, da secretaria de Economia Criativa.

Sócio com o pai em uma empresa de contabilidade, Sérgio, também conhecido como “Sérgio Izalci“, é um DAS 101.5, cuja remuneração é de R$ R$ 13.623,39. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União do último 5 de novembro. E a secretaria foi encaminhada à pasta do Turismo no dia 7 deste mês.

Desde o primeiro dia de trabalho, a agenda do novo diretor foi baseada em despachos internos e reuniões com a equipe da Secretaria. Apesar de estar na lista dos cargos comissionados mais altos do governo, o novo diretor nunca trabalhou em um cargo público antes. Tampouco tem os títulos de mestrado e doutorado, outros requisitos estipulados pelo Decreto  nº 9.727/2019 para ocupar um cargo DAS 5.

Ambos os critérios constam da medida assinada pelo governo — um ou outro tem que ser cumprido. Há ainda uma terceira possibilidade: é preciso ter experiência profissional de, no mínimo, cinco anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo.

Ao Metrópoles, Sérgio Ferreira explicou que tem experiência de ao menos cinco anos na área de atuação. Segundo o contador, ele atuou na diretoria da Associação Brasileira Pela Educação de Qualidade (Abeduq) por mais de cinco anos e agora é presidente da entidade. Ele justificou como experiência o envolvimento dele durante todo o processo do “cheque educação”, projeto idealizado pelo pai ainda na vida sindical, antes de atuar na carreira pública.

O programa aproveita as vagas ociosas nas escolas particulares e as oferece para alunos carentes com um desconto que varia de acordo com a disponibilidade da instituição.

Questionado sobre comandar um setor de empreendedorismo cultural, e não de Educação, Sérgio esclareceu que a área “tem tudo a ver” com o trabalho que tem desenvolvido.

“O empreendedorismo é independente a qualquer área, porque o foco é trabalhar com inovação. Temos aqui no ministério, previsto para o ano que vem, rodadas de negócios com a participação de outros países, que priorizará, por exemplo, a troca de experiências, mapeando o Brasil todo com a produção e a venda de artesanatos”, justificou.

O senador Izalci afirmou ao Metrópoles que está na vida pública desde 1998 e, mesmo com o filho nomeado no governo do qual é vice-líder, nunca indicou ou nomeou ninguém de sua família a cargos públicos.

“Sempre tive esse cuidado de interferência. Inclusive, eu gostaria muito que nem participassem da política. Mas o Sérgio, em especial, tem acompanhado meu trabalho há muito tempo. Ele cuida do meu escritório, é contador, ele deveria continuar lá e tal”, justificou.

Além do cargo de consultor, Sergio também participa de um programa de rádio chamado “Todos pelo emprego”, mas apenas há 10 meses. “A gente tem trabalhado muito na qualificação profissional e capacitação, com parcerias entre o Senac e o Senai”, acrescentou. O convite para a vaga, de acordo com o filho de Izalci, partiu do ministro Osmar Terra, a quem tem “muita admiração e respeito”, mas com quem, ele admite, não mantinha uma relação antiga.

“O Osmar vem fazendo um trabalho ótimo à frente no ministério e surgiu esse convite. Eu já tive diversas oportunidades de ocupar cargos públicos, mas nunca senti que era o momento. Agora, o Brasil tem passado por um momento de transformação. Eu não fui [para o ministério] por questão financeira, inclusive estou abrindo mão de absorver algumas coisas na vida privada”.

Na página oficial da Secretaria da Cultura há uma seção sobre a Secretaria da Economia Criativa, da qual Sergio Izalci é diretor. O texto sobre a atuação do setor informa que a SEC tem, entre as suas atribuições, “planejar, promover, implementar e coordenar ações para o desenvolvimento e fortalecimento da dimensão econômica da cultura brasileira, em todos os segmentos da cadeia produtiva”.

“Compete à SEC formular, implementar e articular linhas de financiamento para empreendimentos culturais; contribuir para a formulação e a implementação de ferramentas e modelos de negócio sustentáveis para empreendimentos culturais; instituir e apoiar ações de promoção dos bens e serviços culturais brasileiros no país e no exterior; e articular e conduzir o mapeamento da economia da cultura brasileira”.

O Metrópoles entrou em contato com os ministérios da Cidadania e do Turismo para esclarecer os motivos da nomeação de Sergio Izalci. A pasta de Osmar Terra não respondeu às perguntas relacionadas à nomeação antes da mudança. Limitou-se a dizer: “A transferência da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania para o Ministério do Turismo ainda está em andamento, conforme prevê o artigo 4 do Decreto nº 10.107, de 6 de novembro de 2019”.

O ministério do Turismo não respondeu.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?