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Na TV, Bolsonaro erra sobre combustíveis, reserva indígena e referendo

Presidente concedeu mais uma entrevista ao jornalista José Luiz Datena no programa Brasil Urgente

atualizado

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pronunciamento bolsonaro
1 de 1 pronunciamento bolsonaro - Foto: Reprodução

Na terça-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista ao jornalista José Luiz Datena no programa Brasil Urgente. Este é o segundo mês consecutivo que ele vai ao programa da Band (veja aqui). Nesta semana, Bolsonaro errou ao comentar o preço do combustível e o falar sobre questões indígenas e segurança pública – temas polêmicos de seu governo. A Lupa checou algumas das falas do presidente. Veja, a seguir, o resultado:

“A grande parte da responsabilidade do preço alto do combustível é o ICMS, que está, em média, 30% no Brasil”

Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, em 30 de abril de 2019

De acordo com dados da Petrobras sobre a composição do preço dos combustíveis, a média do ICMS cobrado pelos estados chegou a 29% do valor da gasolina no período entre 21 e 27 de abril de 2019. Ainda assim, a maior fatia no preço final foi a da própria Petrobras: 32% do total. A gasolina é o segundo combustível mais utilizado no país, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

No diesel, o combustível com mais uso no Brasil, o ICMS ficou em 15%, e a Petrobras obteve uma fatia de 56% do valor cobrado entre 21 e 27 de abril deste ano.

Já no caso do GLP, o imposto estadual foi responsável por 16% do preço no mesmo período, contra 37% da Petrobras e 44% de distribuição e revenda.

Procurada para comentar, a assessoria do presidente não retornou.

“Essa reserva ianomâmi é duas vezes o tamanho do estado do Rio de Janeiro”

Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, em 30 de abril de 2019

A terra indígena Ianomâmi, reserva citada por Bolsonaro, está localizada nos estados de Amazonas e Roraima e ocupa uma área de 96.649 quilômetros quadrados. Isso equivale a 2,2 vezes a área ocupada pelo estado do Rio de Janeiro, que tem 43.750 quilômetros quadrados.

Procurada para comentar, a assessoria do presidente não retornou.

“[A reserva ianomâmi] Tem aproximadamente 9 mil índios”

Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, em 30 de abril de 2019

As informações mais recentes sobre o total de indígenas que vivem na reserva Ianomâmi estão no Censo Demográfico 2010, produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na época, o grupo que se declarava ou se considerava indígena nessa área somava 25.719 pessoas, das quais 14.121 estavam no estado do Amazonas e 11.598, em Roraima. O número é 2,85 vezes maior do que aquele citado por Bolsonaro.

Procurada para comentar, a assessoria do presidente não retornou.

“[O BNDES] Emprestou dinheiro para vários países, entre eles Cuba e Venezuela, que estão inadimplentes”

Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, em 30 de abril de 2019

Desde 1998, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) financiou operações de exportação de serviços de engenharia para 15 países, incluindo Cuba e Venezuela, no valor total de US$ 10,5 bilhões. Foram US$ 696 milhões emprestados para obras na ilha caribenha e outros US$ 2,4 bilhões para o país sul-americano. Atualmente, os dois países estão inadimplentes.

Nessa modalidade de financiamento, o BNDES financia uma empresa brasileira para que ela preste serviços para governos ou empresas estrangeiras. Segundo o banco, são financiados apenas gastos realizados no Brasil, sendo vedados gastos com mão de obra ou bens adquiridos no exterior. O devedor é o governo ou empresa estrangeira que adquire esses serviços.

“Por ocasião do referendo de 2005, o povo decidiu pela compra (…) de armas e munições”

Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, em 30 de abril de 2019

No referendo sobre desarmamento de 2005, os brasileiros, de fato, foram questionados sobre o comércio de armas de fogo e munições no país. Nas urnas, os eleitores precisaram responder à seguinte pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”. Na época, 63% das pessoas responderam “não”, sendo favoráveis à manutenção da comercialização desses artigos.

“Por ocasião do referendo de 2005, o povo decidiu pela (…) posse de armas”

Jair Bolsonaro, presidente da República, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Band, em 30 de abril de 2019

O referendo de 2005 não questionou os brasileiros sobre o direito a posse de armas. A consulta versava apenas sobre o comércio de armas de fogo e munição no país. Na época, uma nota publicada no site da Câmara dos Deputados esclareceu que o porte de arma era proibido e que a posse de arma já estava regulamentada pelo Estatuto do Desarmamento.

No último dia 15 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto que facilita a posse de armas no Brasil para brasileiros que preencham certos requisitos.

Procurada para comentar, a assessoria do presidente não retornou.

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