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Milicianos do Escritório do Crime se filiaram ao PSol em 2016, diz revista

Para os investigadores, a filiação ocorreu com finalidade de infiltração para avaliar a dinâmica da sigla e monitorar agendas de Marielle

atualizado

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Marielle franco durante discurso em plenário
1 de 1 Marielle franco durante discurso em plenário - Foto: Divulgação

Dois milicianos que atuavam como braço financeiro do Escritório do Crime se filiaram ao PSol, partido de Marielle Franco, pouco mais de um ano antes do assassinato ser cometido, aponta reportagem da revista Veja. A vereadora e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em uma emboscada a tiros no Rio de Janeiro em março de 2018.

A Polícia Civil descobriu que os dois membros da milícia Rio das Pedras se filiaram à legenda logo após as eleições municipais de 2016, ano em que a vereadora do PSol foi eleita com mais de 46 mil votos.

Nesta terça-feira (8/12), o crime completa mil dias, ainda sem conclusão sobre os mandantes do crime e a motivação. A principal tese que vigora hoje dentro das investigações é de que o assassinato de Marielle e Anderson tenha sido uma vingança contra o partido, mas, principalmente, contra o atual deputado federal Marcelo Freixo (PSol), amigo pessoal e correligionário de Marielle.

Quando era deputado estadual, Freixo comandou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o que o levou a sofrer uma série de ameaças de morte.

São réus pelo crime o P0licial Militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Os dois estão presos na Penitenciária Federal de Porto Velho. Eles teriam sido o atirador e o motorista do Chevrolet Colbat prata clonado, de onde partiram os tiros que mataram Marielle e Anderson.

Filiações

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os dois milicianos — o casal Erileide Barbosa da Rocha e Laerte Silva de Lima — se filiaram ao PSol em novembro de 2016, exatos 20 dias após o segundo turno do pleito municipal. Para os investigadores, a filiação ocorreu com finalidade de infiltração para avaliar a dinâmica da sigla e monitorar agendas, congressos e eventos de Marielle.

À revista, o delegado Moysés Santana afirmou que está avaliando a quebra de sigilo telemático dos dois. As filiações vinham sendo mantidas em segredo na tentativa de não prejudicar as investigações, que correm sob sigilo de Justiça.

Réu em decorrência da Operação Intocáveis 1, Laerte Silva de Lima foi preso na ação que tornou capitão Adriano da Nóbrega foragido, em 22 de janeiro de 2019 – líder da quadrilha, o ex-PM seria morto um ano depois na Bahia em circunstâncias ainda não esclarecidas. Larte é tido como membro da cúpula do Escritório do Crime: era homem de absoluta e estrita confiança de capitão Adriano.

Já sua esposa, Erileide Barbosa da Rocha, a Lila, foi presa no desdobramento da mesma operação: a Intocáveis 2, que indiciou 45 milicianos em 30 de janeiro deste ano. Por ter uma filha de sete anos e pela sua posição na estrutura do Escritório do Crime, ela cumpre prisão domiciliar desde fevereiro e é monitorada por tornozeleira eletrônica.

Erileide fazia a gestão de cheques, notas promissórias e recibos do grupo criminoso – uma espécie de contabilidade informal do Escritório do Crime.

As defesas dos dois e a direção nacional do PSol ainda não se pronunciaram.

 

 

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