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Governo do Rio cancela videoteca em presídio de Cabral

Suspensão ocorreu após irregularidades na doação de equipamentos. Voluntários dizem que foram enganados. MP vai investigar

atualizado

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SHANA REIS/GOVERNO DO RIO DE JANEIRO
sergio cabral
1 de 1 sergio cabral - Foto: SHANA REIS/GOVERNO DO RIO DE JANEIRO

A Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro (Seap) cancelou, nesta terça-feira (31/10), a susposta doação de equipamento de TV, DVD e home theater de última geração para a instalação de uma videoteca na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica (RJ). Na unidade, estão presos o ex-governador Sérgio Cabral e outros detentos ligados a ele, como o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes. A informação é do jornal O Globo.

A decisão foi tomada após três voluntários da Comunidade Cristã Novo Dia, ligada à Igreja Batista do Méier (RJ), que assinam o termo de doação ao presídio, afirmarem que foram enganados por alguém de dentro da unidade. O Ministério Público do estado informou que investigará suspeita de crimes contra a administração pública, falsidade ideológica ou material no caso.

Segundo o jornal, a Seap anunciou que os equipamentos serão retirados da cadeia. Trata-se de uma smart TV de LED de 65 polegadas, um aparelho de Bluray 3D, um aparelho de som e 160 DVDs. A secretaria teria dito, ainda, que estão suspensas as doações feitas por entidades religiosas para unidades prisionais do Rio de Janeiro.

Voluntários
Conforme a matéria de O Globo, o termo de doação dos itens é assinado por três voluntários da igreja: os pastores Carlos Alberto de Assis Serejo e Cesar Dias de Carvalho, além da missionária Clotildes de Moraes. Cesar Carvalho afirmou ter rubricado o documento a pedido de Clotildes de Moraes, coordenadora dos voluntários da igreja. Segundo ele, ela teria lhe contado ter sido procurada pela direção do presídio para obter três assinaturas para liberar a doação, uma vez que não é possível transferências de bens por pessoas físicas.

“Nós não doamos nada. O que aconteceu é que fomos, e eu vou dizer isso sem medo de me sentir vítima, iludidos pela ideia de que estávamos fazendo apenas uma liberação burocrática para o ingresso dos equipamentos para os presos de lá”, disse Carvalho. “Se você me perguntar quem doou, eu não sei. A direção do presídio disse para a coordenadora a que eu me reporto (Clotildes) que os presos tinham ganhado uma televisão, um sistema de vídeo e televisão, e que, para entrar no sistema, tinha que constar a doação de uma entidade religiosa e se eu podia fazer isso”, ressaltou.

De acordo com a Seap, as unidades religiosas são cadastradas para trabalhos missionários dentro das unidades prisionais do Estado. E os missionários que assinaram o termo de doação não possuem contato com a direção da unidade.

Transferência cancelada
Nesta terça-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes – relator dos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro – acatou pedido da defesa do ex-governador e suspendeu sua transferência para um presídio federal em Campo Grande (MS). A ida de Sérgio Cabral para a unidade havia sido determinada pelo juiz titular da 7ª Vara Federal, no Rio de Janeiro, Marcelo Bretas.

De acordo com os advogados do ex-governador, o presídio federal de Campo Grande abriga “10 criminosos oriundos do Rio de Janeiro, dentre os quais certamente estão alguns dos meliantes para lá transferidos por iniciativa ou provocação do próprio paciente”. A defesa de Cabral sustenta que o ex-governador precisa continuar no Rio para “melhor se defender dos 15 processos que por lá tramitam em seu desfavor”.

 

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