Fachin devolve delação do operador Lúcio Funaro à PGR para ajustes
Depoimentos precisam ser homologados pelo Supremo Tribunal Federal por conter citações a políticos com foro privilegiado
atualizado
Compartilhar notícia
A delação premiada do operador financeiro Lúcio Funaro foi devolvida pelo ministro Edson Fachin à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta quarta-feira (30/8). Segundo o pedido, o retorno é para que sejam feitos “ajustes” antes da homologação no Supremo Tribunal Federal (STF).
O conteúdo dos depoimentos ainda está em sigilo, porém já se sabe que Funaro contou como funcionavam os pagamentos indevidos usando o fundo de investimentos FI-FGTS, da Caixa Econômica Federal. Funaro é apontado como operador financeiro do PMDB no esquema investigado pela Operação Lava Jato e tem informações sobre diversos políticos da sigla, alguns deles com foro privilegiado.
Em sua lista, constam o presidente da República, Michel Temer; o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco; e o ex-ministro Geddel Vieira Lima — todos do PMDB —; além do empresário Ricardo Leal.Na teia das delações
Funaro atuou com o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entre 2011 e 2015 e conhece operações financeiras apontadas como criminosas pelos procuradores da República. Ele é acusado pelo MPF de cobrar propina a empresários interessados em empréstimos do FI-FGTS e caiu na Lava Jato a partir da delação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da CEF.
Cleto contou aos investigadores que Cunha ficava com a maior parte da propina afanada do fundo (80%). Funaro recebia 12%, enquanto os 8% restantes eram divididos entre o próprio Cleto e o empresário Alexandre Margotto, apontado como ex-assessor de Funaro. Em troca de uma janela para a liberdade, o operador está prestes a admitir a parte que lhe cabe no esquema e tipificar a atuação de vários outros políticos e empresários.