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Ex-líder de Dilma, Guimarães avalia Centrão: fidelidade “não é eterna”

Deputado avisa presidente Jair Bolsonaro sobre o “caráter efêmero” do apoio dos partidos e disse ter dúvidas sobre diagnóstico de Covid-19

atualizado

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Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
José Guimarães
1 de 1 José Guimarães - Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Líder da Minoria na Câmara dos Deputados, o deputado José Guimarães (PT-CE), tem observado as movimentações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na tentativa de estabelecer uma relação com partidos do chamado Centrão com os olhos de quem esteve no centro das negociações entre Executivo e Legislativo. Ex-líder de governo da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, tempo em que o PT lutava para barrar o processo de impeachment aberto pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), Guimarães hoje constata: “São as mesmas figuras com quem a gente conversava”. E avalia: “A coisa era dramática, sobretudo quando Cunha era presidente da Câmara ou líder do MDB”, lembrou.

Para Guimarães, a oposição e outras forças políticas que atuam na Câmara não reúnem hoje votos para aprovar um processo de impeachment de Bolsonaro. Diante das semelhanças com seus tempos de líder, no entanto, ele aponta o caráter efêmero da fidelidade de Centrão, experimentado por ele na época do processo contra Dilma. “Não é eterna essa base, com a mesma facilidade que vai (para o governo), sai. Eu convivi com isso. Eu conheço bem”, disse em entrevista ao Metrópoles.

“São os mesmo partidos. São os mesmos líderes da época que participavam das reuniões. Um ou outro que mudou. São as mesmas figuras com quem nós conversávamos, dialogávamos e tentávamos construir maioria na Câmara”, avaliou o deputado.

“Temperatura”

Guimarães identifica três principais forças políticas atuantes hoje na Câmara. Uma de oposição, que reúne pouco mais de 130 deputados; outra controlada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia, com cerca de 150 integrantes; e outra que reúne os parlamentares do Centrão mais apoiadores do presidente. Esse terceiro grupo soma hoje pouco mais de 200 deputados.

“Quando houve as manifestações de rua, rapidamente eles se deslocavam do governo. Eles entravam lá (no Planalto) pelo andar reservado para falar com a presidente. Eu os encontrava no elevador e dizia: ‘E aí’?”, contou. Os deputados se limitavam a responder, segundo Guimarães: “É, esta difícil”.

“Portanto, depende muito da temperatura das ruas”, concluiu.

“Lendas”

O deputado rebateu o que chamou de lendas criadas contra o PT, dizendo que o partido tem aberto espaço para aliados, tanto no parlamento quanto nas alianças, para quebrar a ideia de que o partido busca uma “hegemonia” na esquerda. “Como? Na Câmara não tem sido assim. Pode olhar, tem partidos que têm 10 deputados que relata mais matérias que a bancada do PT, que é a maior, com 54 deputados”, questionou.

Ele citou ainda a disposição do partido em ceder a cabeça de chapa em capitais importantes, como Porto Alegre, onde apoia Manuela D’Ávila (PCdoB), e no Rio de Janeiro, onde tinha intenção de dar apoio a Marcelo Freixo (PSol), que desistiu da candidatura por questões internas. Depois disso, o partido decidiu lançar o nome da deputada Benedita da Silva para a prefeitura da capital fluminense.

Bolsonaro

Ao falar sobre o resultado positivo do exame do presidente Jair Bolsonaro para Covid-19, divulgado pelo próprio presidente na terça-feira (7/7), Guimarães disse ter visto com desconfiança o gesto de Bolsonaro. Para ele, isso não muda a forma desastrosa com que agiu diante da pandemia do coronavírus no país. “Tem uma interrogação do tamanho do mundo”, observou.

“Quando a autoridade maior do país fica zombando e não dando transparências aos seus atos na vida pública, é isso que acontece”, destacou. “As dúvidas permanecem do mesmo jeito de quando ele anunciou que era negativo.”

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