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Dos futuros ministros de Lula, seis indicaram R$ 291 milhões do orçamento secreto

Ministros indicados pelo PSD e pelo União utilizaram o orçamento secreto, dispositivo amplamente criticado por Lula na campanha

atualizado

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Breno Esaki/Especial Metrópoles
O presidente eleito Lula anuncia no CCBB os últimos dezesseis ministros para compor seu governo. Ele fala diante de um púlpito cercado de autoridades e políticos - Metrópoles
1 de 1 O presidente eleito Lula anuncia no CCBB os últimos dezesseis ministros para compor seu governo. Ele fala diante de um púlpito cercado de autoridades e políticos - Metrópoles - Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

Seis futuros ministros de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) utilizaram verba do chamado orçamento secreto.

O grupo é composto basicamente por indicados de dois partidos – União Brasil e PSD – que devem fazer parte da base aliada do novo governo no Congresso. São eles os deputados federais André de Paula (PSD-PE), Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e Juscelino Filho (União Brasil-MA), os senadores Alexandre Silveira (PSD-MG) e Carlos Fávaro (PSD-MT), e o governador do Amapá, Waldez Góes (União Brasil).

No total, esses aliados apadrinharam R$ 291,7 milhões em emendas de relator. O levantamento foi feito pelo Metrópoles por meio de duas bases de dados – uma entregue pelo Congresso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e outra publicada em sistema da Câmara dos Deputados.

Durante a campanha eleitoral, Lula usou o orçamento secreto para atacar seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista chegou a classificar o dispositivo como uma forma de “extorquir prefeitos e a população”.

Procurado pela reportagem do Metrópoles, Lula preferiu não se manifestar.

Líder do ranking, a deputada Daniela do Waguinho apadrinhou R$ 86 milhões do orçamento secreto de 2020 a 2022. A parlamentar será ministra do Turismo de Lula.

Em redes sociais, Daniela do Waguinho coleciona fotos com Bolsonaro. Apesar disso, decidiu apoiar Luiz Inácio Lula da Silva no pleito deste ano. Ela é formada em pedagogia, evangélica e casada com o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (União Brasil). Foi escolhida como ministra do Turismo na cota do União Brasil.

Em nota, a parlamentar explicou que as emendas de relator foram criadas em 2019, para o orçamento de 2020. “Desde então, fazia parte da peça orçamentária (LOA). Logo, caberia aos parlamentares as indicações aos municípios e ou a instituições. As indicações foram realizadas dentro da normalidade e com toda transparência”, alegou Daniela.

Em seguida, está o atual governador do Amapá, Waldez Góes, também da cota do União Brasil. O futuro ministro da Integração e Desenvolvimento Regional indicou R$ 58,9 milhões do orçamento secreto somente neste ano.

Isso mostra que a criação e o uso das emendas de relator ultrapassaram os interesses dos parlamentares. Procurado, Góes não respondeu.

Completam a lista Juscelino Filho (R$ 50,5 milhões), André de Paula (R$ 47,5 milhões), Carlos Fávaro (R$ 35,6 milhões) e Alexandre Silveira (R$ 13 milhões). Os valores incluem apenas as verbas cadastradas, excluindo-se aquelas solicitadas e, depois, canceladas.

Fávaro explicou que, como representantes da população e dos estados, deputados e senadores em contato direto com suas bases podem fazer a indicação das ações prioritárias a serem executadas com o orçamento da União.

“E assim acontece com a emenda de relator que encontra, no próprio sistema legislativo, seus meios de fiscalização. Afinal de contas, como parlamentar, sou o principal interessado em mostrar à população do Estado o qual represento os recursos que destinamos”, disse o pessedista.

“Trata-se de um instrumento que estava em vigor quando assumi e destinei verbas com a maior responsabilidade, dentro dos preceitos do meu mandato e sempre fazendo a prestação de contas e dando publicidade por meio das minhas redes sociais. Agora, o trabalho continuará sendo realizado no âmbito do Legislativo, como ocorria antes da emenda de relator, mas sempre com deputados e senadores trabalhando empenhados a destinar os recursos para as necessidades mais urgentes de suas bases”, acrescentou o futuro ministro da Agricultura.

Alexandre Silveira argumentou que sempre se posicionou contrário à forma como era concebida as emendas de relator.

“A partir do momento que elas existiam, no entanto, como senador da República, ele tinha o dever de lutar por verbas para seu Estado, Minas Gerais, o que ele sempre fez com transparência e atendendo ao interesse público”, acrescentou a assessoria do futuro ministro.

Procurados, Juscelino Filho e André de Paula não se manifestaram.

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