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DEM todo poderoso: três ministérios e comando da Câmara e Senado

Decadente desde o fim do governo FHC, partido atropela adversários e controla cargos estratégicos no Legislativo e no Executivo

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
David Alcolumbre eleição no senado
1 de 1 David Alcolumbre eleição no senado - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Com a eleição de David Alcolumbre (AP) para a presidência do Senado, o DEM passa a, pela primeira vez, comandar ao mesmo tempo as duas casas do Legislativo. Essa situação começou a ser desenhada na sexta-feira (1/2), quando Rodrigo Maia confirmou o terceiro mandato à frente da Câmara.

Para um partido com bancada de apenas seis representantes no Senado e 29 na Câmara, esse é um fato surpreendente. O DEM também é o partido com mais espaço no governo. Além do ministro Onyx Lorenzoni na Casa Civil, os titulares das pastas da Agricultura, Tereza Cristina, e da saúde, Luiz Henrique Mandetta, são filiados à legenda, embora não tenham chegado aos cargos por indicação da direção partidária.

A presença simultânea das duas cadeiras mais importantes do Congresso e na Casa Civil posiciona o partido em pontos estratégicos do Executivo e do Legislativo. No Planalto, Onyx terá poderes nos rumos do governo e, também, para ditar o ritmo dos projetos encaminhados para o Parlamento.

Sob qualquer ângulo, nunca o DEM teve tanto poder. No melhor momento da legenda, quando ainda se chamava PFL, o partido governou em aliança com o PSDB durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Tinha o vice-presidente, Marco Maciel, e o presidente da Câmara, Luiz Eduardo Magalhães (BA), de 1995 a 1997, ou do Senado, Antônio Carlos Magalhães (BA), de 1997 a 2001 – um de cada vez.

Na época em que dividia poder com tucanos e pemedebistas, o partido chegou a 105 deputados e 20 senadores, eleitos em 1999. Dois fatos desse período determinaram a decadência do DEM. O primeiro foi, ainda, em 1998, quando o deputado Luís Eduardo morreu aos 43 quando era preparado para, em 2002, candidatar-se e presidente da República.

Roseana Sarney
O segundo tombo foi em 2002. Filha do ex-presidente da República, José Sarney, a então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, foi escolhida para ocupar o espaço antes reservado par Luís Eduardo e se lançou candidata ao Planalto. Uma operação policial de busca e apreensão flagrou R$1,34 milhão na sede da empresa Lunus, em São Luís.

Roseana liderava as pesquisas de opinião, teve uma queda brusca e desistiu da candidatura. A aliança PFL/PSDB, então, lançou o ex-ministro da Saúde, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.

A legenda sofreu mais um revés em 2010, quando o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi cassado por envolvimento no escândalo conhecido como mensalão do DEM, desbaratado pela operação Caixa de Pandora. Acusado de receber propina de um secretário, Durval Barbosa, Arruda perdeu o cargo quando era o único chefe de executivo estadual do partido.

O partido ficou na oposição até o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Voltou a ter ministros no governo Michel Temer. Pode-se dizer que a legenda ficou 14 anos fora do poder. Agora, com Jair Bolsonaro no Planalto, o DEM ressurge com força para influenciar decisivamente nos rumos do poder.

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