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Da calmaria à tempestade: o caminho de Mandetta na pasta da Saúde

Após desavenças com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro foi exonerado nesta quinta. Coronavírus foi o foco dos embates

atualizado

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Quando os primeiros registros de casos de coronavírus começaram a aparecer, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mobilizou a equipe da pasta contra a proliferação do vírus no país. Com protagonismo garantido, ele tinha autonomia para tomar as medidas necessárias contra a pandemia. Contudo, após uma série de desavenças com o presidente da República, Jair Bolsonaro, a exoneração foi o destino de Mandetta.

Os embates tiveram início quando o titular da Saúde resolveu decretar medidas mais rígidas para combater a pandemia de coronavírus, como o distanciamento social. A partir das recomendações da pasta, Bolsonaro demonstrou insatisfação com o ministro e passou a dar a entender que ele seria demitido. Para o chefe do Executivo federal, a iniciativa atrapalha a economia do país.

As recomendações de Mandetta seguem o que dizem especialistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que consideram o isolamento social a forma mais eficaz de se evitar a propagação do vírus. Mesmo sabendo da posição do mandatário do país, o ministro não deu o braço a torcer e continuou a defender a quarentena.

Em meio às brigas e ao clima tenso no ar, Mandetta e Bolsonaro chegavam a amenizar os desentendimentos, dizendo que tensões são normais durante o enfrentamento de crises. Nos últimos dias, no entanto, a ideia de troca no comando da pasta foi ficando mais forte.

Em entrevista, o presidente disse que a “caneta funciona” para os que se opõe ao governo – frase interpretada como um recado a Mandetta. Após essa declaração, o presidente chegou a dizer que o ministro permaneceria no cargo, mas a hidroxicloroquina – medicamento em estudo para o tratamento do coronavírus – reacendeu os impasses entre os dois.

Bolsonaro passou a defender o uso do medicamento em casos confirmados de Covid-19. Ele ainda diz ter sido um dos primeiros a citar o remédio como medida eficaz contra a doença. Mandetta não pensa o mesmo. Para o ministro, como a cloroquina ainda está sob teste, não deve ser usada por ter risco de infarto.

“Já chega”
Enquanto aguardava por um dia tenso, Mandetta deu os primeiros sinais claros da exoneração. Em entrevista nessa quarta-feira (15/04), ele desabafou: Sessenta dias de batalha. Já chega, né?”.

Já nesta quinta-feira (16/04), a fala foi ainda mais forte: “Temos uma perspectiva de troca aqui no ministério. Deve ser hoje, no mais tardar amanhã, mas, enfim, espero se concretizar”.

A esta altura, após embates, brigas e desentendimentos, era de se esperar a fritura do ministro. Poucas horas depois, ele usou as redes sociais para anunciar a demissão.

“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada”, escreveu.

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